Enio Berlota se junta à Nóia pra mostrar que esse mundo tá cada vez mais pesado e tá ficando difícil de aguentar!
No livro do Apocalipse, o apóstolo João revela que antes do fim dos tempos, quatro cavaleiros seriam responsáveis por trazer seus presságios. Peste, Guerra, Fome e Morte, respectivamente. Parece que Deus resolveu reescrever o final da história. A peste veio, mas antes dela veio a guerra midiática que gerou o clima para que uma nova conjuntura política e social fosse gestada. A fome passou a ter uma atuação imperativa e a peste, aproveitando de um espírito de porco no comando do país, teve as condições ideais para invocar a morte. Eis que o mundo se tornou pesado e fez um grande contingente humano se dobrar sob o peso extremo da existência.
“O patrão tá afim de arrancar seu culhão” Esse verso que abre a música Peso do Mundo de Enio Berlota & a Nóia está marcado na testa de cada trabalhador, de cada ser humano que necessita de um salário para sobreviver. Quando não eram os patrões, eram os senhores que tinham a tara de arrancar culhões, e os arrancavam literalmente. E vivemos sob a égide de um governo de e para patrões. Sempre famintos por colhões e toda energia que possa ser extraída do assalariado, que se tiver sorte, terá um colchão para deixar seu corpo cair em cima. Aliás, as imagens do clipe mostram a condição social de muitos, desprovidos de salários e de colchões para suportar o peso de seus corpos exaustos.
A letra aborda essa capacidade de suportar os piores flagelos e ainda permanecer existindo. São dores físicas e emocionais que fustigam corpo e alma, que colocam mais peso sobre os ombros de quem vive nessa realidade por muitos almejada direta ou indiretamente. Desejo que selou o destino de uma maioria que não votou no cara errado, mas tá se fudendo igualzinho a quem votou.
Trata-se de uma música sofrida que sai dessa Nóia, cujo som é sufocante, tanto quanto a realidade insana na qual estamos imersos. O início da música é feito através de um aviso, aquele estampido na consciência que te dá ideia sobre o que está à sua frente, mas seus olhos se recusam a enxergar. É a anunciação sobre o que virá. A câmera balança com a distorção da guitarra dando o tom dramático sobre o aviso dado e desfechado pelas vibrações dos sons e das imagens.
Eis que o peso do som recai sobre nossos ouvidos e somos lançados numa sonoridade potente entrecortada por paradas abruptas e intensas para voltar a uma dinâmica frenética sob a qual Enio mais declama e declara seus versos do que os canta. Arranjo que dá à sonoridade da música uma atmosfera densa e faz com que ganhe uma natureza sufocante.
Realidade sufocante para o trabalhador, que diante de uma realidade gestada pelo projeto negacionista, vê aumentado o número de flagelos que o assolam. Condição existencial traduzida em som e imagem no clipe resultante da parceria entre Enio Berlota e sua nova banda, a Nóia. Quando a arte se propõe a refletir sobre a realidade, caminha no sentido de agir sobre ela. Senão para lograr a promoção das mudanças necessárias, ao menos empreender a resistência contra os algozes que nos impõem a sua vontade.
Clipe oficial / Official music video
Direção / directed by Diogo de La Vega
Imagens adicionais / additional footage: Christian Dias e Mariana Brasil Hass Gonçalves (manifestações)
Fotografias Still: Luz Nuria (ensaio fotográfico “Dormindo nas Ruas”)
Enio Berlota – voz/vocals
Antonio Paoli – baixo/bass (Astro Venga)
Christian Dias – guitarra/guitar (Astro Venga)
Gabriel Loddo – bateria/drums
Gravado e mixado por Angelo Wolf e Kayan Guter no Estúdio Carolina, Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Masterizado por Tuta Macedo.
Contato: enioberlotaproducao@gmail.com
Letra por / Lyrics by Enio Berlota