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Bixiga 70 – Bixiga 70 III

O que é a força de um bom e velho néctar percussivo? Qual a ligação molecular que a fusão de ritmos consegue acionar dentro dessa química made in África? Creio que exista um núcleo dentro das camadas sonoras que sintetiza uma pepita do todo desse diamente e cria o que diferencia os estilos entre si: a abordagem sonora.
Algo que retomando o conceito de percussão se caracteriza pelo DNA de caldeirão, uma sinergia febril que recria uma combustão apaixonante no corpo do receptor e faz a inserção do ritmo no corpo da cobaia ouvinte, que seguindo essa nova seita musical, sincroniza o marca passo de dentro do peito com as batidos do groove e ainda promove uma síncope perfeita com o sangue que rebombeia no coração.
É como se o batuque, a fritação, os metais, guitarras, baixos, baterias e todos os compostos ácidos, exorcizassem toda a negatividade e filtrassem o elemento que restaura a ordem livre de toxinas, recarregando as energias de forma ideal: com a glicose do swing. Por isso que a transição é tão intensa e a imersão é tão impactante.
Notem que quando a cozinha se encerra você sente um baque… Não é umas abstinência mas o corpo treme… É a falta de Bixiga 70 correndo no sangue. A onda leva o camarão antes mesmo do menino dormir no barulho do terceiro trabalho do coletivo!

Line Up:
Décio 7 (bateria)
Marcelo Dworecki (baixo)
Cris Scabello (guitarra)
Maurício Fleury (teclado/guitarra)
Gustávo Cék (percussão)
Rômulo Nardes (percussão)
Cuca Ferreira (saxofone)
Daniel Nogueira (saxofone)
Douglas Antunes (trombone)
Daniel Gralha (trompete)
Anderson Quevedo (saxofone/flauta)

Track List:
”Ventania”
”Niran”
”100% 13”
”Di Dancer”
”Machado”
”Martelo”
”Lembe”
”Mil Vidas”
”7 Pancadas”

O CD que fecha a primeira trinca infernal da história da banda chega concluindo um ciclo, mas ao mesmo tempo começa outro na medida que reapresenta a cozinha consagrada do Led I e II dos fritadores do bairro do Bixiga, já oferecendo um aperitivo de mudança.

Dessa vez a ideia atinge altas e inéditas proporções de densidade sonora. Mais uma vez a força do instrumental é um completo absurdo e a novidade para com esse novo retrato é a influência Árabe que a cozinha recebeu tão bem, junto de elementos roots do Reggae fazendo a ponte com o Rap.

E a moral disso tudo é simples: a cada novo trabalho o Bixiga 70 nos mostra que não existem limites para a experimentação. E a fusão que esses caras fabricam é absolutamente criativa, globalizada e deixa claro que quando se possui um norte (e um combo como este), a ousadia surge naturalmente.

Chega a ser um clichê salientar que essa banda é de longe um dos melhores grupos que surgiram em nossa cena, mas é lindo ver que a cada disco a popularidade cresce, o reconhecimento surge e que a música ganha cada vez mais tranquilidade para ser arquitetada por esse brilhantes músicos, só que não tem como não elogiar discos como esse nos fazem renovar o mantra e agradecer os caras por mais um trampo grandioso.

O oportunismo nos insights é sem igual e o talento pra uma audição de ideias como ”Ventania”, ”Niran” ou ”100% 13” não nos tira o prazer de justamente enumerar as influências que nós, fãs de de boa música, tanto gostamos de discutir. Jam que promove ritmo, tira teima e mudança, algo que só um todo que engloba passagens como ”Machado”, ”Lembe” e ”7 Pancadas” poderia prover. Discão, a naturalidade é assustadora, a arte do improviso impera nesse cosmos de Afrobeat.

Freak Out!

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