Dave Mustaine: Mustaine – Memórias Do Heavy Metal

Eu não acredito muito nessa pataquada de: ”Fulano nasceu pra isso”. Acredito que todos nós temos capacidades que podem influenciar nosso futuro, mas não creio que se você não fizer logo a primeira opção, não lhe restará mais nada… Depende muito da pessoa também, muitas delas tem mais de uma opção por medo ou falta de convicção, outras são mais camicases, seguem aquilo como se não houvesse mais nada, só que com uma diferença: vontade, motivação.
Vontade de fazer dar certo, desespero de sua opção vir a ser sua única válvula de escape, ignorando tudo e todos em prol deste tão sonhado (e para você único) bem maior…. Tudo bem, vamos cancelar o primeiro parágrafo, o senhor Dave Mustaine me provou, se você nasceu pra fazer alguma coisa, não tem jeito, você vai desempenhar a tarefa. Nem mesmo um pai bêbado, parentes fanaticamente religiosas e toda a sorte de problemas envolvendo o Metallica, impediram o guitarrista de prosperar, o caos foi seu combústivel, junto da cocaína e da heroína.

Nascido na Califórnia no dia 13 de Setembro de 1961, o pequeno Musta não teve vida fácil, mas se virou, deu seu jeito até quando parecia mera e pura idiotice. Fora o costumeiro sofrimento escolar que praticamente todo Rockstar que se prese teve que passar, o cidadão ainda tinha uma família bem complicada de se conviver. Sua mãe Emily e seu pai John viviam em conflito, logo, não era novidade para ele e suas irmãs quando sua mãe fazia as malas e saia no meio da noite com eles até a casa de alguma tia. 
E isso não era tudo, o pior era ter que assitir a toda essa desordem sendo testemunha de Jeová, sim meus amigos, Dave Mustaine foi um daqueles cidadões de terninho que tocam a campinha da sua casa no domingo (cedo pra caralho) até você atender a porta… E com isso em mente, não é nem um pouco surpreendente traçar seus primeiros passos instintivamente, o livro só vai confirmando.
Primeiro ele descobriu a maconha, começou a vendê-la, alugou seu primeiro apartamento com os lucros deste negócio e entre pausas para receber o forncedor tocava guitarra o máximo possível, já com tudo plenamente planejado em sua cabeça: O estrelato do Rock ‘N’ Roll, que começou com o Panic, sua primeira banda, algo que durou pouco, mais especificamente dois shows, já que dois membros morreram em um acidente de carro.

Mas nem deu tempo pra perder o foco, a próximo empreitada seria vista pelo jornal, num anúncio do ”The Recycler” feito por Lars Ullrich (seu futuro companheiro de banda). Primeiro Lars recebeu Dave em sua casa (sem o restante da banda). Eles conversaram sobre música, fumaram maconha e mesmo chapado o temperamental guitarrista não se mostrou muito impressionado, foi embora sem esperar muito, mas pouco tempo depois já seria contactado novamente para fazer um teste (com a banda toda presente desta vez), o que nem foi necessário, só no aquecimento o cabeludo já ganhou a galera.
É interessante perceber durante esta parte específica de suas memórias que o senhor Mustaine sempre foi muito crítico com tudo, tanto que quando foi aceito no Metallica se achava o melhor músico (o que de fato parecia ser mesmo) e via um potencial em seu grupo, não achava que a coisa ia decolar na hora, mas com o tempo e com o aperfeiçoamento de cada um dos membros a coisa decolou e muito, para todos, menos para Dave, claro.
A Metal Blade Records apareceu e viu que o Metallica podia se tornar uma mina de ouro. Depois que a jam bombou no Underground gravar um debut era o que faltava para fazer os caras terem a atenção que tanto precisavam e, com metade de ”Kill ‘Em All” composto por Mustaine, o Metallica gravou o disco e mandou o cidadão embora. Os caras empacotaram seus poucos pertences, acordaram-no e disseram que ninguém mais aguentava suas ressacas, uso de drogas e temperamento… Pelo o que ele narra não parece que o restante da banda levava uma vida muito diferente, mas aparentemente a banda era de Lars e James, ambos arquitetaram a contratação de Kirk Hammett advindo do Exodus enquanto o maior músico da primeira encarnação do Metallica se encontrava absolutamente atordoado e sem ideias para o futuro.

E dai pra frente é que o Trash começa a chocar o embrião. Frustrado, se mantendo constantemente bêbado e ainda não completamente viciado, o guitarrista volta para a casa de sua mãe, arruma um emprego como atendente de Telemarketing e quando arruma dinheiro para alugar um apartamento largou tudo e criou o Fallen Angels, banda que contou com McKinney nas guitarras e Kilsselstein para o baixo. Mas a coisa não durou, o perigo morava um andar abaixo, literalmente.

E numa manha da mais pura e bela ressaca, Dave foi acordado pelo baixo de Greg Handvidt e Dave Ellefson, seu futuro parceiro de smack. Daí pra frente o Megadeth estava formado, uma das bandas mais junkies da história do Rock, combo que teve um dos menores registros de overdose que já tivemos notícia (e não foi por falta de tentativa), criou algo que nem a vibe da cocaína explica.

Intensidade parece que não consegue definir essa mistura, mas no fim das contas a banda chegou onde chegou por uma razão, as mãos de ferro de seu criador, sua técnica absurda em seu intrumento e sua perseverança, mesmo quando muitos pensavam que ele nunca mais estaria apto à tocar guitarra novamente… O Dave Mustaine pode não ter destruído o Metallica, mas tenho certeza que os ”donos” dessa empresa ainda se mijam quando escutam o nome do seu ex funcionário. Grande história, belo relato e muita música de qualidade.

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