Vento, Ep da Bagum vem por aí, mas antes confira o curta da banda que apresenta Vento em imagens.
Assistir ao curta-metragem Vento, da Bagum, fez brotar um forte sentimento de saudade em mim. Isso porque as imagens escolhidas pra encadear a narrativa audiovisual ali contida, expressam a liberdade. Liberdade que nos foi tirada por uma doença e por um parasita extremamente nocivo, um ceifeiro disfarçado de presidente. Um palhaço que tá mais pra Pennywise do que pra Bozo.
Cumprir a quarentena nos coloca em um regime de semi cárcere aterrador. A privação da companhia de pessoas queridas, dos passeios ao ar livre, da praia com sua brisa, sal, som e água, que nos colocava em contato com uma atmosfera fresca e plena de satisfação, intensifica a saudade e o desejo de voltar àquela condição.
O lançamento desse vídeo nesse contexto de pandemia recebe toda essa carga emotiva, além de ser ressignificado de acordo com a nova vivência na qual tentamos nos encaixar.
A espinha dorsal do curta é o encadeamento das músicas que compõem o Ep que será lançado posteriormente. O vídeo começa ao som das ondas do mar, suas águas se movendo, efeito do sopro do vento sobre sua superfície. Aos poucos entra Rito de Passagem, a música atua sob as imagens e complementa seu sentido.
A música imprime a carga emotiva às imagens, que mostram a interação entre o ser humano e a natureza. Sua comunhão com elementos que há muito trocou pelo solo de asfalto onde só crescem as estruturas de concreto que aprisionam nossos corpos enquanto os colocamos em modo repous para mais um dia de trabalho alucinante.
Nesse sentido, as imagens animadas por Rito de Passagem, mostram essa reinserção do ser humano na natureza, a purificação de toda poluição emocional, psíquica e física gerada pela vida levada em meio ao ritmo insano da floresta de asfalto e concreto.
Quando entra Quintal, imagens distorcidas dos integrantes da banda surgem, intercaladas por imagens do mar. Em seus rostos expressões leves, que expressam a alegria de vivenciar bons momentos ao lado doa amigos. Há também a representação da percepção alterada pela purificação empreendida pelo rito de passagem. Essa distorção das imagens podem muito bem representar esse estado de espírito renovado.
Graúça representa a integração com essa nova condição, a reinserção no mundo natural. Agora os caras brincam descontraídos, despreocupados, completamente a vontade nessa nova condição existencial, que irá durar por todo período que ali estiverem.
No formato curta-metragem, Vento, mostra um ciclo no qual o ser humano passa por etapas que o levam a se reintegrar com a natureza. Esse movimento é muito bem executado pela Milena Abreu e pelo Alan dos Anjos, diretores e produtores do curta-metragem. Conseguiram fazer com que imagem e som tivessem uma associação perfeita, levando um a refletir no outro.
A locação das filmagens foi a ilha A ilha de Bom Jesus dos Passos, na Baía de Todos os Santos. Este pico de fato possui uma forte conexão com os integrantes da Bagum. De certa forma, coube à Milena e ao Alan captarem a sintonia entre os caras e a paisagem ao redor. A dupla foi responsável por expressar o sentimento interno dos Bagum, muito bem representado pelos sons criados por eles.
A sonoridade elaborada para o Ep gera uma atmosfera que pode muito bem “ser vista” nas imagens captadas pelos diretores. Vento, em seu formato áudio visual cativa pela nostalgia despertada através das imagens que representam de forma intensa a liberdade dos dias pré pandemia. Por um lado emociona, por outro nos entristece, na medida que tudo indica que dias como aqueles mostrado em Vento, parecem estar tão distantes.
Ficha Técnica:
Gravação: Tiago Simões (Cremenow Studios), Diego Santos, Bagum
Mixagem, Masterização: Diego Santos
Produção: Diego Santos, Bagum
Capa: Milena Abreu e Vic Zacconi
Curta-Metragem: Milena Abreu e Alan dos Anjos
Fotos: Milena Abreu