“Foi um trabalho de 3 anos no qual a gente primeiro queria encontrar a satisfação entre nós pra daí podermos fazer um disco legal, pra gente ouvir também e acho que isso aí transparece pro público, fica claro, direto, como é o Pavilhão 9 (…)” esse é um dos trechos da entrevista concedida por Rhossi ao Oganpazan, onde falou sobre o novo álbum, a nova fase do Pavilhão 9 e as motivações para o retorno da banda.
Quando soubemos do retorno do Pavilhão 9, nós do Oganpazan, assim como todo fan de rap e da própria banda, comemoramos a notícia, pois fomos adolescentes e nos tornamos adultos nos anos 90, década em que a banda dominava, junto com outros grupos, a cena rock/hip hop brasileira. Somos, portanto, de uma geração influenciada pelo som do Pavilhão 9, a empolgação febril acabou sendo um efeito natural. O anúncio da volta levou à construção de uma matéria que refez os passos da banda ao longo de sua carreira (aqui) a fim de situar a geração dos anos 2000 sobre o peso e importância do Pavilhão 9. Assim que o videoclipe (lyric video) de ‘Tudo Por Dinheiro’ saiu, nós o assistimos imediatamente, piramos e corremos para frente do notebook para escrever sobre o single/videoclipe (confira aqui).
Aí veio a oportunidade de entrevistar o Rhossi sobre o retorno do Pavilhão 9 e o novo álbum recém lançado Antes Durante Depois. Tivemos outro choque, a ficha demorou a cair e quando caímos na real, estávamos com Rhossi ao telefone. Aqui vocês conferem a transcrição integral dessa conversa com um dos grandes nomes do rap/ rock brasileiro.
Carlim (Oganpazan): Estamos empolgados pela oportunidade de conversar com você sobre o retorno do Pavilhão 9, um dos grupos que crescemos ouvindo ao longo dos anos 90, juntamente com Racionais, Câmbio Negro dentre outras. Quero expressar nossa empolgação por vocês terem retornado e lançado um novo álbum. Mas vocês já tinham esboçado um retorno em 2012 quando fizeram um show no Lolla Palooza né?
Rhossi: Exatamente. A banda estava parada naquele momento e o álbum mais recente havia saído em 2006 (Público Alvo), logo depois, em 2007 ou 2008 a banda deu uma parada e nós viemos a nos reunir em 2012 por conta desse convite do Lolla Palloza para participarmos do festival.
Carlim (Oganpazan): Lembro que na época ficou todo mundo empolgado com a possibilidade de retorno do Pavilhão 9, inclusive por, quem sabe, vir com o lançamento de um novo álbum. Tendo isso em conta, gostaria de começar a falar sobre o Antes Durante Depois perguntando o que motivou vocês a voltarem e lançar um novo álbum em 2017 e não naquela ocasião?
Rhossi: Como disse a banda estava parada quando o Lolla Palooza fez o convite e não tínhamos plano algum de voltar. Não havia nenhum planejamento quanto a isso. Até prometemos lançar um single na época e acabamos não lançando. E aí passaram-se onze anos sem que lançássemos um álbum inédito. Naquela época a gente não tinha um plano, mas eu e o Doze depois dessa apresentação no Lolla passamos a pensar em reestruturar a banda. Então procuramos saber quem gostaria de ficar, continuar com a banda. Os outros integrantes, os anteriores, não estavam a fim de continuar com a banda por estarem envolvidos em projetos individuais e tal.
Daí eu e o Doze conversarmos e decidimos que não poderíamos deixar essa história passar. Antes de tudo, nós tínhamos a necessidade de continuar fazendo música, em segundo lugar o interesse dos fãs que pediam a volta da banda, até porque, havia sido prometido em 2012 o lançamento do single. Isso levou os fãs a irem até nossa fanpage no facebook a cobrar e muito (risos). Aí uniu a nossa vontade juntamente com a dos fãs e podemos acrescentar um terceiro lugar que diz respeito ao momento pelo qual nosso país está passando né. A partir disso sentimos a necessidade de reestruturar o novo Pavilhão, que tem uma nova formação que quero destacar: Tá du caralho! e os caras somaram forte, no instrumental, nas ideias e a gente conseguiu concluir o álbum e partir pra divulgação do Antes Durante Depois.
