A música asiática e artistas como a banda Toe e a trapper Ash B têm demonstrado o quão inventiva e original são as cenas daquele continente
Bom, vamos começar falando do Toe; uma banda que escuto a bem mais tempo que a trapper coreana Ash B. Me lembro que a uns 10 anos atrás (ou mais) estava na casa do meu pai assistindo o programa de música alternativa Garimpo da Rede Minas quando tocou a música “Kodoku no Hatsumei” que abre o show do RBGDVD (2005). De cara, a melancolia visceral da banda somada à exímia execução técnica da música chamou a minha atenção; ainda mais em uma época em que estava estudando bateria com ninguém menos que Lincoln Cheib na Universidade de Música Popular Bituca.
O baterista Kashikura Takashi é um show à parte e suas levadas e viradas inusitadas acabam sendo um dos carros-chefes da sonoridade da banda. Inclusive, a música brasileira não está de fora do repertório de grooves do Toe; o que é comprovado em música como “I Dance Alone”.
Depois, o processo de “cavar” mais à fundo o som da banda foi natural e ouvir discos como o maravilhoso e tocante The Book About my Idle Plot of Anxiety (2005) foi um deleite aos ouvidos e ao espírito; o qual contém alguns bons petardos presentes no DVD que citei no parágrafo anterior. Me lembro até que gerei um DVD baixando um torrent na internet e pondo ele para tocar até a exaustão.
O melhor de tudo é que o Toe continuou nos presenteando com excelentes materiais como novos discos e DVDs. Meus preferidos são o CUT_DVD (2010) e o recém-lançado DOKU EN KAI (2021); existe ainda um registro profissional no YouTube deles tocando em Buenos Aires que provavelmente supera ambos materiais audiovisuais. Se o assunto for disco, fico com os álbuns The Future is Now (2012), Our Latest Number (2018) e o Our Latest Story (2018). Para quem curte música emocionante e com pegada, o som do Toe é o ideal. Não deixem de conferir!
Agora que já fiz um apanhado geral do trabalho do Toe, bora falar da Ash B? Ash B é uma trapper sul-coreana que estourou em 2014 com seu mini álbum Who Here e seu single “By My Side”. Sua voz rouca (e por que não, sexy?!), flow contundente e variado junto a beats sujos que mesclam trap com pitadas de Dirty South e música eletrônica; fazem do trap da sul-coreana uma verdadeira bomba. É o tipo de som que poderia tocar fácil nas ruas ou numa típica festa de hip-hop.
Minhas preferidas de Ash-B são “Booty” e todas do disco Ok Bish (2020) no qual ela amassa não só no flow mas na capacidade interpretativa; lembrando até as “várias vozes” que grandes rappers como Kendrick Lamar performa em suas músicas. Ash é certamente uma artista que vou pesquisar mais com o tempo, tentar entender melhor as letras e o contexto das mesmas e do trabalho musical dela na cena sul-koreana; a qual eu comecei a “cavar” tem muito pouco tempo. Mesmo conhecendo pouco, quis trazer para vocês essas dicas a fim de curtirem rimas e beats pesados do outro lado do mundo.
Vou ficando por aqui e nos vemos em breve. Câmbio, desligo, Oganautas!
-Do indie do Toe ao trap de Ash B: um rolê pela música asiática contemporânea
Por Gustavo Marques