Em junho deste ano a Church Of Misery lançou Born Under A Mad Sign, seu mais recente álbum, uma nova remessa de almas sedentas de sangue.
A figura do serial killer sempre despertou o fascínio das pessoas. Nos EUA existe toda uma subcultura ligado à figura desses predadores sociais. A cultura pop está cheia de obras e produtos ligados aos assassinos em série, que vão desde os quadrinhos, como por exemplo, Meu Amigo Dahmer até livros, filmes, séries e documentários. Lembremos do caso de Dhamer: Um Caninbal Americano , série lançada em 2022 pela Netflix e que foi um sucesso assombroso.
Na música também há esse interesse e nenhuma banda leva isso às últimas consequência como os insanos japoneses da Church of Misery. Desde 1995 os caras trazem set lists em seus álbuns seguindo os rastros de terror deixados por estes seres horrendos. Todas as músicas, dos sete álbuns da banda lançados até aqui, tratam sobre a história de um serial killer diferente. Cada uma das músicas aborda a história de um serial Killer específico.
E Born Under A Mad Sign traz uma nova remessa dessas almas escabrosas. Sete faixas contando a história de seis homens diferentes que compartilham o desejo pelo sangue humano. Talvez você estranhe o fato da conta não bater. Isso porque uma das faixas, a sete, intitulada Spoiler, é um cover da banda setentista Haystacks Balboa.
Quando essas histórias são contadas sob a égide sonora do doom metal temperado com doses generosas de psicodelia temos a atmosfera perfeita para expressar todo horror presente na trilha de mortes provocadas por essas criaturas macabras.
Em termos de sonoridade os caras seguem sujos, pesados e pegajosos seguindo a risca os ensinamentos sabbathianos aprimorados ao longo das quase 3 décadas de existência da banda. Tatsu Mikami, baixista e líder da Church Of Misey garante a permanência constante dessa assinatura sonora.
Enquanto o capitalismo existir, seguiremos obrigados a conviver com todo horror, penúria e dor possíveis. Entre elas as produzidas individualmente pelas personalidades doentias, sádicas e cruéis dos assassinos em série. Matéria prima não faltará pra bandas como a Church Of Misery expor a faceta assassina da humanidade.
A faixa de abertura de Born Under A Mad Sign é Beltway Sniper. Nela conhecemos a história do franco atirador de Washington John Allen Mohammad. Usando um rifle de precisão, posicionou-se estrategicamente para abater suas vítimas em Washington D.C em 2002.
Seguimos com Most Eveil, sobre Fritz “The Butcher of Hanover” Haarmann, responsável pelo massacre de pelo menos 24 jovens na Alemanha do início do século 20. Os cenários macabros descritos pelos vocais ganham ainda mais conotações de terror através dos riffs distorcidos da guitarra e as linhas de baixo volumosas e escorregadias.
O rastro de sangue continua com Freeway Madness Boogie, um stoner rock macabro que aborda os assassinatos cometidos por Randy Kraft, conhecido pela alcunha de Scared Killer. Murder Castle Blues começa com uma linha de baixo arrepiante. Seu andamento lento gera uma atmosfera lúgubre. O tom dramático entra com os riffs pesados e arrastados da guitarra.
Clima perfeito para invocar o espectro maligno de H. H. Holmes, o assassino trambiqueiro considerado o primeiro serial killer da história dos Estados Unidos (aqui). Come And Get Me Sucker aborda a história de David Koresh, conhecido como O Maluco de Waco.
O circo de horrores apresentados pela Church Of Misery em Born Under A Mad Sign encerra sua apresentação com Buthcer Baker. A letra trata das façanhas macabras de Robert Hansen. Este ser de alma sedenta por sangue sequestrou, estuprou e assassinou cerca de 17 mulheres entre 1971 e 1983 no Alaska. Muito apropriado o riff denso e lamacento dessa faixa. Mesmo sem conhecer a letra, ela já causa calafrios.
Em termos de sonoridade macabra e letras cheias de terror, a Church of Misey está muito bem consolidada. Afinal, desde o lançamento do seu EP Taste The Pain, lançado em 1998, os caras vem lançando excelentes álbuns, que se não trazem inovações do ponto de vista da sonoridade, mantém o alto nível da sonoridade característica da banda.
Sem dúvidas a ideia de usar a biografia de serial killers como tema das músicas ajuda na formação de uma concepção estética de horror no som da banda. Contudo, não podemos deixar de ressaltar as ideias composicionais, ou seja a elaboração dos riffs, das linhas de baixo, das melodias, que sob a batuta de Mikami são o toque de mestre responsável por garantir a assinatura sonora da banda.
Taí, mais um petardo sangrento dos mestres dos horrores do stoner/ doom metal, destes seguidores insanos da Igreja da Miséria.
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