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Benjamin Booker – Benjamin Booker

A renovação dos nossos recursos é constante, tudo se recria, ou simplesmente passa a existir dentro do nosso planeta, por puro e simples capricho de vosso criador, se é que existe um. É engraçado como as coisas tomam curso, pode demorar muito ou acontecer do nada, pode ser leve ou pesado, pode ser denso ou puramente brisante…
A música não escolhe os caminhos, mas o compositor não sabe disso, para ele seus acordes que o guiam, mas a bússola que traça a rota são suas influências musicais. E existem poucas coisas mais interessantes atualmente do que notar a interessantíssima formação musical de nomes como Benjamin Booker, nesta nova cena que surge, e se firma, dia após dia.
O menino da foto está com 25 anos de idade e sua música é um retrato de sua idade: Espontânea. Toricamente essa frase deixa claro que todo músico de pouca idade deixa esse lado livre mais aflorado, mas é claro que isso não é verdade, a maioria dos músicos que conseguem aparecer com essa idade vira estatística na música Pop. E este definitivamente não é o caso deste interessantíssimo compositor.
Americano, estudante e apaixonado por música, uma equação comum, mas que apresentou um brilho completamente próprio depois que o cidadão resolveu expor as notas. Estudante de jornalismo e com clara intenção de seguir para o ramo musical da profissão, depois do fim de seu curso (na Flórida University), o jovem guitarrista resolveu ir para New Orleans para trabalhar em uma organização sem fins lucrativos e, nos intervalos, começou também a fazer pequenos shows.
O ambiente musical de New Orleans, terra do grande Dr. John, e mais recentemente do Trombone Shorty, deve ter feito muito bem ao músico, que em meados de 2012 resolveu gravar um EP com apenas quatro faixas, o que viria a ser o low-fi ”Waiting Ones”. E o que era apenas uma gravação descompromissada acabou ganhando muita notoriedade, e o que mais espanta é como as coisas aconteceram rápido, mas mesmo assim naturalmente. 
Hoje o astuto trovador deixa claro que sempre quis viver de música, mas que na época suas primeiras gravações não foram feitas com essa ideologia como base, e depois que o EP saiu em vários Blogs, e que a faixa ”Have You Ever Seen My Son” tocou em várias rádios da região, ele começou uma tour em formato de duo e assinou contrato com a ATO Records para começar a produzir seu primeiro disco.
E daí pra frente tudo aconteceu bem rápido, Primeiro ele escolheu um single para liberar e ”Violent Shiver” fez tanto barulho que ele já foi catapultado para uma apresentação no David Letterman show, foi descoberto pelo Jack White e foi contratado como o ato de abertura para todos os shows da perna americana da tour do excêntrico guitarrista e seu segundo disco, o ótimo ”Lazaretto”, também lançado em 2014.

Line Up:
Benjamin Booker (guitarra/baixo/vocal)
Jem Cohen (baixo/vocal)
Peter Keys (órgão)
Max Norton (bateria)
Ben Trimble (baixo/mellotron)
Eduardo Duquesne (baixo/vocal)
Mitch Jones (órgão)

Track List:
”Violent Shiver”
”Always Waiting”
”Chippewea”
”Slow Coming”
”Wicked Waters”
”Have You Ever Seen My Son?”
”Spoon Out My Eyeballs”
”Happy Homes”
”I Thought I Heard You Screaming”
”Old Hearts”
”Kids Never Growing Older”
”By The Evening”

Mas a pergunta que muitas fizeram foi: ”O que é que esse som tem de tão especial?” Bom, creio que quem fez essa pergunta não ouviu o disco. Não esperem por algo de outro planeta, por coisas que ninguém nunca fez, mas foi exatamente o que enumerei no começo do texto: O bacana é ver as influências antigas no som de um cara que mesmo jovem, entende muito de música, olha para frente e faz um combo sonoro que apresenta uma força crua excepcional.
É uma mistura de Folk trovador meio Michael Kiwanuka com um poderio de guitarras menos desenvolvidos mas igualmente enérgico, próximo da linha de um Gary Clark Jr. Sons que esbanjam vitalidade, como ”Violent Shiver” e a energia absolutamente crua de ”Always Waiting”. Mas existe um swing no meio, um gene R&B malandro, que acaricia um órgão em ”Chippewea” e mostra talento com feeling mais intimista e cauteloso. 

Uma sinergia meio ”Slow Coming”, riffs com gosto de culto em igreja gospel no Harlem (”Wicked Waters”) e uma vontade de fazer barulho realmente impressionante, não sabemos se vai acontecer alguma coisa, mas o ponto onde o reverendo Booker ganhou minha atenção foi justamente por não precisar de nenhum incentivo, ele é o estopim de sua própria música, e isso é raro. Disco de fácil audição e repleto de criatividade e diversidade de abordagem, o auto intitulado do americano cola nos fones, temas simples como ”Spoon Out My Eyeballs”, ”Happy Homes” e ”I Thought I Heard You Screaming” demonstram sua paixão pela religião do som. Jam que em seu primeiro trabalho flerta com tudo, desde um Folk low-fi até uma sujeira que beira um porre de Chuck Berry com energia de Blues andarilho… Aguardo pela sequência senhor Benjamin, grande disco.

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