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Críticas aos Portais de Rap, MC’s ignorantes ou ressentidos?

Críticas aos Portais de Rap, MC’s ignorantes ou ressentidos? É preciso lapidar melhor a forma de criticar os portais de rap!

Seria uma ilusão alimentar a crença de que há alguma classe ou grupo social, nicho cultural ou acadêmico detentor de uma natureza crítica e informativa plena. Quer dizer, livre do erro, ignorância, preconceito, alienação por completo. Não há essa plenitude entre os acadêmicos, cientistas, intelectuais, jornalistas, como não há na classe artística, mesmo na cultura hip hop, da qual o rap seja o elemento de maior destaque. 

Desse modo, nunca nos iludimos alimentando o senso comum de que o rap seria berço de artistas e público informados e críticos, o bastião da sabedoria e local onde uma espécie de paraíso do conhecimento e da criticidade se faz presente. Não é verdade, nunca foi, nunca será. Esse berço não existe em nenhuma esfera do estrato social, tal qual apontamos no parágrafo anterior.  O hip hop é uma cultura linda, mas feita por humanos, e alguns dentre eles demasiadamente humanos. Ao ponto de hoje serem propagadores de ignorância, crueldade e desrespeito. Depois que inventou-se a desculpa ninguém morre mais, pra citar o Dexter. 

Domingueira em meio a pandemia e o bombardeio aos portais de rap segue a todo vapor. Os fiscais de veículos de mídia cultural e redes sociais projetam seus olhos por todos os cantos a espreita de conteúdos que sirvam de pretexto para seus ataques. A Thelminha venceu, mas o Big Brother não terminou, ao menos pra quem tá fora da Casa, mas dentro das redes.

Sabemos quem são e trocamos informações sobre MC’s estupradores, abusadores, que não pagam pensão, homofóbicos e divulgadores de nudes de outros. Estes definitivamente não terão vez conosco. Em termos de mídia, por nós estão relegados ao limbo. Ainda nos divertimos com o Bob zuando nossa “perda de tempo”, entre muitas aspas, ao responder ataques de MC’s . Contudo, cá entre nós,  gostamos de escrever a respeito, sobretudo por saber que será uma forma de combater a idiotia e a estupidez. 

Nas últimas semanas houve por parte de diversos atores do 5º elemento da cultura hip-hop: o conhecimento, representados aqui pelos pensadores e jornalistas, um esforço em produzir material, mobilizar os poucos braços de trabalho desta esfera da cena, com o intuito de esclarecer como funciona o nosso trabalho, enfim, como podemos melhorar nossa relação com os artistas. 

No entanto, ao invés de refrear a fúria por atenção de mídia e views, do público a qualquer custo, gerou “críticas” infundadas direcionadas aos portais do rap. Críticas infundadas talvez não seja a melhor expressão, ataques é o termo mais apropriado neste caso. Alguns MC´s fizeram ataques, com a intenção de humilhar e diminuir a imagem da mídia independente voltada para a cobertura da cena hip hop brasileira. Atingimos um novo patamar de ataques direcionados a quem colabora com a cultura hip hop e ajuda a promover os mais diversos artistas, pertencentes às mais diversas esferas da cena.

Diante de situações assim, precisamos rir  pra aliviar a tensão. Contudo, não podemos nos furtar de sermos enérgicos nos procedimentos e nas ideias, não basta apenas rebater os comentários e aceitar desculpas. Desvalorização é algo muito sério e precisa ser combatido com rigor e de modo ostensivo. 

Um ambiente saudável e democrático é feito de críticas, elas são necessárias e salutares para o desenvolvimento consciente de uma comunidade. Uma democracia se faz com diálogo e obviamente com críticas severas a tudo que acreditamos ser pernicioso. Obviamente não são os portais de rap que estão imunes às críticas. Quando um portal musical assume uma linha editorial de posicionamento claro, que se propõem a produzir matérias de teor crítico e que expressem pontos de vista autênticos, preocupados em levantar questões, aceita correr o risco de colher reações negativas.

Isso porque esse tipo de linha editorial toca em pontos sensíveis, que muitas vezes geram incômodos diversos, porque exigem que artistas, jornalistas, produtores culturais, etc, saiam de sua zona de conforto. Decorre daí reações extremas, pautadas pelo ódio e ressentimento. As redes sociais tornam-se uma zona de guerra, sem o mínimo espaço pra diplomacia ou ética democrática. Críticas, que poderiam ser feitas e manter vivo o espaço democrático, são deixadas de lados para que a violência simbólica de postagens ofensivas sejam apresentadas como armas de ataques quase camikazes. Por sermos a face exposta cotidianamente, se posicionando e produzindo, é normal que as críticas cheguem. Entretanto, a questão é a forma como ela se dá.

