Dirty Quarantine, a surf music cheia de ruídos e estampidos lança Sunglasses Gang, Ep de sonoridade “suja” e psicodélica!
Ep novo e uma sonoridade mais sombria
Dirty Quarentine, esse nome não pode remeter a outra coisa senão a pandemia de Covid-19. Uma lembrança traumatizante, ainda mais para nós brasileiros, que tivemos um governo aliado do vírus. O país mergulhou num funesto caos sanitário, custando a vida de centenas de milhares de pessoas.
Bolsonaro usou seu poder como presidente da república para combater todas as medidas sanitárias recomendadas pela OMS. Entre elas a quarentena. Não faltaram declarações, as mais desconexas e delirantes, contra a quarentena.
A Dirty Quarentine surgiu desse contexto insano, Seu nome não poderia ilustrar melhor aquele momento, em que tínhamos um governo “sujando” as medidas sanitárias com recomendações contrárias às mesmas. Entre elas a quarentena.
Antes de ouvir o seu mais recente lançamento, Sunglasses Gang, ouvi o primeiro Ep que leva o nome da banda. Lançado em 2022, o trabalho de estreia da banda, apesar de muito bem feito, ter um som bem executado e contagiando, não mostra nada muito diferente do que temos encontrados nas bandas de surf music existentes por aí.
Sunglasses Gang apresenta uma sonoridade mais densa, mais suja, sombria. A faixa título, que abre o Ep, tem uma levada arrastada, lembrando os passos vacilantes de um morto vivo dos filmes do George A. Romero. Distorção grave, reverb farto, bateria conduzindo de arrasto, você já entra na audição num clima tenebroso.
Nesse álbum, a meu ver, a banda se aproxima mais de uma sonoridade psichobilly. Embora não seja uma novidade, transmite melhor o clima catastrófico pelo qual passamos nesse contexto de mudanças climáticas radicais, fazendo o país arder em chamas.
Bandas marcantes são aquelas que conseguem traduzir em sons o momento histórico no qual estão inseridas. E ao que me consta, a Dirty Quarentine faz isso muito bem!
Catucha´s Dream é mais frenética! Me faz lembra aquele momento em que você precisa de um aditivo mais forte pra suportar aquele dia difícil.
Tratando-se de um tema que expressa um sonho, acho bem apropriado essa vibe mais psicodélica, principalmente no timbre da guitarra que ameniza no peso. Essa faixa tem uma atmosfera bastante vertiginosa.
Puca Tsunami abre com um ganido canino sombrio! Somos despertados do sonho vertiginoso pra uma realidade vazia. Essa faixa me levou a uma imagem de terra arrasada, num dia cinzento, uma pessoa caminhando curvando a cabeça em diferentes direções onde vemos apenas uma paisagem desoladora. E ao final o ganido retorna, pra deixar o final ainda mais desesperançoso.
Os dez minutos de duração do álbum são vencidos com a faixa Dirty Rat. Aqui a banda opta por uma pegada mais garageira, uma sonoridade mais volumosa, com notas destacadas e vibrantes, efeito alcançado graças ao modo como o reverb é usado pra temperá-las.
Temos aí mais uma banda da cena independente curitibana pra gente acompanhar atenciosamente.
Aquela informação que não pode faltar
Vale demais dizer pra você que este Ep, Sunglasses Gang, saiu pelos selos Zoom Discos, Reverb Brasil e O Porão Discos.
Fique ligado porque rolou uma tiragem limitada e numerada não mão em vinil 7″. Então se você tá retornando ao analógico e tá comprando seus vinilzis, chega junto no site da Zoom Discos (clique aqui) e já compra logo o seu, que tá lindo demais!
Claro, lá você encontra outros lançamentos do selo que vale a pena conhecer e adquirir! Não esqueçamos, essa arte insana foi elaborada pelos dupla de artistas mineiros Estranha Dupla (perfil no instagram aqui). A produção e gravação do Ep ficou a encardo de Felipe Sad do Laje Estúdio.
Dirty Quarentine é:
Dirty Carol – drums
Matheus Moros – guitar
Dirty Alberto – bass