Carlim (Oganpazan): Você falou sobre a situação que o país passa, não posso deixar de falar que já no momento em que ouvi o single me veio à cabeça haver ligação entre a letra e a atual situação política do país. Essa sensação se reforçou quando ouvi o Antes Durante Depois, porque as letras, ao meu ver, remetem a isso. Vocês parecem discutir o cenário político atual e o que vem acontecendo nesse horizonte nos últimos 2, 3 anos. Isso também me levou a conjecturar que o processo de composição do álbum se deu nesse período. Levantadas essas impressões gostaria de saber se realmente a situação política na qual o Brasil se encontra, o fato de estramos vivendo sob o jugo de um governo ilegítimo instaurado graças a um golpe foi está entre as motivações para vocês comporem o álbum com as características que ele apresenta.
Rhossi: Com certeza cara, sem sombra de dúvidas … de fato tem a ver com o que está acontecendo em nosso país, mas há também, por outro lado, a nossa compreensão de que a maioria dos grupos que estão por aí não tratam desse tema, fica parecendo que estamos vivendo um conto de fadas, que tá tudo muito bom, que tá tudo muito bem, quando na verdade não está. A gente até comenta “Antes durante depois, o que mudou, tudo ou nada?/ Vou caminhando sem deixar uma pegada”, isso que está no Antes Durante Depois e que sempre esteve presente em nossas letras. Nós escrevemos sobre esse tema antes, durante os anos 90 e agora neste atual momento.
A gente não poderia deixar de falar sobre esse assunto que é tão recorrente, em que o país está passando por um problema sério, magistral e nós sentimos que outros grupos não estão falando muito sobre esse tema, daí nossa necessidade de abordá-lo porque pensamos: “Peraí meu irmão, como assim? Grupo de rap só cantando amor, só cantando festa”, não que eu tenha problema com esse tipo de temática, tudo bem, não tem problema nenhum. Só que o Pavilhão 9 sempre foi de botar o dedo na ferida e apontar o que incomoda muita gente. Então a gente sentiu essa necessidade de abordar esses temas como em ‘Tudo Por Dinheiro’: “Dinheiro faz dinheiro mas não compra a paz/ Se é falso ou verdadeiro eu tô querendo mais” e assim sucessivamente.
Eu penso que temos várias letras que tem a ver com esse momento de vergonha do país, que não vai pra frente, investidores não querem investir no país, a classe artística não se manifesta muito e então a gente sentiu que esse tema poderia ser um contraponto. Como eu disse, o Pavilhão sempre fez isso, sempre quis colocar as pessoas pra pensar e de uma forma legal também, positiva … a gente pensou nisso tudo, em fazer um som pra cima, de uma forma positiva, mas também fazer as pessoas pensarem, fazer um contraponto com o que não tá tendo, entendeu?
Carlim (Oganpazan): Quando nós por aqui conversamos sobre o álbum para preparar a entrevista, discutimos essa característica de contestação e contextualização do Antes Durante Depois. Característica, aliás, sempre presente no som do Pavilhão 9. Temos aqui uma obra que ganha destaque por ser uma das poucas que expressam o momento histórico, no sentido da historicidade, que vivemos no país agora. Principalmente pro público de rap …
Rhossi: Principalmente pros jovens né? Principalmente pros jovens, porque nós somos de uma geração dos anos noventa, quem cresceu nesse período conhece mais a gente … hoje eu acho que o público mais jovem já tá entendendo … conhecendo um pouco mais o que é o Pavilhão. Porém, o público jovem precisa ter acesso a esse tipo de mensagem, o jovem também quer pensar, por isso sentimos também a necessidade de enviar essa mensagem para os jovens, fazer o jovem pensar, dar um alerta pra sociedade, ascender aquela faísca que a gente tava sentindo que não tava tendo.
Então nós pensamos que precisávamos falar sobre isso, que é algo de que a gente sempre falou, inclusive em todos os outros os álbuns e no Antes Durante Depois não poderia ser diferente. A gente pesquisou, estudamos o que falaríamos para não sair falando de gaiato e o resultado foi que conseguimos fazer aí uma obra de dez faixas. Esse foi um dos discos que mais gostei de produzir, principalmente por fazer parte dessa nova geração representada pelos novos integrantes que trouxeram uma energia muito boa pro trabalho. Era a sustentação que a gente precisava pros nossos versos … o Heitor foi um cara que representou bastante, que troca ideia, que é musical, que é um cara que gosta desse tipo de mistura de rock com rap.
