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As Donitas estão cansadas, mas de que?

As Donitas são mais uma banda paranaense que mostra a força das mulheres no underground daquele estado. Ouçam o primeiro trampo das minas e tire suas próprias conclusões. 

Foto de capa do single Cansada … Mas Nem Tanto.

Impressionante! Quanto mais eu conheço sobre a cena underground paranaense, quanto mais eu saio “caçando” bandas independentes por lá, mais eu constato que a presença das mulheres nas formações das bandas é a regra e não a secessão. Aliás, como geralmente costuma ser.

Certamente algum forasteiro de role pela “night” curitibana, se fizer comentários que expressem surpresa pelo fato de haver tantas bandas com mulheres em suas formações por lá, receberá de volta outro comentário “recheado” de surpresa, uma vez que não há motivos para os nativos acharem incomum tal fato.

A última banda que ouvi daquelas paragens é a Donitas. Conheci por acaso, tanto que nem me lembro como foi.  Assim como as Cigarras, as Donitas são quatro mulheres fazendo rock direto e intenso. O primeiro trampo das minas saiu esse ano, trata-se do Ep Estou Cansada … Mas Nem Tanto. Saiu no início de 2024, no mês de março e você pode ouvir em todas as plataformas de streaming. 

São duas faixas, a que dá nome ao single e Dieta. Punk rock garageiro, com arranjos simples, diretos e vibrantes. O título da faixa de abertura cumpre uma dupla função. Um certo truque para capturar a atenção do ouvinte.

Donitas em ação!

Num primeiro momento parece sugerir ser uma música de lamentação estéril. Que vai parar por aí. Ou talvez essa seja a intepretação de uma visão masculina, pra não dizer machista, por se tratar de uma banda de mulheres.

Independente dessa impressão, fato é que há um outro lado. Este se mostra quando apertamos o play e percebemos que o cansaço, se refere a ter que suportar o papel que nós homens delegamos às mulheres na sociedade. Um papel de submissão e subserviência.

Quando a letra vai enumerando as situações que geram o cansaço, não se trata de um cansaço físico, tampouco mental ou emocional, trata-se de não suportar mais estar naquela condição. E essa tomada de consciência surge como o gatilho motivador para tomar a atitude de sair daquela situação.

O arranjo procura destacar a melodia vocal fazendo com que a base rítmica acompanha as mudanças efetuadas pela melodia. As paradas dos instrumentos junto com as paradas da melodia na primeira parte. O desenvolvimento uniforme na segunda.

E velho, tenho que destacar aqui o solo da guitarra entre uma parte e outra! Puta que pariu! Que sensação gostosa quando a guitarra entra solando! É um solinho simples, mas que encaixa bem, porque vai nas notas certas, e o timbre usado, “Jesus, Maria, José e o Camelo”!! Timbre sequinho com aquele efeitinho, que vou chamar aqui de espacial!!

Dieta começa com linhas de baixo vibrante e cai numa levada cadenciada. A letra mostra que a preocupação maior em fazer a dieta sugerida esta em ter que parar de beber. Pra quem curte viver uma vida boêmia fica bem difícil deixar o álcool de lado né verdade?

Diante desse trabalho solitário das Donitas, ficamos na ânsia de ouvir um álbum cheio! A banda tem pouco tempo na estrada, mas dá pra sacar que pode ir muito longe. Resta-nos esperar e acompanhar sua trajetória. 

 

As Donitas são:

Carol Küster Dutra – Guitarra

Fernanda Alvarez – Guitarra

Helena Peixoto – Baixo
Mariana Passos de Freitas – Bateria

 

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