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A inteligência guitarristica de David T. Walker

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Conheça o trabalho do guitarrista David T. Walker, célebre músicos de estúdio que colaborou em gravações históricas da música americana.

O Soul, seu comparsa R&B, o vizinho Fuk e seu primo Jazz… O que todos esses estilos possuem em comum? Todos foram muito bem tratados pela guitarra do preciso David T. Walker, um dos mais versáteis mestres do instrumento elétrico. Figura cultuada principalmente no Japão, o norte americano gravou discos fundamentais da música negra norte americana.

Músico de estúdio requisitadíssimo, Walker gravou mais de uma dúzia de discos solo, além de contribuir com sua guitarra em projetos de nomes como Stevie Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross, The Jackson 5, Quincy Jones, Ray Charles, James Brown, Aretha Franklin, Herbie Hancock… David tocou só com a nata e, dentro do meio, sua guitarra virou uma lenda.

O natural de Tulsa, hoje com 81 anos, voltou aos holofotes no começo dos anos 2000, graças a algumas tours no Japão. A terra do sol nascente marcou seu renascimento na indústria e o guitarrista, tomado por uma nova dose de ânimo, relançou alguns clássicos da década de 70 e teve sua música reconhecida por novas gerações de fãs.

Em anos recentes, sua guitarra pode ser ouvido em colaborações com o Vulfpeck, por exemplo, grupo de Funk norte americano que ganhou bastante fama nos últimos anos, devido a propostas que bebem e muito da água do próprio David. Entre 2014 e 2022, David gravou 6 faixas com o grupo.

David T. Walker e o Hip-Hop

Para se ter uma ideia do tamanho da importância de David Tyrone Walker para a guitarra elétrica, o Jazz, Funk e o Soul – além de ter tocados com diversos grandes artistas – David pode ser ouvido em selos dos mais variados. Do Blue-Note até o Flying Dutchmann Records.

E a influência do guitarrista não para por aí, ela pode ser ouvida também no Hip-Hop. Em 2020, o rapper Freddie Gibbs lançou um petardo ao lado do The Alchemist. O disco “Alfredo“, conta com uma participação do Tyler, The Creator, na faixa “Something To Rap About” e o sample dessa música é de David T. Walker.

A música que serviu de base é “On Love”, faixa título do disco de mesmo nome que saiu em 1976.

Line Up:
David T. Walker (guitarra)
John Lehman (vocal)
Joe Sample (teclados)
Jim Gisltrap (vocal)
Wilton Felder (baixo)
Stephanie Spruell (vocal)
Billy Preston (teclados)
Annesther Davis (vocal)
Curtis Amy (saxofone)
Jerry Peters (teclado)
Paul Humphrey (bateria)
Clarence McDonald (teclado)
Bobbye Porter (percussão)
Paul Shure (cordas)
Merry Clayton (vocal)
Jack Shulman (cordas)
Patrice Holloway (vocal)

Track List:
”Never Can Say Goodbye”
”Loving You Is Sweeter Than Ever”
”On Broadway”
”I’ve Never Had The Pleasure”
”I Believe In Music”
”I Want To Talk To You”
”Hot Fun In The Summertime”
”Only Love Can Break Your Heart”
”What’s Goin’ On”
”The Real T.”

E um de seus grandes LP’s, que graças à providência divina, recebeu as bodas do futuro com todas a sorte de congratulações, foi este autointitulado. O quarto trabalho solo do guitarrista, lançado em 1971.

Aqui, sua exímia e sofisticada cozinha de Jazz-Funk estava inspiradíssima, junto de grandes músicos no acompanhamento (como Billy Preston), e ainda munida de um repertório que mostra a sensibilidade de suas composições.

O timbre da guitarra de David T. Walker… Esse é o grande lance desse disco. Aqui o feeling manhoso do mestre vai entrar na sua mente e, durante pouco mais de 35 minutos, você vai compreender por que tantos gênios o chamavam para somar no groove.

Repare que logo na abertura o cidadão já deixa você de joelhos. ”Never Can Say Goodbye” ganha o ouvinte em menos de 10 segundos. As harmonias junto com o baixo do Wilton Felder vão levando você no banho maria e chegam na surdina.

Repare nos detalhes, na diversidade de climas e na acidez classuda que David consegue elencar sem ao menos fazer esforço. Temas como ”I’ve Never Had The Pleasure” impressionam pela sensibilidade. David toca com som muito limpo, salvo um marcante Wah-Wah, digno de um adesivo do Parental Advisory.

É tudo na mão, sem muitos efeitos, o cidadão tira som e mostra um feeling categórico. As cordas desconcertam o ouvinte e nos fazem pensar como esse recurso é raro hoje em dia. A beleza que esse toque agrega aos arranjos de David é um traço marcante em toda sua carreira. Os backing vocals atrás junto com as cordas emolduram um passagem angelical.

Entre originais e versões, David caminha com grande habilidade no discurso. Faixas como “Loving You Is Sweet Than Ever” mostram suas raízes no Gospel. “On Broadway” vem com uma percussão de bolero embalado na harmonia das cordas e dos vocais que é até difícil de explicar. Como se não bastasse ele ainda joga um Wah-Wah no meio. Trata-se não só de um grande solista, mas de um grande compositor também. O disco é recheado de harmonias muito bem desenhadas e os músicos tocam exatamente o que a música pede.

Groove instrumental com órgão uivante em “I’ve Never Had The Pleasure”, devocional em “I Believe In Music” e sempre com um tato especial para produzir baladas, como “I Want To Talk To You” e ”Hot Fun In The Summertime”.

O tilintar guitarristico de ”Only Love Can Break Your Heart”  faz o ouvinte pensar como esses discos não fizeram mais sucesso. A versão de “What’s Going On”, do Marvin Gaye, é no mínimo uma das melhores já feitas. O som das cordas com a guitarra diz muito sobre a identidade sonora do guitarrista.

Na despedida, com “The Real T”, a certeza de que ouvimos um músico com algo especial a dizer. Bastam pouco segundos de música para cravar que essa é a distinta guitarra de David T. Walker.

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