Carlim (Oganpazan): Tem essa questão que você colocou acerca de estabelecer um canal de comunicação com a nova geração, essa de 2000 pra cá, que a meu ver o Antes Durante Depois faz. Contato com um tipo de som que não é feito pela nova geração de rappers, permitindo que vocês tracem um novo percurso com o novo álbum, que pode inclusive influenciar novas bandas de rap.
Rhossi: Pô, a gente recebeu muitas mensagens de todo Brasil, porque a divulgação do lançamento do disco foi feita nacionalmente … internacional também né, agradecendo nossa volta, dizendo que ficaram muito felizes com o som e que era isso mesmo que esperavam da gente … realmente é algo que não tem preço. Várias outras bandas resolveram ativar suas bandas novamente … dizendo que foram influenciadas pelo Pavilhão 9, o que deixa a gente muito contente.
Foi um trabalho de 3 anos no qual a gente primeiro queria encontrar a satisfação entre nós pra daí poder fazer um disco legal, pra gente ouvir também e acho que isso aí transparece pro público, fica claro, direto, como é o Pavilhão 9, sempre claro e direto na mensagem, mas a gente por outro lado não quer ditar regras pras pessoas do tipo faça isso ou faça aquilo, nosso interesse é fazer a nossa música e por outro lado fazer esse alerta social que é importante. Fazer as pessoas pensarem e não apenas sobre o que está acontecendo no Brasil, mas no mundo também.
No Antes Durante Depois, por exemplo, tem uma música que é a ‘Isto Não Para’, do rapper espanhol Kase-O (versão original Esto No Para), que trata mais do problema mundial. Porque agora deixou de ter aquela coisa de estar isolado, porque através da internet agora tá todo mundo conectado, a coisa globalizou. Então o que acontece, a gente não fala só do problema que afeta o Brasil, a gente fala também com o outro. A música ‘Isto Não Para’ fala do problema das guerras no Oriente Médio, na Síria, por exemplo, fala da guerra santa, da situação dos refugiados, dos líderes mundiais que estão governando seus países de forma errônea … nos preocupamos em abordar também esses problemas que são problemas que afetam todo o mundo. E são muito presentes né, e ninguém estava abordando estes assuntos.
Carlim (Oganpazan): Sim e que se conecta com o que está acontecendo aqui. Sem falar que esse tipo de abordagem ajuda também a expandir a compreensão de que aquilo que acontece por aqui também acontece em outros lugares e estão interligados de certa forma.
Rhossi: A gente vê aí a proximidade que temos com outros países por conta da internet, assim o que acontece lá muitas vezes reflete no que acontece aqui também. O Pavilhão 9 sempre estreitou esses laços, a gente não fala só do bairro, nós somos uma banda que hoje tem alcance mundial … a gente já tinha feito isso com o pessoal do Molotov no disco anterior (Público Alvo (2006)), quando gravamos uma música dos caras (Gimme Tha Power na versão original, Guimme The Power na versão do Pavilhão 9), gravamos Get Up, Stand Up do Bob Marley (a versão saiu no álbum Reação de 2000) num esforço de estreitar os laços com a America Latina, com um idioma muito próximo de nós que é o espanhol, então no Antes Durante Depois fizemos uma versão do espanhol de ‘Isto não Para’ (Esto No Para) mostrando que todos somos irmãos, estamos próximos e atentos para o que tá rolando lá fora, que acaba sendo um espelho aqui pra gente né.
Carlim (Oganpazan): Queria voltar um pouco para falarmos do single ‘Tudo Por Dinheiro”. Ele foi lançado também no formato videoclipe com cenas muito bem dirigidas que captam toda energia emanada do instrumental cuja pegada é bem forte e intensa. Cena e base instrumental se coadunam bem pra criar um contexto onde o significado da letra ganha o devido aporte, pois trata-se de uma letra que trata de um tema pesado que é a relação existente entre dinheiro e poder, que leva as pessoas a fazerem coisas na busca por dinheiro e poder. Nesse sentido gostaria de perguntar se você considera que reside ali a essência deste álbum.
Rhossi: Totalmente, não a toa escolhemos a música como single, como carro chefe. Aí na era da internet, tem muito tempo que não lançamos um álbum, a gente teve que se readaptar à realidade da internet. Hoje automaticamente a pessoa vê o clipe, e aí como tá rolando agora essa história da lyric vídeo, a gente logo pensou nessa letra pra sair no lyric vídeo pra sacarem qual é a da letra. Porque a gente sabe que o dinheiro é a mola propulsora do mundo, mas não se pode passar por cima das pessoas por causa de dinheiro.
