Daydreaming promove o encontro do Radiohead com o cineasta Paul Thomas Anderson, e o resultado é estonteante.
“(…) quem sonha durante o dia é visivelmente diferente de quem sonha durante a noite. Muitas vezes, quem devaneia segue um fogo-fátuo, desvia-se do caminho. Mas ele não dorme e não submerge na névoa”. – Ernst Bloch
Haviam rumores circulando pela internet. Davam conta de que Paul Thomas Anderson estaria trabalhando num videoclipe do novo disco do Radiohead.
Algo que já era esperado, devido à parceria do cineasta com o guitarrista Jonny Greenwood que fez a trilha sonora dos seus 3 últimos filmes: Sangue Negro (2008), The Master (2012) e Inherent Vice (2014).
Sai o primeiro clipe depois de 6 anos de espera e (apesar da lindeza que é, veja aqui) não era ainda o dito cujo. Seria bom demais para ser verdade? Não tivemos nem tempo para cultivar essa dúvida.
Dias depois do lançamento de Burn the Witch, como quem não quer nada, a banda solta Daydreaming e boom! Lá está. Paul Thomas Anderson assinando magistralmente (claro!) um videoclipe do altamente antecipado nono disco do Radiohead. Valeu a espera.
Anderson capta algo que eu considero de suma importância dentro da obra do Radiohead, uma certa arquitetura onírica que origina detalhadas paisagens sonoras. Em Daydreaming o diretor exercita uma das suas principais marcas: a construção espacial elegante e elaborada, através da manipulação habilidosa do uso da luz e das lentes, além do enorme domínio dos princípios de composição e enquadramento.
Acompanhamos Thom Yorke entrando e saindo dos mais diversos ambientes, como se estivesse procurando por alguma coisa ou por alguém. Esse complexo labirinto é inventivamente construído pela câmera de Thomas Anderson, que dá uma verdadeira aula de como realizar uma ambientação espacial em termos imagéticos.
O diálogo com a música também é algo que parece ter sido cuidadosamente pensado, como nos momentos em que somos levados a ambientes abertos, depois de um longo período frequentando lugares fechados, e nos raros momentos em que Thom Yorke aparece cantando a música.
A sequência final de Daydreaming, aliás, contém uma forte beleza simbólica. Paul Thomas Anderson gira o eixo da imagem e nos aproxima de modo desconfortável do rosto do personagem deixando as chamas de uma fogueira deformarem a imagem enquanto ele parece tentar dormir.
“Efil ym fo flaH”
Para o filósofo alemão Enrst Bloch aquele que sonha acordado carrega a chama utópica do que ainda está por vir e essa capacidade aparentemente banal deve ser reconhecida pelo seu potencial transformador.
Mas o que acontece quando se vai longe demais nesse sonho? “Beyond the point / Of no return”?
Veja. Quer dizer, ouça. Melhor, sinta:
Daydreaming: Available here http://x-l.co/RHday
and here http://hyperurl.co/2lyc7n
Taken from the new album released digitally on 8th May 2016 at 7pm BST.
Director: Paul Thomas Anderson
Producers: Sara Murphy, Albert Chi, Erica Frauman
Editor: Andy Jurgensen
Production Companies: Ghoulardi Film Company, m ss ng p eces
Assistant Directors: Adam Somner, Trevor Tavares
Gaffer: Michael Bauman
Key Grip: Jim Kwiatkowski
Steadicam Operator: Ari Robbins
Production Designer: Carmen Ruiz de Huidobro
Camera: Josh Friz, Aaron Tichenor, Ryan Creasy, Drey Singer, Eric Anderson
UPM: Deanna Barillari
Telecine Colorist: Gregg Garvin
CREW:
Anthony Bradshaw, Ben Brady, Bart Dion, Eric Fahy, Clark Gapen, Sean Gossen, Chad Hladki, Se Hoh, Grace Illingworth, Jessica Jazayeri, Jacob Kubabojsza, Micah Minor, Mike Misslin, Adam Morgan, Rene Parras, Jr., Peter Rybchenkov, Charlotte Townsend, Kasia Trojak, Cymbre Walk, David Yoon
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