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Bob Dylan And The Grateful Dead – Dylan & The Dead

O Bob Dylan sempre foi um cara que nunca foi muito fã de tocar a mesma música muitas vezes, logo, ele resolveu fazê-lo sempre de forma diferente, por isso que seus discos ao vivo são ótimos. Além de muito bom gosto para chamar só a nata dos músicos para tocar em estúdio, o mestre Bob também montava grandes bandas para viajar pela estrada e, quando não fazia isso, ainda tinha grupos do calibre do The Band para fazer o instrumental.

Mas o que poucos sabem, é que além dos clássicos registros ao vivo como o ”Live At Budokan” (de 1979), ainda existem trabalhos que até hoje são pouco destacados, mesmo sendo obras do mestre, e é claro, endossando seu nome desde a capa.

Sendo assim, meu live favorito não é nenhum dos ditos ”clássicos”. ”Dylan & The Dead” (lançado em 1989), além de ser ótimo, ainda conta com o Grateful Dead como banda de apoio…  Bob ainda mais demencial do que quando mancomunado com a The Band, na letargia do ácido, mostrando seu lado colorido e Flower Power.

Line Up:
Bob Dylan (vocal/guitarra)
Jerry Garcia (guitarra/vocal)
Mickey Hart (bateria)
Bill Kreutzmann (bateria)
Phil Lesh (baixo)
Brent Mydland (teclado/vocal)
Bob Weir (guitarra/vocal)

Track List:
”Slow Train”
”I Want You”
”Gotta Serve Someday”
”Queen Jane Approximately”
”Joey”
”All Along The Watchtower”
”Knocking On Heaven’s Door”

O Grateful Dead é de longe uma das bandas mais insanas que já ousaram fazer um som neste planeta. A banda elevou o nirvana da música calcada em improvisações de uma maneira que até hoje continuar completamente inexplicável em certos aspectos. Vai além do simples domínio técnico e isso não se ensina, apenas se sente.
Na época do lançamento desse LP, o Dead não vivia uma boa fase, aliás, o fim dos anos setenta foi bem complicado para a banda. Muitos membros encerraram esse década com sérios problemas com drogas, outros ficaram mal das pernas financeiramente e a bola de neve foi apenas aumentando, afinal de contas os caras não paravam de sair em turnê.
E o mais interessante é que os shows dos mortos agradecidos com Dylan acabaram sendo uma fuga dos problemas, e isso é praticamente inédito dentro da música. Ramo onde as performances no palco refletiam os problemas de todas as bandas comuns, coisa que os Hippies de São Francisco nunca foram.
Chegar no local do show e passar o som por três horas. Tomar café afinando a guitarra e fazer 5 horas de pura meditação instrumental… Essa era a rotina do Grateful Dead, tanto no começo da trip nos anos 60, como no fim de tudo, em 1995.

Temas que no disco tinha cinco minutos, ao vivo apareciam sem prazo de término. Músicas já longas em LP, surgiam live beirando a marca de trinta minutos com os chorosos solos do mestre Garcia… Era justamente esse clima de liberdade que Dylan teve ter imaginado para a concepção de um disco ao vivo, trabalho que com o Dead envolvido, seria garantia de qualidade.

Só que apesar das boas vendas o CD não foi bem recebido pela crítica. Muitos falaram que faltou alguma coisa, mas sinceramente, já ouvi esse disco dezenas de vezes e não sei qual é o fato ”X” que tanto faltou.

Esse registro não foi fruto do acaso, Bob planejou uma tour com os psicodélicos e uma tour de sucesso. Uma sequência de shows que além de unir a caravana de Deadheads, acabou socializando os acid-freaks com os intelectuais Folkeados, fãs de Dylan.

Gravado em 1987 durante uma requisitada tour em estádios, esse registro foi uma dos poucos momentos em evidência que o Dead, ao contrário do sempre regular mestre do Folk, teve na década. Vale ressaltar que a banda só gravou três discos de estúdio nesse dez anos, e que aqui, a performance da banda é mais compacta.
Se o Dylan tivesse chegado na banda e falado: ”finjam que é um show do Grateful Dead”, presumo que cada tema teria quinze minutos de média e que Bob canteria por três minutos e depois iria para o camarim esperar pela próxima faixa. O motivo, bom, sejamos francos, Dylan nunca teve 5% do tino instrumental que esses caras tinham, logo, creio que seja fácil entender a pegada mais comportada da banda, o que não desqualifica a qualidade e a grandeza dessa reunião.

Que começando fazendo juz, tanto a arte do disco, quanto ao nome da música, dão uma segurada na velocidade dos vagões de ”Slow Train” para valorizar a repaginada e controle que o novo maquista possuiia sobre o instrumental. O clima é tranquilo, abre espaço para temas radiofônicos como ”I Love You”, composições icônicas como ”All Along The Watchtower” e passagens trovadorescas revisitadas por novos arranjos Grateful Deadianos (”Knocking On Heaven’s Door”).

Ouvir Dylan & The Dead é sentir o gosto da liberdade. Ver a renovação de um grande mestre e perceber que sim, o Dead não precisava tocar meia hora pra fazer sua cabeça. Seus ouvidos serão surpreendidos, Dylan nunca mais soou dessa maneira!

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