O dinheiro deixa as pessoas cegas, isso é o que a gente tem a dizer. Tem gente sendo corrompida e corrompendo por causa de dinheiro. É um tema que poucas pessoas falavam e que está presente a todo momento. Aí a gente falou “Pô, porque a gente não fala do dinheiro, tá todo mundo falando de grana, de dinheiro, roubo, dinheiro na cueca, dinheiro embaixo do tapete, na maleta …” caramba mano, vamos falar da grana e voltando “Dinheiro traz dinheiro mas não compra a paz”, que é isso o que tínhamos a dizer nesta música.
E a gente pensou no lyric vídeo não porque tá todo mundo fazendo agora, mas justamente pra gente poder frisar essa letra. Porque uma coisa é você lançar uma música sem muita letra e lançar uma lyric vídeo, outra coisa é usar esse recurso pra dar ênfase à letra. Ressaltando que a produção é do Alex Miranda, um cara que já trabalhou com a gente, este é o terceiro videoclipe que ele faz com a gente, já conhece a banda. Ele trabalhou com a gente em 96 no “Apague o Baseado”, quando ninguém ainda fazia esse tipo de videoclipe, a gente fez e concorreu ao MTV (Rhossi se refere à indicação deste clipe pra categoria ‘Melhor Vídeo Clipe de Rap no VMB – MTVde 1996). Depois disso em 1997, a gente ganhou na categoria ‘Melhor Vídeo Clipe de Rap’ do VMB daquele ano, também com Alex Miranda. Portanto, nesse disco a gente realmente resolveu se cercar de pessoas que já conheciam a história da banda, que gostavam da gente e o Alex Miranda foi fundamental pra gente retomar as atividades.
Carlim (Oganpazan): Funcionou bem porque as pessoas que eu conheço, entre elas eu mesmo, que curtem a banda, ficaram logo ansiosas pra ouvir o álbum todo assim que terminaram de assistir ao videoclipe. Ficou todo mundo especulando como seria o álbum, se seria na mesma pegada do vídeo clipe, de ‘Tudo Por Dinheiro’ e tal, mostrando que o lançamento do videoclipe e do single funcionou bem pra promover o álbum e dar uma ideia do que viria com o Antes Durante Depois.
Rhossi: Pode crê.
Carlim (Oganpazan): Assim, você comentou sobre o título, Antes Durante Depois, eu mesmo havia elaborado uma pergunta a partir de uma leitura que fiz desse nome associando ele ao movimento temporal que representa a trajetória da banda. O que ela era antes, o que ela vinha sendo e o que ela é agora com seu retorno. Se voltarmos aos dois primeiros álbuns, o Primeiro Ato (1992) e o Procurados Vivos Ou Mortos (1996) …
Rhossi: Isso, a sequencia é Primeiro Ato (1992), Procurados Vivos Ou Mortos (1996), o Cadeia Nacional (1997), tá fazendo 20 anos, foi o disco com o qual a gente fez mais sucesso, quando fizemos a fusão entre rap e rock, depois dele, em 98, veio o ‘Se Deus Vier Que Venha Armado’, aquele da capa vermelha com Jesus Cristo, depois na virada do milênio veio o Reação (2000) gravado pela Warner e produzido pelo Tom Capone, fomos pro Rock In Rio e daí veio o ápice da carreira do Pavilhão, 2000/2001, em 2006 veio o ‘Público Alvo’ aí ficamos esse período de onze anos sem lançar nenhum projeto, mas sempre acompanhando as mudanças de mercado, as novas tendências, o que tava rolando de som. Nesse período também tava levando minha carreira solo, lancei um álbum (A Hora É Agora 2013), dois Ep´s (aqui o teaser do Ep Primeira Prova), três singles (1° single Todo Calor (2010), 2° single Coração Bate (2010), 3o single Everithing (2011) ainda há os singles Tempo Bom (2013) e Dono do Mundo (2016)) , tava aí trabalhando, não deixei de fazer rap, mas sempre de olho no Pavilhão e atento à tudo que tava acontecendo no mercado.
