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Brant Bjork, brenfa e The Low Desert Punk Band

brant bjork

Resenha do disco Black Power Flower, trampo do Brant Bjork ao lado do grupo The Low desert Punk Band. Stoner enfumaçado.

Dizem que quando se fuma maconha o prezado chapado se sente mais lento. Conforme a onda bate a música ganha um aspecto ainda mais celestial para completa adoração e apreciação com fones de fones de ouvido. A larica do play a apreciação atinge um grau ainda mais poderoso, e o melhor de tudo: em câmera lenta, nos mínimos detalhes.

Em inglês, os chamados maconheiros são apelidados de potheads, uma espécie de deadhead (fãs lunáticos do Grateful Dead) que curte um baseado, ou stoner, talvez a alcunha mais famoso.

Uma das grandes anedotas do mundo sonoro é que a vertente rockeira, Stoner-Rock, é claramente inspirada na lentidão eufórica que uma bela inalada de fumaça THCística causa, e se você parar para pensar, essa história pode ser verídica. Porém, entranto, todavia, caso o senhor duvide, pegue o disco que o baterista Brant Bjork gravou ao lado da The Low Desert Punk band.

O americano é um tido como um dos pais do Stoner Rock, ”o mítico baterista do Kyuss”, um dos caras que mais dichavaram rochas em prol do barulho, se mostrou à plenos pulmões (mesmo inalando muito verde), e arquitetou um projeto interessante e que de quebra homenageia o Fuzz e um fininho. Falo sobre ”Black Power Flower”, o resultado das laricas com a Low Desert Punk Band.

 

Line Up:
Brant Bjork (guitarra/vocal)
Tony Tornay (bateria)
Dave Dinsmore (baixo)
Bubba Dupree (guitarra)

 

Track List:
”Controllers Destroyed”
”We Don’t Serve Their Kind”
”Stokely Up Now”
”Buddha Time (Everything Fine)”
”Soldier Of Love”
”Boogie Woogie On Your Brain”
”Ain’t No Runnin”’
”That’s A Fact, Jack”
”Hustler’s Blues”
”Where You From Man”

 

 

 

O que mais gostei desse disco foi que – para variar – Brant faz Stoner, só que se mostra mais uma vez muito eclético, um maconheiro total flex. O fator instrumental é muito solido dentro do que o grupo se propõe a fazer e o baterista Tony Tornay manda tão bem que você nem se preocupa em não ouvir o  Brant no cockpit.

O baixo está bem gorduroso na timbragem e nos fones sai na seco, o trampo de guitarras ficou bem pungente também, principalmente no quesito riffs. Bubba Dupree fez a base e o dono da session mostrou que não é necessário ser nenhum Malmsteen para fazer um bom trabalho de guitarras, isso sem mencionar o trabalho de frontman na voz.

E pra mostrar que o nível de satisfação que este tijolo lhe proporcionará, já abrimos a tampa deste exemplar da lata com o single ”Controllers Destroyed”.

O Fuzz deixa até o olho (mesmo o par dos mais experientes), bem avermelhado, e o interessante é como a banda – apesar da proposta arroz com feijão, consegue alongar e propor os temas, sem que as faixas fiquem cansativas, indo do nada para lugar nenhum.

O som não é quadrado e isso facilita a escuta, além de se mostrar uma opção interessante para quem busca um som menos reto e mais variação.

Já notamos desde já como o som sai do lugar comum desses discos de Stoner cansativos, onde o grupo parece ter gravado os canais dos instrumentos debaixo d’água. Puro Fuzz e nada mais.

Não é isso que você encontra aqui. Em ”Stokely Up Now” o baixo chega num groove com cavalares doses de distorção e quando faz a dobradinha do cross joint com ”Buddha Time (Everything Fine)”, os músicos mostram a força de um bom repertório de Rock N’ Roll, quando cada músico entende seu papel no som, mesmo se tratando de um som que não é brilhante tecnicamente.

E a forma como as músicas foram distribuídas, viabiliza uma audição linear e que pega o ouvinte pelo pé do começo ao fim da gravação. Em ”Soldier Of Love”, por exemplo, notamos como o grupo valoriza a lombra, brincando muito bem com o tempo das faixas, trabalhando com resquícios de Funk em meio à caravana arenosa. A psicodelia quebra um pouco a densidade e ajuda a agregar fluência no play.

”Boogie Woogie On Your Brain” comprova esse fato, inaugura a parte mais ácida do disco. E mesmo que os licks de ”Ain’t No Runnin”’ sejam rápidos o groove sente a boca seca.”That’s A Fact, Jack” parece um relato de sauna, se você tirar a faquinha de rocambole do bolso consegue cortar a cortina de fumaça em bloco, mas isso não é nada.

O bamba entrou na corrente sanguínea e etc e tal… É bem provável que seu estômago esteja latejando de fome. Você provavelmente nem lembra o motivo de ter clicado neste post, seu olhar 43 de china in box deve estar sonolento. 


A psicodelia encontra abrigo nuns grooves de baixa com um quê de Billy Cox. Brant mostra muito tato no vocal e segura o grave, deixando o ponto alto do disco para o final. Quando os oito minutos de ”Where You From Man” terminarem vai dar 4:20 e aí é só correr para o abraço. A letargia e os ecos do tema evocam um sonho surrealista entre o baterista e a dupla Cheech & Chong.

O Brant Bjork está junto pra fechar o trio e eles estão discutindo para saber quem apertará o próximo. Discaço, não esqueça de acender um… Incenso.

 

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