Dow Raiz e Átrio apresentam show que mistura rap e jazz com bastante propriedade.
Chega até a ser um paradoxo. Mas não é nada disso, é apenas a realidade do Jazz no momento. É o mesmo estilo, misturar com Rap é só um passo dentre outras diversas possibilidades de experimentação. É uma declaração. É cultura popular, tão orgânica e agridoce quanto um set do Rapper curitibano, Dow Raiz, tocando ao lado do Átrio, trio paulista de Jazz formado por Rob Ashtoffen (baixo), Renato Pestana (bateria) e Gabriel Gaiardo (teclados).
Apenas acontece. Envoltos por ecos de tudo que compreendem as influências de cada um, a música acontece e abre novas aspas na licença poética do Jazz. O som do Átrio complementa o flow Ragga Muffin do Dow Raiz, enquanto a linguagem e o instrumental se fundem no groove.
Orbitando desde o repertório do criador de “Antibióticos de Rua” (2016) até temas do cancioneiro de Robert Glasper, o trio equalizou uma frequência capaz de colocar fãs de Sabotage & Miles Davis sob o mesmo teto.
E foi um encontro natural, já que o próprio Dow Raiz faz um som com claras influências Jazzísticas no seu próprio trabalho autoral. Ao vivo funciona muito bem e ao lado de uma sessão rítmica precisa como a de Rob Ashtoffen e Renato Pestano, Gabriel Gaiardo tece os climas para os verbos de Dow com grande liberdade e um rara facilidade.
É uma configuração muito interessante e que chamou atenção da galera que passava nas redondezas do Baderna, casa localizada em Pinheiros e que recebeu o rolê da última quinta-feira, dia 30 de maio. Vale lembrar que o Baderna sempre leva bons grooves pra embalar as noites e além de tomar um litrão você ainda vê encontros promovidos pela vontade de fazer música, seja ela qual for, com um trio ou quarteto, um rapper ou 2.
É como o Dow Raiz diz: “Sabe de cór Racionais mas não entende o que eles fala.”
– Dow Raiz e Átrio: o agridoce encontro do Rap com o Jazz
Por Guilherme Espir do Macrocefalia Musical
Fotos Welder Rodrigues