Está Consumado chega com Diomedes Chinaski num clima de intensa introspecção com auxilio luxuoso de piano e sopros, rimando sua transformação
Nem bem o ano começou e Diomedes Chinaski lançou Ouro, releitura de uma música sua, com a produção do mago Mazili. O excelente lançamento do vídeo clipe com direção de Rostand Costa, filmado com muita sensibilidade na Veneza brasileira, chegava-nos com uma letra que exaltava a busca. O beat intenso produzido pelo Mazili era a cama perfeita por onde o rapper anunciava um caminho sem retorno em busca do Ouro.
Agora a música ganha muito mais sentido, pois uma parte do passo prometido foi dado com excelência. Em ouro podíamos perceber ideias de morte e renascimento, aprendizado, colocava-se ali uma promessa de continuidade e superação. Que de certo modo vinha sendo afirmada pelos lançamentos pós o boom que se seguiu ao lançamento de Sulicídio. A promessa de coisas clássicas para 2017, e de um caminho novo para o rap e para a própria vida do compositor encontra em Está Consumado seu primeiro pilar.
Se você não entendeu nada até agora, simplesmente pare de ler e vá escutar-ver Está Consumado feat Rafa Emery e veja algo novo feito no rap brasileiro. Ouviu? Acho que você deve concordar que não estamos exagerando quando falamos em algo novo né? Engraçado como nos dois casos dos lançamentos citados aqui, as duas músicas já tinham sido lançadas, porém aparece-nos com um verdadeiro frescor de obras novas. Nada requentado.
Está Consumado, traz Diomedes Chinaski plenamente enterrado em seu território, mas olhando para horizontes os mais distantes. Ruanda, Nazismo, Índia, Racismo, Faixa de Gaza, Camboja, Astecas, são apenas alguns dos vários exemplos extraídos da história pelo rapper. Construindo uma síntese que atravessa as diversas formas de opressão e genocídio ao longo da história. Atualizando com bastante propriedade, aquilo que na cypher Expurgo o mesmo chamou a atenção- falta de base teórica – para os nossos tempos.
Rafa Emery faz o papel de produzir a base rítmica da música, o beat por assim dizer, com o seu piano. Emprestando ainda os seus talentos vocais num crescendo onde a música encontra seu momento mais intenso. Um crescendo que vai alcançar o final da faixa beirando o épico, recheado também pelos sopros de Zildemar Felix (Trompete) e Mario Meneses (Trombone). O que nos traz um efeito muito bonito e ao mesmo tempo renovador, transcendendo a estrutura comum do que ouvimos do rap brasileiro, assim como vinha sendo prometido pelo próprio mc.
Com esse último lançamento, com esta “performance viva”, cresce em nós a expectativa para o anunciando álbum Iluminuras. O fato que para nós vem se tornando inconteste é que a cultura hip hop ganhou uma grande figura e as expectativas para os novos trabalhos são as melhores.
O aprendiz tá na casa e não tem volta mais…
Ficha Técnica:
Direção Geral: João Pedro
Dir. de Fotografia e Iluminação: Crika Bivar
Câmeras: André Marins, Crika Bivar, João Pedro, Rostand Costa
Fotografia: Beatriz Lorrany
Design: Rostand Costa
Captação de Áudio: Casona Estúdio, 1201 Records
Mixagem e Masterização: 1201 Records
Asist. de Áudio: Guilherme Matos
Direção Executiva: Sérgio Sulman, João Pedro
Edição: João Pedro
Montagem e Finalização: Rostand Costa