Carlim (Oganpazan): Eu queria retomar a pergunta anterior quando citei os dois primeiros álbuns, o ‘Primeiro Ato’ e o ‘Procurados Vivos Ou Mortos’, porque eu queria destacar o fato destes álbuns se caracterizarem por serem centrados no formato mais tradicional do rap, com as músicas mais focadas no beat eletrônico e no próximo álbum, o ‘Cadeia Nacional’ vem a fusão entre rap e rock, em particular elementos do hardcore e do metal que passa a caracterizar mais fortemente o som da banda e …. A primeira fase nas faixas ‘Pesadelo Gangsta’, ‘Isso não Para’ que você já havia citado anteriormente, e ‘Na Malandragem’ e a fase crossover (mesclando rock e rap) nos demais álbuns. A meu ver, o Antes Durante Depois condensa ambas as sonoridade, sendo uma síntese do que é a carreira de vocês.
Rhossi: Pode crê. A gente quis pegar o que tem de melhor do Pavilhão 9 e misturar como o que tá acontecendo hoje. E acho que conseguimos equilibrar e chegar num denominador comum. Já no primeiro álbum, se você procurar, mesmo sendo beat eletrônico, a gente já sampleava muito rock. Na música ‘Otários Fardados’ tem sampler do Pink Floyd, sampleamos Polícia dos Titãs: “Polícia vão se fuder, para quem precisa de polícia”. Então no ‘Primeiro Ato’ a gente sampleou Pink Floyd, Black Sabbath, já sampleavamos coisas de rock, era beat eletrônico, mas que também já havia ali elementos do rock.
Depois que a gente adoto o formato banda foi que trouxemos um pouco do hardcore e uma passada de leve pelo metal por causa do Igor e do Max Cavalera na música ‘Mandando Bronca’ (faixa 02 do álbum ‘Cadeia Nacional (1997)’. Daí nesse disco novo, o Antes Durante Depois ... porque assim cara, tudo que vai volta, tipo um efeito boomerang, é cíclico … e foi isso, a gente sentiu a necessidade de transformar esse álbum num álbum cíclico, mas com algo novo, uma atmosfera nova. ‘Pesadelo Gangsta’ remeteu quando a gente começou com o lance gangsta no rap no Brasil, por isso que a gente botou esse nome, já a música ‘Na Malandragem’ remete a ‘Apaga o Baseado’ faixa do segundo álbum, fazendo uma mistura de jazz … a gente ouviu muito Miles Davis pra poder fazer essa música, a gente realmente deu uma passeada em toda discografia da banda, pegando o que a gente tinha de melhor, botando no liquidificador, com tudo que tá acontecendo hoje de novo e disso aí surgiu o Antes Durante Depois.
Carlim (Oganpazan): Esse me parece ser o grande trunfo do álbum, conseguir fazer o que você destacou sem ser repetitivo, adotando um formato que já tinha sido feito.
Rhossi: Trouxemos o que é a essência e colocamos junto com esse som que é mais atual, trazendo a energia da nova geração. Tem também a capa do disco que tem essa cor quente, vermelha, que remete à revolução, cores como o vermelho e o amarelo que são cores revolucionárias. Chamamos o artista Dexter (Leandro Dexter foi responsável por fazer a arte da capa de Antes Durante Depois), que é um cara novo, dessa nova geração … então a gente explorou tudo isso … tem uma participação do Reginaldo 16 Toneladas na música ‘Na Malandragem’…
Carlim (Oganpazan): Bom, vocês pensam em dar prosseguimento a essa nova fase do Pavilhão 9, pensam em dar um tempo de novo, seguir até se cansarem de novo e …
Rhossi: A gente já descansou demais né (risos). Descansamos onze anos velho, tivemos esse tempo aí, que foi muito bom pra nós, tempo de amadurecimento … a gente amadureceu na forma de escrever, na forma de compor também e é isso, foi um tempo legal que a gente pôde revisitar, rever algumas coisas e agora é tempo de ir pra estrada meu irmão, levar esse disco pra turnê, pretendemos continuar com essa formação, que tá muito legal. Tem o Heitor Gomes que tocou no Charlie Brown, no CPM 22, chegou pra somar muito forte no disco, trouxe muitas ideias aí como a ‘Tudo Por Dinheiro’, a música ‘Antes Durante Depois’ que ele assina no álbum. E como compositor, como músico ele é um cara muito bom, sempre com muitas ideias boas e tal.
