Bolodoido Musical Vol. 07 – Uma viagem na festa Nave, que marcou muito a cidade de Salvador com seus bons voos e aterrisagens, proposta e DJs
Quarta de cinzas e o que queremos é falar de festa!
Em 2005 dois amigos, Luciano “El Cabong” Matos e Jan “Janocide” Balanco, decidiram iniciar uma das melhores festas que Salvador já teve: Festa Nave.
A Nave inicialmente aterrissou na extinta Miss Modular, passando posteriormente a aterrizar no campo de pouso da Boomerangue (atual San Sebastian), ambas as casas no boêmio bairro do Rio Vermelho. Por algumas vezes essa Nave andou voando por outras localidades, nas chamadas Nave Ataque Surpresa, mas de fato a maioria dos pousos foram nessas duas casas.
Com uma proposta bem interessante, os DJ’s residentes e seus convidados e convidadas mandavam sons da década de 90′, novidades do indierock, britpop, rock, pop e o que mais desse na telha daqueles ou daquelas que pilotavam a Nave.
Confesso que eu tinha um grande ranço com a festa. Achava que era uma festa de boy tirado a moderninho, tudo isso foi por água abaixo quando embarquei nessa Nave ao lado de meu fiel companheiro de Festa, Gabriel Gomes. Totalmente diferente do que eu pensava, a festa parecia mais uma reunião de desajustados e desajustadas, das pessoas mais estranhas e diferentes entre si que poderia existir. Essa era a cara da Nave, sem preconceitos, sem muita definição do que era. Festa hetero? Festa LGBT? Nada disso! Era simplesmente festa para quem estava a fim de balançar o esqueleto, das formas mais estranhas possíveis.
A Nave inovou fazendo edições com fliperamas e joguinhos pra galera se divertir; Tinha a quente e polêmica Bacanave (o nome diz muito rs); Baile Esquema Nave, que era a reunião de duas festas em uma: Baile Esquema Novo, mais focado em música nacional e a Nave, sem foco algum, porém passeando por todo o mundo.
Da Nave saíram casamentos, se desfizeram relacionamentos e o banheiro da Boomerangue sempre tinha um fluxo intenso. Porra, a festa era mensal e sempre na semana que tinha eu ficava contando os dias pra chegar o sábado, pra pegar aquela fila às 22 horas na porta do Boomerangue e me divertir até o amanhecer. Foram dias mágicos que talvez os organizadores sequer façam ideia do quanto foram importantes. Cheguei até a comemorar um aniversário na Nave, e eu nem gosto de aniversário.
A Festa Nave foi peça importante para jovens, como eu, que buscavam uma festa que não fosse aquela mesmice chata de casas como a Madre ou o Zen, repletas de playboys bombadinhos e aguardando aquela música trance do dj zé ruela do momento. Na Nave eu tinha a certeza que ouviria algo que realmente gostava e, se desse sorte, ainda iria descobrir uma banda nova, sempre metendodança claro, porque eu sou de meterdança.
Outro ponto em que a Nave se destacava eram seus cartazes, sempre tão cheios de estilo e personalidade.
Já comandaram a Nave figurinhas carimbadas da cena rock soteropolitana, tais como: Fábio “Cascadura”, Morotó Slim (Ex Retrofoguetes e The Dead Billies), Rodrigo “Sputer” (The Honkers), Big Bross (Big Bross Records), Luca Bori (Vivendo do Ócio), Ramon Prates (Bahia Rock) e Lola B, que posteriormente, com o fim da Nave, foi responsável por uma festa bem parecida, A Bolha, que rolava na Commons, também no Rio Vermelho.
Inclusive até esse que vos escreve teve o prazer de dar uma voltinha nessa Nave. Os caras eram muito sagazes!! Tinha vezes que rolava umas promos pelo Orkut, onde se você ganhasse tinha direito a pilotar a Nave por alguns minutos. Em um desses presentes natalinos fui agraciado por mandar uns sons e foi uma experiência ótima!!!
Infelizmente a Nave partiu sem retorno, deixando uma lacuna imensa em minhas diversões mensais. Mas também não tenho mais esse pique todo.
Mas vamos ao que importa, 10 músicas que marcaram a Festa Nave em minha opinião de merda:
1. Nirvana – “Smells Like Teen Spirit”
Claro que essa foi uma música das que mais tocou nas Naves. Porra, uma clássico dos anos 90! Tinha todo clima da festa.
2. Peter Bjorn And John – “Young Folks”
Mas a Nave não se pautava apenas na nostalgia noventista. Foi responsável por me apresentar grandes artistas, tais como Peter Bjorn and John que estavam estouradíssimos no meio indie com a música “Young Folks”.
3. MGMT – “Kids”
Outra galera que conheci devido a Festa Nave foi o MGMT. Essa música não me deixava ficar parado.
4. Green Day – “She”
A Festa Nave tinha essa cara meio MTV, da época que prestava, e por isso era bem comum ver clássicos da emissora como “She”, da banda californiana Green Day.
5. Rocket from the Crypt – “Born In ‘69”
Como eu disse no texto, fui agraciado com a possibilidade de dar uma voltinha na Nave por meia horinha e sob meu comando mandei uma música que sempre achei a cara da festa, pelo vigor e animação dela.
6. The Specials – “Monkey Man”
Essa também fez geral tirar o pé do chão e suar. Versão super conhecida do The Specials para a faixa “Monkey Man”, do grupo Toots & the Maytals.
https://www.youtube.com/watch?v=oHBl2cGbLBs
7. Talking Heads – “Psycho Killer”
Essa aqui não é simplesmente a cara da Nave, é a cara do set de Janocide. Clássica!
8. Vampire Weekend – “A-Punk”
E como falar de clássicos da Festa Nave e não mencionar essa delícia de música do Vampire Weekend. Grooova disgrama!
9. The Strokes – “Last Nite”
Outros que também serviram de trilha sonora para as viagens mais loucas dessa Nave foram os Strokes.
10. The Smiths – “Ask”
E vou me dar ao luxo de finalizar como muitas vezes El Cabong finalizou a Festa, com o sol batendo do lado de fora da casa, todos e todas acabados e acabadas na pista e ele metia um Smiths pra rebater qualquer canseira, pra geral se abraçar e cantar junto. Principalmente uma figura que, se não me falha a memória, chamava-se Jeferson. O cara pirava muito com Smiths.