Quais são as barreiras invisíveis que circundam a Billie Negra?
Embora sejam perceptíveis elementos de diversos gêneros nas músicas da Billie Negra, no final das contas prevalece uma sonoridade muito semelhante àquela comum às bandas de rock brasileiras dos anos 80. Há muito da estética das bandas punks deste mesmo período, diferenciando-se pela adição de elementos de outros gêneros como funk, soul e blues.
Também remontam ao punk rock a curta duração das faixas e a preocupação em fazê-las soarem de forma direta, sem a recorrência de ornamentos e floreios para tornar as músicas mais palatáveis. Considero esse o ponto forte do álbum, sua natureza crua e seca, assumindo o risco de ser indigesto num primeiro momento, exigindo do ouvinte a necessidade de retornar ao álbum outras vezes antes de conseguir estabelecer o link entre ouvinte e música.
Ser uma banda der rock numa região do Brasil, cuja cena musical permanece completamente desconhecida pelo restante do país, impõem sérias dificuldade a qualquer banda que tenha pretensões de ir além das barreiras invisíveis da sua própria região.
Isso me leva a fazer uma associação com a metáfora presente no título do álbum Barreiras Invisíveis. Tais barreiras são criadas pelas grandes mídias de difusão cultural, incluindo canais de youtube, páginas de redes sociais, portais de música, dentre outras categorias que englobam as novas mídias culturais, desinteressadas em apresentar ao seu público o trabalho feito por locais fora do eixo Rio/ São Paulo.
Felizmente bandas como a Billie Negra são insistentes, ossos duros de roer, perseguem seus objetivos e lutam até o último instante e conseguem se fazer ouvir. Muito se fala sobre a morte do rock, pode até ser possível defender tal ponto de vista, porém há muitos exemplos contrários, que mostram haver produção constante entre as fronteiras do rock. Muitas vezes falta ir atrás, pesquisar, os sons estão por aí, basta querer encontrá-los.
Formam a Billie Negra:
Carol Caco nos vocais Diego Ricarte na guitarra Diovani Cavalheiro no baixo Pedro Rabello na bateria