A gente tá se dando muito bem com essa nova formação, trazendo uma nova energia para o Pavilhão e tudo que a gente quer é seguir pra estrada pra divulgação do álbum e não parar de tocar tão cedo. Até porque a galera tá com o gás bom (risos). Eu também tô com o gás bom, embora todo mundo fale “Porra mano, eu escuto você desde a minha época de infância e tal”, daí eu falo “Ah, é, bom, novo a gente não é mas velho também não”. Porque eu comecei com o ‘Primeiro Ato’ eu tinha 19 anos de idade, foi algo muito precoce. Tanto que aconteceu comigo, né, minha carreira, hoje eu tô com 44 anos, então eu posso dizer que hoje eu tô na pista aí com bastante gás, com bastante lenha pra queimar.
Carlim (Oganpazan): A prova taí, o disco taí pra provar que o gás não acabou.
Rhossi: Ah, o gás não pode acabar não né irmão. Só vai acabar quando a gente morrer. (risos)
Carlim (Oganpazan): Essa pergunta sobre o prosseguimento da banda fiz justamente pra saber se vocês já tem datas pra turnê … se vocês vão vir aqui em Salvador. (risos)
Rhossi: Bom, a gente agora tá divulgando o álbum, acabou de sair, fazem duas semanas e tá abrindo agora a agenda de shows. A gente tem agora no dia 19 de outubro show no Bar Opinião em Porto Alegre … que é uma cidade que escolhemos porque sempre tivemos um retorno muito grande do público de lá, sem falar que é um lugar que a gente não toca faz muito tempo. E aí tem prospecto para o Rio de Janeiro, Bahia, Recife, Minas Gerais e principalmente São Paulo, onde estamos pleiteando fazer um outro lançamento em novembro.
Carlim (Oganpazan): Então vamos marcar aqui na agenda que vocês começam a fazer os shows do Antes Agora Depois em outubro …
Rhossi: Outubro começa e vamos rodar o interior de São Paulo também, como Campinas, Indaiatuba … quero falar que a gente tá muito contente aí com esse retorno, o interesse não só da empresa mas dos contratantes de shows … temos aí um show novo que a gente já preparou, que estamos ensaiando e agora é cair na estrada e mostrar esse trabalho Brasil afora.
Carlim (Oganpazan): Confesso que já estou ansioso pra ir no show sentir essa energia do álbum ao vivo aqui em Salvador.
Rhossi: Pode crer Carlim. Quero destacar um cara que também tá fazendo uma diferença no disco que é o dj MF. O cara fez bastante colagem no disco, scratchs e merece esse destaque porque o cara é muito bom. Ele ainda não conhece a Bahia, o cara é black, negro e tá louco pra ir pra Bahia e aí já disse pra ele “Mano pode deixar que o público baiano lá, gosta pra caramba do Pavilhão” … a gente fez show aí na Concha Acústica do TCA e foi muito legal e a gente deseja voltar em breve aí.
Carlim (Oganpazan): Rhossi, quero em nome do Oganpazan agradecer você, à todos do Pavilhão 9, à Luciana Gonçalves, assessora de imprensa da banda, que fez a intermediação para que essa entrevista acontecesse e a todos os envolvidos aí na realização desse álbum e no retorno da banda às atividades. Dizer que todos aqui em Salvador que conheço e curtem rap estão felizes com o retorno de vocês, com o lançamento do álbum novo e tamo aqui ansiosos pra ver Salvador receber o show da turnê do Antes Durante Depois.
Rhossi: Pode crer cara, estamos muito contentem mesmo com esse retorno, o público foi unanime, não esperávamos que fosse rolar tanta positividade assim com o trabalho, vivemos esse tempo da internet onde tudo acontece muito rápido e esse disco é um disco dinâmico, um disco rápido, sem muita frescura, com mensagens diretas e vamos levar muita positividade para o público que é o que a gente quer com os shows. E a galera nos shows pode esperar músicas dos outros discos que a gente vai colocar nos shows também.
Carlim (Oganpazan): Quero agradecer mais uma vez aí Rhossi …
Rhossi: Obrigado você campeão, obrigado vocês aí, pela gentileza, pelo espaço no Oganpazan, que é um nome que eu gosto muito, morô? E tamo junto aí pro que der e vier, quando quiser é só acionar a gente que tamos aí. Parabéns pelo trabalho de vocês que é fundamental, fundamental para o jovem e para o público em geral.
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