Em janeiro tivemos a edição II do Faça Você Mesma, festival que busca combater a invisibilidade feminina na produção do underground baiano. Confira o que rolou!
O “wen” é a abreviação da palavra woman (mulher em inglês) e “do” significa “caminho” em Japonês. Apresenta-se como uma defesa pessoal para mulheres ou autodefesa feminista o que o difere da simples defesa pessoal, por não estar resumido na defesa física, tendo todo um trabalho direcionado para a violência de gênero, seja ela física, psicológica, verbal, emocional, entre outros.
Foi extremamente educativa e honesta a conversa com a Nara e a Toxina sobre o projeto, além da apreciação deste super desenho. As pautas sobre o aborto são muito urgentes para a nossa realidade, já que sabemos que anualmente milhares de mulheres morrem pela dificuldade de acesso ao aborto, o bate-papo foi tão enriquecedor quanto a demonstração do desenho, nele concluímos que quando se trata do direito feminino, os impasses serão sempre os mesmos, ainda que falemos sobre países de “primeiro mundo”. , e ele serve como um grito de liberdade para decidir por conta própria sobre nossos corpos.
E durante todo o evento, rolou o Flash Day Tattoo com a tatuadora, artista plástica, de uma sensibilidade magnética, Moa.⠀
Moa nos explicou um pouco sobre o seu processo criativo ao pensar os desenhos para o flash day tattoo: “Sou moa_amor ao vento ainda em tempo. Por ser assim não sou, vou… eu fui só. torta – louca – rouca – por entre as frestas. por ser perdida, estou. em movimento. Nasci dançando e fiquei assim até meus 20 anos, então me dediquei às artes plásticas. Aos 23, a tatuagem chegou até a mim daquele jeito: ao acaso. Pude aliar minhas paixões pelo desenho e à dança ao corpo como suporte. Sou pessoa de gênero não binário, feminista interseccional; tenho prazer em receber todo mundo no meu stúdio e dedico uma boa parte do meu tempo a mulheres e pessoas trans que encontram na tatuagem um meio de transformar suas memórias e marcas no corpo. O fim da violência de gênero é nossa urgência! Em tudo o que faço, carrego as marcas desse corpo no mundo que busca transformar politicamente e com afeto nossas experiências e aprendizados. Também nasci poeta. Sempre escrevendo, vou traduzindo na poesia minhas vivências e as histórias das pessoas que me atravessam: não raro você vai se deparar com a minha escrita através do nosso encontro mediado pela tattoo”
Que sorte a nossa! Podemos nos inspirar e conhecer esta mulher e artista de sensibilidade e percepção tão apuradas! Foi um encontro mágico.
Em março teremos a terceira edição, em breve taremos novidades.
Agradecimentos:
Não poderíamos deixar de agradecer à Victoria Zacconi pela arte gráfica do Faça Você Mesma Vol 1 e à Ri Maia pela arte do Vol 2. Sem o trampo destas mulheres incríveis, o evento não teria tanta visibilidade e aceitação. Nossa eterna gratidão!
Sobre as autoras:
Ana Lima
é professora de Filosofia. Anarcofeminista e vegana abolicionista. Colaboradora do Coletivo Mosh Like a Girl e organizadora do Festival Faça Você Mesma. Entusiasta e ativista em prol da produção e criação feminina de filmes de horror e aliada também ao site Mulheres no Horror.
Débora Molina
é professora de literatura, feminista e baixista das bandas Mácula e Agnósia. Faz parte da selo/distro/coletivo Crust or Die e é uma das organizadoras do Festival Faça Você Mesma.
Abaixo galeria de registros fotográficos do festival Faça Você Mesma Volume II feito pelo olhar apurado de Adriano Pansera.