Oganpazan
Área Punk, Destaque, Discos, Lançamentos, Música, Notícias, Resenha

Elas são Bravonas!

As Bravonas são um power trio curitibano que faz uma música simples, dançante, direta e contagiante!

Capa do álbum de estreia das Bravonas.

As Bravonas fazem parte da força feminina intensamente presente na cena underground paranaense. Para quem não é do estado fica quase impossível não se surpreender com a quantidade de bandas cujas integrantes são todas mulheres, ou do grande número de bandas que possuem ao menos uma mulher em sua formação.

Certamente, isso é fruto de uma articulação das próprias mulheres do underground paranaense/curitibano. Veio à mente um bom exemplo dessa movimentação das minas por lá.

Estou falando do Rock Camp, uma colônia de férias para garotas que acontece desde 2018 em Curitiba. Em janeiro o evento se volta para o público infantil. Já nas férias de julho rola para o público juvenil e adulto.

Ao final de cada etapa de uma das edições cada grupo de campistas apresenta o resultado de sua trajetória. Ou seja, apresentarem-se com a banda formada e desenvolvida por cada grupo durante a etapa da edição vigente do Rock Camp. Assim estão garantidas as futuras gerações de bandas femininas do underground paranaense.

Inclusive, diga-se de passagem, a banda surgiu meio que por conta do Rock Camp. Particularmente, a edição de 2022. Foi aí que surgiu a amizade e ao final daquele ano Ivy, Lizi e Gabe formaram a Bravonas. E as minas fazem jus ao nome, porque elas são brabas mesmo e o som reflete bem o que está expresso no nome da banda.

Suas letras orbitam em torno de temas como romance, frustrações, roles, ou seja, q

Bravonas posando pra foto.

uestões dos cotidianos de quem vive o universo underground de sua cidade. Isso dá bastante autenticidade ao som das Bravonas, por se voltarem para seu próprio universo, refletindo através de sua música aquilo que está presente nele.

Sejam tensões, prazeres, alívios ou dores. A sonoridade segue uma dinâmica punk, direta, sem detalhes. Por isso o impacto quem as ouve é intenso, não dando muito tempo do ouvinte pensar sobre o que os acertou.

O álbum de estreia veio com menos de um ano de existência da banda. Foi lançado

em junho de 2023 e recebeu o nome da própria banda, Bravonas. O modo de tocar e arranjar suas músicas remete ao buble gum, que é um estilo mais leve, simples, divertido e de fácil assimilação pelo ouvinte. Originalmente, lá pelos anos sessenta, era uma tipo de música feita para entreter adolescentes.

Porém, bandas como, por exemplo, os Ramones, deram um outro arranjo para essas músicas. Foi essa cartilha que as Bravonas seguiram e fizeram seu som chicletão (portanto, não tem nada a ver com a banda Chiclete com Banana) como elas mesmo definiram em entrevista para a Revista Repeteco (leia aqui).

Por falar em Revista Repeteco, vale dizer, que caso queiram se aprofundar mais sobre o estilo buble gum, acessem o site da  Repeteco. O texto que abre a matéria sobre as Bravonas, explica muito bem o termo, além de contextualizá-lo adequadamente.

Arte de capa do Ep “A Casa e o Cara” das Bravonas.

As Bravonas não passaram 2024 em branco. Lançaram o Ep A Casa e o Cara em fevereiro desse ano. São duas faixas, uma sobre a casa e outra sobre o cara.

Em A Casa Pegou Fogo, temos a metáfora pra festa que tá bombando pra caralho! Essa letra me chamou bastante atenção, porque ela conta a história de alguém que entra nesse estabelecimento onde uma festa tá se desembolando e vai narrando suas experiências em seu interior.

A cada ambiente adentrado pela pessoa, uma nova situação é revelada. Até que ela vai narrando situações vividas enquanto uma banda feminina toca.

Então, enquanto as Bravonas tocam ela troca uma ideia; enquanto a Patada toca ela vai dançar; e quando as Le Trutas toca ela corre pra pogar. Daí caem no refrão que repete freneticamente “A casa pegou fogo!” até a música acabar.

Quer dizer, depois da sequência de bandas totalmente composta por mulheres, temos que frisar, não há mais nada a fazer senão curtir. Ainda rola o barulho ao fundo de pessoas conversando, copos e garrafas tintilando, um desfecho digno de um role da pesada.

Essa faixa tem um ritmo mais cadenciado, um balanço convidativo pra dançar. Som limpo sem distorção e com linhas de baixos volumosas. Perfeito pra agitar numa festa!

A segunda faixa vai na contramão da anterior em termos de sonoridade. Aqui o início já vem num estouro sonoro extremamente agitado e sujo. Também, ao título da música “Cara Chato”. Todo mundo conhece um cara chato, inconveniente, sem noção, um verdadeiro Joselito, pronto pra dispersar aquela rodinha de conversa.

Isso quando não é aquele cara que fica metendo uns chavecos nada a ver nas minas, sem perceber sua inconveniência, porque seu ego não permite enxergar sua infinita capacidade de ser uma mala! Como é que a pessoa fica numa situação dessa? Rachando de raiva, né não?

É por isso que esta música começa dessa forma “estourada”. E segue forte, intensa, porque expressa a raiva de quem encontra com essa figura indesejada. Andamento rápido, guitarra distorcida com riff cortante e vocal rasgado!

Suspeito fortemente que as Bravonas usaram um cara chato figurinha carimbada dos roles que elas frequentam pra gravar a música! Dá pra sentir a fúria no modo como a música é executada. Mas isso é só uma impressão bem pessoal.

É isso! As Bravonas são brabas pra caralho e se você gosta de punk rock e música pra agitar são essas minas que você tem que correr atrás!!

Beijo nocêis e até o próximo texto!

As Bravonas são:

Ivy Sumini (guitarra/voz)

Lisi Rauth (baixo/voz)  

Gabe Salmazo (bateria/voz)

 

Matérias Relacionadas

No Wah-Wah do groove do Sly Stone

Guilherme Espir
2 anos ago

Beatles ‘n’ Choro: E se os Beatles fossem chorões?

Guilherme Espir
1 ano ago

Josué dos Santos Quinteto: Nas trilhas de J.T. Meirelles (Resenha e Entrevista)

Guilherme Espir
5 anos ago
Sair da versão mobile