Em show realizado no projeto Jazz na Varanda da escola de música Percepção musical, Pablo Araújo revela novas dimensões musicas do cavaquinho.
Introdução
Na noite de quarta feira, 25 de outubro, os amantes e as amantes da música da cidade mineira de Ponte Nova tiveram a oportunidade de testemunhar um concerto inovador na varanda da escola de música Percepção Musical.
O show foi parte do projeto Jazz na Varanda, produzido pelos professores e músicos da instituição. Pablo Araújo, mostrou todo seu domínio e versatilidade com o cavaquinho, oferecendo ao público uma apresentação que transcendeu as barreiras do convencional.
Pablo explorou o potencial sonoro do cavaquinho numa abordagem pessoal e, porque não dizer, única. Levou todos os presentes a se surpreenderem e se admirarem com as possibilidades de execução e criação sonora do cavaquinho.
Isto porque, no imaginário popular, o cavaquinho ficou consolidado como um instrumento de acompanhamento, quase usado exclusivamente no samba e seus afiliados, como o pagode.
Em casos de pessoas mais interessadas por música instrumental, tem-se a consciência de que o cavaquinho também é um instrumento solo comum no chorinho.
A Versatilidade do Cavaquinho
O cavaquinho foi o instrumento que conquistou Pablo Araújo. Contudo, no início de sua trajetória musical, ainda um pré-adolescente na cidade mineira de Monte Carmelo, Pablo teve o clarinete como instrumento original. Contudo, logo migrou para o violão e posteriormente para o cavaquinho.
E foi neste pequeno instrumento de quatro cordas, pequeno em tamanho, mas imenso em termos musicais, que Pablo encontrou as condições de explorar seus anseios criativos.
Conseguiu ressignificar o instrumento, mostrando sua versatilidade ao tocar peças para além das fronteiras da utilização convencional do instrumento aqui no Brasil.
O músico apresentou um repertório contendo clássicos do chorinho e do samba, mas se preocupou em desbravar territórios sonoros pouco explorados para o repertório do cavaquinho, mostrando a versatilidade deste instrumento.
Sugerimos que vocês ouçam o mais recente Ep do músico no qual transpões para o cavaquinho, peças clássicas para violão de autoria do mestre catalão Francisco Tárrega:
Durante a apresentação Pablo tocou duas músicas do Tárrega, Lágrima, talvez a sua peça mais conhecida e Adelita. Além destas duas, executou a peça Bourré do mestre alemão do Barroco, Johann Sebastian Bach. Composição canônica do repertório para violão clássico.
Não exageramos ao afirmar que Pablo mostrou toda sua maestria ao explorar diferentes técnicas e estilos musicais para dar ao cavaquinho condições de expressar formas musicais pensadas para outro instrumento, como o violão, por exemplo.
A plateia foi cativada por sua capacidade de criar uma atmosfera intimista com melodias suaves e, em seguida, surpreendida pela rapidez e virtuosismo de sua execução em peças mais animadas. Pablo mostrou ter um vocabulário jazzístico que permitiu elaborar arranjos interessantes, dando um ar moderno às músicas apresentadas.
Inovação Musical
O ponto alto do show, ao menos para mim, foi perceber a maneira como Pablo incorporou elementos de diferentes gêneros musicais em seu repertório. Do choro ao jazz, do samba ao erudito, o músico conseguiu costurar uma colcha de retalhos sonora que deixou o público admirado.
Pablo foi capaz de criar camadas sonoras complexas com o seu cavaquinho, provando que este instrumento tradicional pode ser uma fonte inesgotável de inovação musical. A técnica usada para paletar as cordas, enquanto os dedos livres da mão direita são utilizados para fazer o dedilhado, permitem ao músico harmonizar, improvisar e fazer os solos principias das músicas.
Sendo o cavaquinho um instrumento de apenas quatro cordas, tendo um braço pequeno, cria-se a impressão, para nós leigos, que o instrumento não permitiria algo próprio de instrumentos harmônicos providos de mais recursos. Como é o caso do violão e dos instrumentos da família das teclas.
Claro, assistir o show do Pablo derrubou por terra todos esses mitos.
O público presente no show teve o cuidado de prestar atenção à apresentação, saíram da Percepção Musical com outra impressão a respeito do cavaquinho. Portanto, não se tratou apenas de uma experiência estética, mas também pedagógica.
A Conexão com o Público
Além de sua impressionante habilidade musical, Pablo Araújo também conquistou o público com sua autenticidade e carisma. Ele compartilhou histórias relacionadas às músicas e suas composições, algumas em tom anedótico ao longo do espetáculo, criando uma conexão genuína com a plateia.
O público se sentiu parte da experiência, e cada música parecia uma conversa musical íntima entre o músico e seus, agora, admiradores e admiradoras.
O show de Pablo Araújo foi, sem dúvida, marcante para o projeto Jazz na Varanda, fazendo inclusive uma brincadeira ao chamar o projeto de Varanda da Percepção, aludindo ao romance distópico/ sci-fi do Aldous Huxley.
Sua habilidade excepcional no cavaquinho e sua audácia ao explorar novas possibilidades sonoras do instrumento encantaram o público presente. A apresentação de Pablo deixou evidente que o cavaquinho é muito mais do que um mero acompanhamento para samba; que nas mãos de um virtuoso e inspirado compositor como ele, o cavaquinho se transforma em uma ferramenta para a expressão artística de altíssimo nível.
O músico provou que a música é uma linguagem universal, capaz de transcender barreiras e unir pessoas em torno da beleza sonora.
O show de Pablo Araújo não foi apenas um concerto, mas uma aventura musical, por levar a todos a uma nova compreensão do cavaquinho e das infinitas possibilidades de articulação da linguagem musical.
Houveram depoimentos de pessoas da plateia que deixaram evidente, que todo os presentes, saíram do show com um sentimento de gratidão por terem testemunhado algo verdadeiramente inovador.
Para conhecer melhor o trabalho de Pablo Araújo acesse suas redes sociais e spotify:
Instagram: pabloaraujofernandes
Spotify: