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Bakkari expandindo seu reino com seu primeiro álbum: “Imperador” – Resenha

Bakkari

O MC cearense Bakkari acaba de soltar o seu álbum de estreia: “Imperador”, onde expande o seu reino musical do drill ao afrobeats!

Conhecido como um dos grandes nomes do rap de Fortal e pelo drill, Bakkari acaba de lançar ‘Imperador’, primeiro álbum de sua  carreira e que pega de surpresa os ouvidos de quem o acompanha há algum tempo. Dividido  em dois momentos, a partir da quinta faixa o frenesi do bpm e das referências a mil do gênero  mais familiar do artista cede espaço a um ritmo mais lento de afrobeat, romântico e alegremente  esperançoso.  

De Fortaleza e torcedor do Ceará S.C (Sporting Club), Bakkari costuma rechear suas  letras de referências ao futebol, principalmente a jogadores com os quais se identifica  metaforicamente. No single Puskás, nomes como os de Messi, Firmino e Neymar são citados  em meio a tantos outros. O mesmo acontece em seu feat com SD9, que inicia com o apelido de  ambos na tela (respectivamente Imperador e Fenômeno). Mas além do esporte, suas letras  trazem várias outras referências, que compreendem a diversidade cultural com a qual o artista  convive. Em um dos versos que canta na sua primeira aparição para o Brasil Grime Show, ele  cita o Maicão, personagem de Todo Mundo Odeia o Chris e Kira, protagonista do anime Death  Note. Em Lacrimosa, terceira faixa do NEON EP, Dragon Ball, Naruto e alguns outros animes  são as referências da vez, utilizados para representar o reconhecimento, competitividade e  originalidade que Bakkari alcançou com sua carreira. 

Como não podia deixar de ser, é com essas mesmas temáticas e estéticas que a primeira  parte do álbum é trabalhada. As duas primeiras faixas trazem o já conhecido drill e uma  dicotomia entre o crime e os sonhos de consumo que ele pode realizar. Apesar disso, a escolha  de Bakkari é sempre por desconsiderar esta como a única forma de se realizar aqueles sonhos  e por seguir um caminho de suor, trabalho, frustração até, mas nunca trágico. No refrão de Tony  Montana, primeira música do álbum, ouvimos:”Sei que eles querem ser Tony Montana e eu só  querendo essa grana.” Aqui, é preciso lembrar que Tony Montana é o protagonista do clássico  do cinema estadunidense Scarface, um mafioso, viciado em cocaína e morto de forma brutal. E como uma forma de deixar clara ao menos uma de suas influências para essa temática, na sua segunda aparição para o Brasil Grime Show ele canta alguns versos do DonL no Costa a Costa:  “Eu não quero cozinhar esse crack, primo. Mas eu quero andar de nike, no style, os pano é  gringo. Eu não quero um .12, eu não quero as noite longa e mais stress, mas eu quero as gatas,  eu quero as liga com várias de dez.”.  

Na terceira e na quarta faixa, as coisas já começam a mudar de figura. Em “Deixa Esse  Nego”, o drill dá lugar a um afrobeat melancólico, mas ainda uma letra de afronta, convicção da própria qualidade e, novamente, da recusa do crime como uma possibilidade de  engrandecimento. E assim como as faixas anteriores, aqui há uma boa quantidade de  referências, desta vez a Freddie Gibbs, tekpix, kunai de Naruto e Nelson Mandela. Já em “Alívio”, o esquema de mudança trabalhado em “Deixa Esse Nego” é invertido. O drill reaparece e é a letra que muda, trazendo um refrão verdadeiramente lindo, bem escrito e bem cantado. 

A partir daqui tudo, ou quase isso, que havia sido apresentado como proposta do álbum  é colocado abaixo. Interlúdio chega não apenas como uma faixa que marca essa mudança de  paradigma, mas sim um renascer ao acordar. Mostrando que para além das referências a mil,  dos sonhos de sucesso e do crime rotineiro, existe amor e a escolha de ser feliz. Interlúdio é a 

faixa que marca esse renascer e seu beat é um boombap nada tradicional, como se saído de uma  cena de amanhecer alegre de desenho animado, com uma flauta bem marcante. 

As duas faixas seguintes assentam essa mudança e retomam aspectos trabalhados por  Bakkari no single Acayu e no seu já citado NEON EP. “Palosinha” e “Instinto Selvagem” trazem  de vez o afrobeat e uma temática romântico-sensual que dialoga um pouco com as referências mais recentes que habitam o imaginário coletivo do cenário nacional, como a unha de acrigel. O mesmo se repete em “Natural”, nona faixa do álbum, depois de termos ouvido um Bakkari trabalhando com um beat mais próximo ao eletrônico, com sintetizadores em “Rota do Ouro”.  Algo que, assim como as músicas citadas anteriormente, não é tão comum do artista, mas foi  trabalhado no seu EP. 

Por fim, o álbum se encerra com “Diamantes”. Um trap que traz novamente o desejo e a  previsão de sucesso baseados no reconhecimento da própria qualidade e em todo o esforço que Bakkari tem dispendido para o seu trabalho. Em determinado momento ouvimos: “Só quero  aquilo que é meu.”. Além disso, num país marcado pela instituição familiar da mãe solteira, é  de forma bem singela e que retoma a motivação pela qual o artista e vários outros iniciam suas  trajetórias que Bakkari promete seu sucesso não apenas a si mesmo ou ao cenário do rap  nacional, mas principalmente à sua mãe.

-Bakkari expandindo seu reino com seu primeiro álbum: “Imperador” – Resenha

Por Marcos Roberto Santos Pereira  

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