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Bate-papo que fortalece: Adriana Dibby

As Minas que Fortalecem conversam com Adriana Dibby, figura sempre presente na cena e responsável pela produção do Bluêrgh! Zine.

As Minas que Fortalecem têm o prazer de bater um papo com Adriana Dibby, figura querida na cena local e responsável pela produção do Bluêrgh! Zine na década de 90.

MQF: Agradecemos por aceitar conversar conosco, Dibby. É muito bom poder trocar ideias com uma veterana repleta de experiências para compartilhar.

Adriana Dibby: Eu quem agradeço o convite! Um brinde!

MQF: Você pode falar um pouco sobre o contexto da época na qual se interessou pela música e pelo underground?

Adriana Dibby

Adriana Dibby:  Há exatos 30 anos, pus os pés no Orixás Center para comprar material (vinil, blusas, o que tivesse) nas lojas Bazar Musical e Maniac. Ali me deparei com um universo que, de imediato, me vi fazendo parte. O ouvir Heavy Metal, em si, foi uma consequência natural de escolhas daquilo que eu ouvia nas rádios, ouvia e assistia na TV, trilhas de filmes, eventos, como o Rock In Rio, televisionados. Vinha de um gosto de bandas como o Queen, Titãs e Camisa de Vênus… Comecei desde cedo a frequentar shows na companhia de familiares, shows que rolavam em clubes, Concha Acústica e mostras de som do Colégio Antônio Vieira. Se ainda assim, eu me sentia fora do contexto social nos anos 90, ali no Orixás eu me encontrei. É impossível você, guria, ver pessoas vestidas com roupas expressando uma identidade musical que você gosta e se identifica, saber de eventos undergrounds, da existência de bandas nossas e não querer estar ali, viver aquilo e fazer parte, dando o suporte necessário.

MQF: Naquele momento, era comum a presença de meninas nos espaços e eventos que você costumava frequentar?

Adriana Dibby: Sim, sempre estivemos, nós, mulheres, presentes, mas em um número notadamente menor. A minha história com o underground mesmo, chegamos na “cena”, eu e a minha amiga, Fernanda, éramos colegas de sala com gosto musical parecido, estávamos ávidas pelo estilo Heavy Metal e se era comum isso acontecer, como diria Chicó, “não sei, só sei que foi assim”… rs.

MQF: Como surgiu a ideia de editar um fanzine e como se deu o processo de produção e distribuição?

Uma das edição do Bluêrg! Zine.

Adriana Dibby: Quem me apresentou a existência de um fanzine foi uma amiga que tive na época, Fernanda, que citei anteriormente, e daí veio a vontade de editar um zine próprio, nosso, para dar suporte à cena. Essa bandeira era muito levantada naquela época e nós a abraçamos. Foi feito em gráfica, pensávamos grande e a ideia mesmo era que virasse revista, a vontade era enorme para que desse certo. A distribuição começou de forma tímida, inicialmente vendido por um valor mínimo, o que não deu muito certo, então passou a ser distribuído gratuitamente mesmo, sendo enviado, também, através de cartas, para headbangers, bandas e zineiros de outros estados e países.

MQF: O Bluêrgh! chegou a dar nome a eventos produzidos por você. Como foi se aventurar na produção de eventos e quais foram os principais obstáculos observados nessas empreitadas?

Cartaz de evento realizado pelo Bluêrgh! Zine

Adriana Dibby: De fato foi uma aventura, foram dois shows realizados na metade dos anos 90, no Hotel Pelourinho. No primeiro deu tudo certo, modéstia a parte, foi bem organizado, só tivemos problemas com um telão que alugamos de última hora para passar clipes, entre uma banda e outra, e ele não funcionou. No segundo evento, eu decidi que jamais voltaria a me envolver com isso… Um público muito incerto, foi terrível esperar na porta as pessoas chegarem… A expectativa era apenas a de cobrir os gastos, e ali eu vi que não era a minha mexer com isso, minha ansiedade e perfeccionismo não combinavam com incertezas. Para mim o principal obstáculo de não seguir produzindo eventos foi o público em si. Experiência de shows, prefiro viver do lado de cá, receber o flyer e ir ver as bandas se apresentarem ao vivo e a cores.

MQF: Ao longo do tempo, como você percebe a presença feminina no cenário alternativo? 

Adriana Dibby: Se antes, talvez, a presença feminina passava um pouco despercebida, no sentido mais de ser mais ativa na cena, isso mudou, e muito, há presença feminina, mulheres engajadas à sua maneira e estilo, fazendo música, produzindo, articulando e presentes, curtindo de fato a música e apoiando. 

MQF: Agora, você mantém a página Ao Vivo & A Cores. Pode nos falar um pouco sobre essa experiência?

Adriana Dibby: O perfil no Instagram (@vivoacores) surgiu por um acaso, na verdade. A ideia inicial era só a de fazer textos, tem alguns publicados no blog (vivoacores.blogspot.com), mas ainda falto terminar – sou enrolada. Textos a partir dos diários que fiz nos anos 90, onde cito shows que fui, mas não só daquela época, como de bandas que fizeram a minha trilha sonora e pude ver ao vivo e a cores depois. Claro que acabo contando a minha história pessoal, de como foi chegar à frente dos palcos, fazer show aqui e editar um zine. O Instagram foi uma forma de me envolver de novo com a cena, ajudando na divulgação de novos eventos e trazendo um pouco do passado, mantendo a memória ativa underground, assim espero. 

MQF: Para nós, é motivo de alegria e orgulho ver a sua movimentação se estender por décadas. Esperamos que o futuro seja de continuidade e novidades. Por favor, fique à vontade para falar sobre projetos atuais, futuros e/ou deixar um recado para quem nos acompanhou até aqui. 

Adriana Dibby: Obrigada pelo interesse, pelas palavras, pela oportunidade com essa entrevista. Acredito que a minha passagem com o Ao Vivo & A Cores não se prolongue por muito tempo, mas enquanto durar, vai ser feito com a maior atenção dada às bandas e todos os envolvidos na cena underground nacional. Espero poder espalhar a música e manter antenados com os eventos todos aqueles que se conectarem com o perfil. A ideia é sempre essa, manter acesa a chama underground!

Link para o blog Ao Vivo & A Cores aqui

Com tempo para ouvir boa música? Então, aproveite para conferir a playlist abaixo com bandas escolhidas pela Adriana Dibby!

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