Antes éramos acusados de não dar espaço aos MC´s e de somente privilegiar os famosos, o que já era uma mentira deslavada e fruto da ignorância sobre quais mídias existem para além da fofoca. Mas subimos um patamar e agora somos o cocô do cavalo do bandido, piores do que o pior dos MC’s, mesmo aqueles que se mostram homofóbicos e machistas. O fato é: quem em geral vai no Twitter – palco principal pra maluco dançar -, na real, desconhece as mídias de rap, não sabe se comunicar e não envia material de qualidade para os portais. 

Quando envia seu material certinho, quando faz o contato de modo correto e não tem o seu trabalho publicado nos sites, assumem a persona de patrões e querem nos obrigar a publicar. Esquecem, na real, não fazem ideia do que fazemos e acreditam que temos redações onde trabalhamos o dia todo, fazendo plantão em casa, fazendo a cobertura ininterrupta da cena do rap nacional. As coisas não são assim. Gostaríamos que fossem, mas não são. Escrevi sobre isso recentemente. Da mesma forma, escrevi sobre o jabá e sobre o jabá no react, práticas execráveis no jornalismo e que são naturalizadas por quem pode pagar e por quem recebe.

A entidade nomeada como “portais de rap” não existe. O que existe são sites com diferentes propostas e curadorias distintas. Mas como um bolsonarista do rap disse outro dia, a mídia tem que pagar para usar a imagem dele, porque lucramos quando publicamos algo sobre o mesmo. Olha ao nível de insanidade em que chegamos. Poderia ser engraçada essa manifestação de desinformação, expressa pelo mais firme rancor não tivesse um lado triste: a constatação do nível de ignorância dessas publicações, ataques verborrágicos que deveriam ter endereço certo, e tem endereço, que deveriam ser entregues ao remetente, abrindo mão das generalizações covardes seguidas de desculpas. A vantagem de ser um site pequeno e não ter rabo preso com ninguém é que por aqui, jack, vacilão, homofóbico e atacadores de mídia (nomezinho vergonhoso) não são publicados mais. 

Essa é uma linha editorial do Oganpazan, não confundam com ameaça. Como vocês não acessam mesmo, não compartilham nosso trabalho e dos nossos colegas, como não leem o que é publicado, como não estão interessados em conhecimento e informação, não farão falta. Não fazemos falta. O que não é visto não é lembrado. E assim seguimos sendo colocados dentro do balaio “mídias do rap”, mas sabendo muito bem o que fazemos, como fazemos e como não temos descanso na busca de produzir conteúdo de qualidade.

Adoramos críticas bem fundamentadas, inclusive é isso que tentamos fazer aqui, mas para que isso ocorra é preciso conhecer aquilo a que se faz referência. Se você é um MC bunda mole e tem medo de apontar quais as mídias que você quer criticar, e especificar o porque dessa crítica, evite essa entidade “mídias do rap”. Se você é ressentido por não ter saído em alguma mídia, trabalhe essa questão melhor com um psicólogo e tente achar uma forma de nos ajudar a pagar os colunistas que não recebem um real pra escrever. 

Melhor ainda, procure aperfeiçoar seu trampo, crie um material informativo com o mínimo de qualidade sobre você e os trabalhos que você quer divulgar. Aprenda a criar um release biográfico, um release do trabalho a ser divulgado, faça umas fotos de divulgação do seu trabalho e de você enquanto artista. Monte seu arquivo de divulgação para ser enviado pros portais de música. Tenho certeza que será um exercício que vai melhorar seu trampo e a forma de apresentá-lo. Não alimente a “síndrome do gênio incompreendido”, por que mesmo os gênios precisam saber se apresentar para serem identificados.  Caso insistam na prática de ataques, ao menos se esforcem mais, procurem elaborar argumentos que apoiem suas acusações, ah, e as desculpas deixem pra quem ainda não as recebeu. 

-Críticas aos Portais de Rap, MC’s ignorantes ou ressentidos?

Por Danilo Cruz & Carlim 

Escute um clássico e aprenda!

 

 

 

 

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