Em maio acontece o C6 Fest, festival de Jazz com uma perna no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. O Oganpazan separou algumas atrações imperdíveis para quem irá acompanhar o festival.
O Brasil ainda deixa bastante a desejar quando o assunto são festivais sólidos de Jazz. Em 2023 o C6 Fest surge para acrescentar mais um evento desse porte para a nossa ainda pouco sustentável cena de festivais que contemplam o estilo.
Com foco na edição de São Paulo, vale ressaltar que os shows acontecerão entre os dias 19 e 21 de maio. Além de contar com uma programação diversa – entre artistas internacionais e nacionais – o festival conseguiu agregar um line eclético e que consegue entregar um bom resumo do que está acontecendo aqui no Brasil e fora daqui também.
Pensando nisso, o Oganpazan resolveu destacar alguns shows imperdíveis que acontecerão, principalmente no dia 19 e 21 de maio, no Auditório Ibirapuera.
Tributo ao Zuza Homem de Mello
O jornalismo musical brasileiro deve muito ao Zuza Homem de Mello. Os festivais de Jazz então, nem se fala. Zuza foi um dos grandes entendedores e apreciadores da nossa música. Musicólogo com conhecimento profundo, além de baixista, mesclou como poucos a sensibilidade literária com o conhecimento musical.
Para homenagear esse gigante, o C6 recebe a Orquestra Ouro Negro, junto das cantoras Mônica Salmasso e Fabiana Cozza, além do harmonicista Gabriel Grossi. O espetáculo promete uma linda homenagem a um grandessíssimo brasileiro.
Nubya Garcia
A primeira passagem da Nubya Garcia pelo Brasil aconteceu em 2017. Cerca de 6 anos depois ela volta com status de artista renomada. Saxofonista radicada na cena de Londres, Nubya faz um Jazz mais quente, com tempero afrocubano e swing constante.
Depois que ela lançou o badalado disco “Source”, ainda em 2020, a demanda por shows aumentou no mundo todo. É quase chover no molhado dizer que ela é uma das grandes instrumentistas da atualidade, além de contar com uma banda de apoio azeitadíssima e com grande vocabulário musical, ela promete um show vibrante, com temas de seu primeiro play (“Nubya’s 5ive”), liberado em 2018, além de faixas de seu disco mais recente.
Julian Lage
Julian Lage é um guitarrista de rara habilidade e versatilidade. Ele acompanhou nomes que estão na linha de frente do Jazz contemporâneo, como o saxofonista John Zorn, por exemplo, além de lendas de outrora, como o vibrafonista Gary Burton. Além de sideman, Julian possui uma sólida carreira solo, com discos lançados por selos tradicionais do mundo do Jazz, como Blue Note, por exemplo.
No Brasil pela primeira vez – como ato principal – o guitarrista deve apresentar seu trabalho mais recente “View With a Room“, lançado em 2022. Com 35 anos de idade, Julian, apesar de jovem, possui larga experiência de estúdio, além de turnês mundo afora. Esse show promete.
Tigran Hamasyan
Se fosse um show de piano solo do Tigran já valeria a pena cada centavo. Em trio então, será um grande oportunidade de ver como a mente de um dos maiores pianistas do mundo funciona. Instrumentista armênio de grande capacidade técnica e prolífica carreira – sempre com lançamentos frequentes – Tigran é um caso raro. Bastam pouquíssimas notas para você saber que é ele quem está no toque das 88 teclas.
Numa carreira que já possui mais de 20 anos de estrada, Tigran está se consolidando como um artista de estilo próprio e que está gravando discos que parecem sempre levantar o sarrafo alguns centímetros.
O show no palco do Festival C6 deve apresentar as faixas dos discos “The Call Within“, além de “StandArt“, lançados em 2020 e 2022, respectivamente. Quem gosta de piano não pode perder essa performance.
Samara Joy
No Brasil a Samara Joy ficou “famosa” por que a Anitta perdeu o Grammy 2023 pra ela e os fãs da cantora brasileira protagonizaram um verdadeiro show de horror na internet. No entanto, quem acompanha o cenário do Jazz acordado, já conhece a senhorita Samara Joy há alguns bons anos.
Longe de ter se tornado realidade após a conquista de seu Grammy mais recente, Samara possui 2 discos de estúdio extremamente elogiados, mas deve apresentar os temas de seus disco mais recente (“Linger Awhile“) para o público de São Paulo.
Pra quem gosta das grandes cantoras da história do Jazz, trata-se de um show imperdível.
Domi & JD Beck
É até difícil falar sobre a música da Domi & JD Beck. Eles são muito jovens, mas já gravaram um disco que conta com participações de nomes como Herbie Hancock, Snoop Dogg, Thundercat, além da produção do Anderson Paak. Parece mentira, mas é tudo verdade e o palco do C6 marcará a primeira passagem da dupla pelo Brasil.
Com um estilo totalmente contemporâneo, o som da dupla que viralizou tocando versões chapadas de MF Doom promete mostrar os novos caminhos que o Jazz vai trilhar no futuro. A dinâmica dos 2 tocando bateria e teclas é quase telepática. Esse show também promete.
The Comet Is Coming
O líder do The Comet Is Coming (Shabaka Hutchings) é um dos caras mais interessantes para se acompanhar na cena de Londres. Ele lidera o The Comet Is Coming, o Sons Of Kemet e o Shabaka & The Ancestors.
O interessante é que cada projeto explora uma veia diferente e agora o Brasil vai ter a chance de prestigiar o The Comet Is Coming, que está em turnê mundial para mostrar o disco “Hyper-Dimensional Expansion” para o público.
Com uma mistura de Jazz, Rock Psicodélico e música eletrônica, o som do trio parece uma viagem de Sonda espacial pelo cosmos. Ao vivo deve ser foda.