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CD's, Clarence McDonald, Cliff Coulter, Funk, Jazz, Jerry Knight, Jessica Smith, Menagerie, Ralph McDonald, Ray Parker Jr., Russ Kunkel, Soul

Bill Withers – Menagerie

Alguns sons são muito específicos em sua energia potencial. Certos ritmos acabam elevando o ouvinte, a música serve de combustível, consegue ser o estopim para as funções e tarefas mais banais. Acordar cedo e pegar o ônibus lotado, chegar no trabalho e encarar um dia estafante… Esquecer dos problemas… A música é a válvula de escape, o groove da roleta Russa sentimental dos extremos e da correria do dia-a-dia.

E para ter uma boa fuga da realidade, gosto de recorrer a certos músicos que sempre, repito: sempre me ajudam. E um dos responsáveis pela minha critividade, pelas boas energias, pelo positivismo de Comte e até mesmo pela paciência e tranquilidade em meio a vários textos e ideias à serem digitadas, é que finalmente faço as vezes para Bill Withers.

Chegou o momento de todo esse colosso de feeling, humildade e swing virar o prato principal de vossos fones de ouvido, e para tal vamos de ”Menagirie”, um dos últimos discos do mestre, o sexto de estúdio, lançado em 1977.

Line Up:
Bill Withers (vocal/guitarra)
Keni Burke (baixo)
Cliff Coulter (teclados)
Russ Kunkel (bateira/percussão)
Ray Parker Jr. (guitarra)
Jerry Knight (baixo)
Dean Grants (teclados)
Denita James (vocal)
Alvin Taylor (bateria)
Clarence McDonald (teclados)
Jessica Smith (vocal)
Ralph McDonald (percussão)
Mike Jones (sintetizadores)
Pat Hodges (vocal)

Track List:
”Lovely Day”
”I Want To Spend The Night”
”Lovely Night For Dance”
”Then You Smile At Me”
”She Wants To (Get On Down)”
”It Ain’t Because Of Me Baby”
”Tender Things”
”Wintertime”
”Let Me Be The One You Need”

O Bill Withers é um dos grandes mestres da música. Um cara que conseguiu prender minha atenção em um de meus momentos menos propensos para tal. Me lembro que a onda Funk-Soul tinha batido com força aqui em meus ouvidos, mas que ainda não tinha pesquisado muito sobre o assunto, andava ouvindo muito Prog e se o som não tivesse dez minutos, costumeiramente passava a bola.
Sei que em um fim de semana qualquer estava em casa, largado no sofá, e meu pai fez um daqueles comentários desleixados em um domingo de manhã: você devia ouvir um Bill Withers… Essas frases normalmente são similares ao clássico ”você que sabe”, sentença que todas as mães do mundo gostam de proclamar, tal qual a Repúbica.
Ouvi isso e o impacto foi imediato, logo pensei: ”quem é Bill Withers?”
Cinco minutos depois descobri. Bill Withers é um transgênico raríssimo, uma junção de Al Jarreau apaixonado com um Barry White com menos testosterona na voz. Rapaz, se ele fosse mulher este que acá, sentimentalmente vos escreve, se apaixonaria. Ouvi tudo que o negrão gravou, foram oito discos fantásticos e que foram destilados por meus ouvidos em menos de uma semana.
O que me deixou mais impressionado nem foi a qualidade do trabalho ou sua voz exeburante, mas sim o bem que esse som tinha me feito. ”Menagirie” sempre foi meu preferido, uso este disco de kryptonita para os dias ruins, busco sempre a leveza de temas como ”Lovely Day” para o meu dia.
Bill fala de amor, sente cada nanosegundo e fez hits à toque de caixa, mas vocês já pararam para ver o instrumental por trás? A ficha técnica? Os arranjos? Ele podia fazer um pocket show só com baixo bateria e guitarra que a coisa já seria fantástica, mas ele tinha esse lado realmente artístico, de que mesmo fazendo música Pop o som tinha que desenvolver todo seu potencial. Potencial que na voz deste cidadão é deslexadamente envolvente. Tão tentadora como a proposta inicial de meu pai.

Bill fazia pedidos com pinta Smooth Jazz em ”I Want To Spend The Night”, sentia o slap do baixo funkeado com ”Lovely Night For Dance”, conquistava a mulherada só pegando no microfone e fazendo a intro de ”Then You Smile At Me”. Quando ele pegava a viola não tinha tempo ruim, dava até pra flertar com a disco music que até os não fãs pensavam: ”talvez não seja tão ruim assim”, mas no geral é, menos a de Bill claro. 
Escutem Withers senhores, é Pop, é Funk, no fim das contas o que vale é a imaginação, o som do cara faz lembrar que as vezes a música não precisa falar de filosofia ou coisas tão complexas. Uma balada ou um feeling mais swingado, mesmo que sem um assunto que vá mudar a rota de translação já é suficiente.

Nessa arte nosso amigo era P.h.D e isso ficou marcado em discos como Menagerie. 40 minutos de som que bem que poderiam virar 400… Bill Withers: um caso raro na indústria fonográfica, ele queria apenas fazer um som… Jamais imaginou que teria tanta fama e prestígio, algo que lhe incomodou, por isso ele saiu de tudo isso da mesma forma que entrou, de fininho, mas seus sons ainda estão ai, conquistando gerações depois de 3 segundos ao som de ”Let Me Be The One You Need”.

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