DDH e Beirando o Teto formam a Santíssima Trindade da Sujeira, nossa terceira sessão da esquizoanálise tal como proposta por Baco e Mobb
Nosso tratamento caminha aos poucos para o sucesso, desconstruindo preconceitos, denunciando a loucura da normalidade e o caos social que nos cerca.
Direto do Hospício vai aos poucos nos mostrando as trilhas para a saída das prisões mentais da nossa contemporaneidade. Físicos quânticos da rima, terroristas radicais do pensamento utilizando a iconoclastia em Santíssima Trindade da Sujeira, terceira pílula que nos é oferecida.
O respeito às diferenças religiosas permanece intacto, no entanto a hipocrisia moral não fica de pé diante dos manos. E para essa missão convidam e aliam-se ao mano David Nadier, Beirando Teto. Um dos melhores rappers de Salvador na atualidade que parece ter convivido ao longo dos anos no quarto ao lado de Baco e Mobb, e nesse convívio as ideias batem e a parceria se mostra frutífera no plano de procurar e destruir.
Com uma espécie de Enterprise lírica, os manos seguem através de galáxias da linguagem, visitando seus limites pousando em lugares nunca vistos e extraindo toda sua potência. Nenhum ícone fica de pé diante dos lasers rimáticos desse trio. Em nome de Nietzsche, do boom bap e de Billie Holiday, fodam-se!
O que? Tudo! Por que ninguém fica de fora, mesmo esse que vos escreve: “críticos de rap que não fazem rima, é típico de bico que quer alto estima”. Modismos (“trap não é rap, flow não é ideia”) também são detonados. Em linhas muito fortes outras formas de terapia são sugeridas: “uma gelada, jazz, o tal do tabaco maluco”.
Cântico pela morte das estrelas que ainda assim nos oferece sua luz. E dessa forma o DDH e Beirando o Teto também explodem numa aurora boreal de punch lines e ideias inovadoras. Para aqueles que vêm acompanhando desde a primeira pedrada, vai ficando aquela sensação de convalescer para enfim reconquistar sua saúde mental.
– Santíssima Trindade da Sujeira, DDH e Beirando o Teto.
Por Danilo Cruz