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Coisa Preta – WWL Rap Abre os Trabalhos Com Seu EP!

Coisa Preta, quem disse que isso é uma expressão ruim? WWL Rap estreia com seu EP, Tinha Que Ser Preto cheios de força, resistência e ironia

 

 

Os manos do WWL Rap, lançaram um pequeno petardo contra o racismo. seu EP de estreia certamente precisa ser escutado com atenção. Pois nos remete a um leitura intrincada dos diversos mecanismos através dos quais o racismo se efetua. Formado em 2013 e tendo em Wallace Cardozo, Wesley Correia e Lucas Santiago seus três pilares poéticos. Os manos tem em sua caminhada buscado a evolução constante para assegurar seu espaço dentro da cena. Com muita dignidade e qualidade eles chegam pesado nesse disquinho de estreia.  

Tinha Que Ser Preto, o EP, abre os trabalhos com uma intro que nos remete a uma reflexão sobre nossa verdadeira ancestralidade. Os manos trançam um paralelo entre o que de fato eramos e o que pela imposição do colonizador branco e racista fomos condicionados a ser. WWL começa a sua sessão mandando uma ideia muito forte sobre essa questão – Tinha Que Ser Preto. Na sequência – “Em Perigo” – é uma das faixas que melhor sintetiza a proposta do disco, com sua levada rápida e envolvente, rimas certeiras, sem deixar o flow cair, os manos mandam a real. Denunciam a já sistemática e cultural violência contra o povo negro, que de maneira minimizadora e irônica é chamada pela mídia racista de “casos isolados”.Sempre metendo o dedo na ferida e nos mostrando de maneira crua e real que os casos não são tão isolados assim.

Na introspectiva “Porque Você Vive?” – com ótimas colagens dos poetas Cazuza, Gonzaguinha e Chorão (Charlie Brown Jr.) os manos através de metáforas inteligentes abordam questões que permeiam a mente humana. Nossos medos, nossas necessidades e anseios, num turbilhão de idéias, que talvez em uma primeira audição, se feita de maneira desatenta o cara se passe entre uma ou outra ideia dos manos!

Se não conseguiu captar a mensagem de primeira, volte uma casa e aperte o play novamente nessa que é uma das melhores track’s do disco. Quebrando um pouco a tensão da faixa anterior, “Deixa Rolar”, que com uma pegada mais suave e envolvente dar ao disco um clima um pouco mais relax. Muito boa pra escutar ao lado de quem se gosta. Na faixa “A Sigla”, o grupo se apresenta ao público-ouvinte fazendo um pequeno resumo biográfico de sua trajetória, falando sobre as dificuldades e das suas diversas influências muscais para construção de suas rimas.
 
Já na poderosa “Fogo Cruzado”, com um beat pesado de guitarras distorcidas, o WWL trás nesse petardo sonoro novamente a sua denúncia as arbitrariedades, e a já costumeira ação policial em nossas periferias de Salvador e região. A música tem uma levada rápida, porém, a mensagem não passa batida, muito pelo contrário, a mensagem fica martelando na cabeça de quem escuta.
Fechando o EP dos manos temos a faixa “Na Trilha”, que dialoga diretamente com a faixa anterior e que de maneira geral sintetiza bem a proposta do disco dessa promissora rapaziada! Se você mora em alguma quebrada de Salvador ou região, não se surpreenda se por acaso se ver escutando o som desses manos por aí.
Isso é WWL, rapaz. Guardem bem esse nome!
Por Paulo Brasil
Todas as faixas contam com gravação, mixagem e masterização de Christian Dactes, no estúdio NaCalada (exceto A Sigla, por Heetz).
Instrumentais por Heetz e Mago Beats.

 

 

 

 

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