A Cam arones Orquestra Guitarrística lança novo Ep Elefante e mostra que 2015 é o Ano do Camarão no Brasil.
Os chineses usam a lua como referência para construir seu calendário. Este segue um ciclo de doze anos e cada ano é representado por um animal do zodíaco chinês. 2015 na China é o Ano do Carneiro, no Brasil, 2015 é o Ano do Camarão. Esse título é mais que justo para uma banda em constante atividade, trabalhando de sol a sol para levar seu som onde nenhum camarão jamais esteve.
No primeiro semestre a Camarones Orquestra Guitarristica lançou o excelente Rytmus Alucynanti (baixe o álbum aqui) e excursionou pela Europa tocando em importantes festivais como o Liverpool Sound City na Inglaterra e o Primavera Sound em Barcelona. No segundo semestre carimbaram passaporte para o Rock In Rio onde se apresentaram no sábado dia 26. Em novembro tocam em casa, Natal, no Festival do Sol, importante festival independente que a cada ano ganha mais força no cenário musical independente brasileiro. Mas não é suficiente para uma banda que tem em seu DNA constituído pela tônica do Do It Yourself.
A banda segue produzindo, pode-se dizer que em ritmo alucinante. Recentemente, às vésperas de sua apresentação no Rock In Rio, a banda lançou o Ep Elefante. São três músicas inéditas e duas ao vivo. Uma versão ao vivo da música Rytmus Alucinanti, que dá nome ao álbum lançado no primeiro semestre, e Bode Preto gravada ao vivo com a Camarones tocando junto com a banda paranaense Waters Rats. Elefante mantêm a pegada forte de Rytmus, porém o fato de ser um Ep, ou seja, por se tratar de um material de curta duração, leva o ouvinte a uma experiência de audição rápida, mas cheia de vibração. Sendo composto de músicas rápidas e pesadas, o impacto sobre o ouvinte é o mesmo de quem foi atingido por um raio.
Ted Sabatina, primeira faixa de Elefante, tem um riff principal marcante, daqueles que ficam martelando em sua cabeça. Vamos chamá-lo de riff 1. Este usa uma distorção pesada, valorizando os graves. Em seguida surge um riff que estabelece um diálogo com o riff 1. Vamos chamá-lo de riff 2. Usando notas do meio da escala e timbre mais seco, o riff 2 fica mais ao fundo, preenchendo a música, complementando a voz do riff 1. Mais a frente as funções são trocadas, o riff 2 passa a ser a voz principal e o riff 1 a voz secundária. Essa alternância gera um efeito interessante, brincando com a estrutura da música. Intercalando esses dois momentos há uma ponte que se constrói a partir de um terceiro riff. Essa rotatividade vai dando à música uma dinâmica circular a ponto de fazer com que deixemos de saber onde a música começou e onde vai terminar.
Mob começa com altas doses de efeitos sonoros. Cadenciada e conduzida por uma sequência de notas distorcidas num bom nível de peso que é entrecortada ou interceptada por um belíssimo riff extremamente melódico! Quando este riff é introduzido gera uma nítida sensação, misto de angústia e transitoriedade. Ficamos esperando o desdobramento que conduzirá pra outro momento, mas onde poderíamos chegar fica no ar, pois a música chega ao seu final.
Segue o disco com B53 e uma batida surf music que segue recebendo o quebrar de ondas melódicas fazendo o mar ficar revolto, propício para manobras ousadas, em cima da prancha ou mesmo em terra firme. Bode Preto une a força da Camarones e dos Waters Rats cujo resultado é uma porradaria sem limites. Rytmus Alucinanti fecha o Ep mantendo a adrenalina lá no alto e jorrando efeitos sonoros para todas as direções. Elefante pode ser baixado no Portal DoSol clicando aqui.
Enquanto escrevo a resenha a Camarones Orquestra Guitarrística se apresenta no Rock In Rio. Para vocês terem uma ideia do que é a performance da banda ao vivo confira sua apresentação no Estúdio Showlivre em 2014.
Camarones Orquestra Guitarrística é:
Ana Morena – Baixo
Anderson Foca – Guitarra/ Teclado/Efeitos
Fausto Alencar – Guitarra
Yves Fernandes – Bateria