O underground sempre será território de resistência porque sua construção se faz coletivamente. O Crust or Die Fest se apresenta como parte da reconstrução de um coletivo fundamental para esta cena!
Vivemos em uma sociedade de consumo, para se ter acesso a qualquer coisa é imperativo possuir recursos econômicos compatíveis ao seu objeto de desejo, seja este um tênis ou peça de vestuário, sejam momentos de diversão ou prazer. Esse é o modelo oficial que tentam nos empurrar guela abaixo desde o primeiro choro ao sermos colocados no mundo. São muitos os que em determinado momento da vida sentem os sintomas nauseantes de se viver preso a esta matrix. Em determinado momento algum Morpheu aparecerá com as pilulas para que uma escolha seja feita e se opte pela manutenção da conexão ou por despertar para outra realidade.
Essa outra realidade se constrói coletivamente por todxs aquelxs que em algum momento encontraram com seu Morpheu, o qual lhes apresentaram um ambiente de articulação política por meio da arte e do conhecimento onde é possível se divertir ao som de músicas feitas por aquelas mesmas pessoas. O underground são as pessoas descontentes com o pacote existencial que lhes fora oferecido como projeto de vida; é aquele espaço em constante movimento, existente onde há pessoas que desejam alternativas para suas vivências, onde muita gente descobriu suas potencialidades e percebeu ser possível direcionar minimamente a construção de si mesmo.
Isso só é possível graças à empatia existente entre as pessoas descontentes, que buscam construir o campo de possibilidades para suas vivências. Nesse sentido, onde houver uma cena underground, em qualquer parte do planeta, essas pessoas serão bem recebidas e se sentirão em casa. O undergounde é fortalecimento mútuo, pessoas se ajudando, buscando contribuir da forma como puderem para que as dificuldades pessoais sejam superadas e reflitam positivamente no espaço coletivo.
Existem agentes que assumem o papel difusor do underground promovendo eventos, criando selos para gravar as bandas participantes da cena, fazendo shows e festivais musicais, buscando a interação entre nativos e pessoas de outras regiões, sempre no intuito de fortalecer o undergound. O coletivo Crust Or Die assume todas essas funções e se apresenta como um dos principais polos fomentadores do undergound baiano e nordestino.
Há pouco mais de uma semana chuvas fortes caíram sobre Salvador e região metropolitana causando estragos terríveis, afetando severamente a vida de milhares de pessoas. A sede do Crust Or Die foi destruída, os ventos arrancaram o telhado levando à perda completa de todo acervo do selo Crust Or Die Distro & Label. Além disso, Débora Molina e Caleb Macedo, fundadores e mantenedores do Crust Or Die tiveram perdas de bens pessoais gerando problemas de naturezas diversas. A sede da Crust Or Die era também a casa de Caleb e Débora.
O coletivo e o selo são resultado de uma vida dedicada ao undergound, sempre na busca da união de fato da cena. Mais uma vez se evoca o espírito de companheirismo para reerguer um dos pilares da nossa cena. Assim, no dia 15 de fevereiro será realizado o CRUST OR DIE FESTIVAL a fim de arrecadar recursos para a reconstrução do Crust Or Die. O evento acontecerá no Casarão Estúdio (clique no nome do estúdio para ser direcionado ao mapa) na Bonocô. A entrada terá o valor de R$ 10,00, sendo possível contribuir com outros valores.
Caso não seja possível comparecer ao evento contribuições podem ser feitas através das contas abaixo:
Caixa Econômica Federal
Débora Molina/ Agência 4695/ OP 013/ C.P. 9993-0/ CPF: 35073073835
Banco do Brasil
Caleb do Valle Macedo/ Agência 3457-6// C.C. 66969-5/ CPF: 82585245500
As Atrações
Esse final de tarde será brutalmente explosivo com três bandas insanas. Entre elas está um dos principais nomes do metal extremo nacional, a Aphorism. A banda soteropolitana vem de lançamentos regulares de excelentes registros autorais, o último deles o excelente split divido com a banda pernambucana Rabujos. Os caras já deram roles por estados do Suldeste e Centro Oeste, além de vários estados do Nordeste, fazendo shows ao lado de importantes bandas das respectivas cenas locais.
Outra banda furiosa é a Infected Cells, power trio veloz e insano originário de Simões Filho. Os caras fundem diversos elementos do escopo do metal, enfatizando de forma contundente as várias vertentes do metal extremo. Em 2018, após alguns anos de atividade no estúdio, lançaram o EP Voices From The Hell. Esse trampo da Infected Cells pode ser ouvido nas plataformas digitais.
Também de Simões Filho vem a Rancor, banda anarcopunk que faz um crustcore selvagem e direto. A banda faz parte da coletânea Pelejas, desejos e vivências – Anarcopunk no Nordeste (2014).