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Arrastado & Desacelerado: Igreja S.U.D

Quem fala do cenário underground é visto como um nerd que não tem vida. Quem apoia o cenário underground é visto como um lunático que quer dominar o mundo à base de shows em butecos. E por último, porém jamais menos importante: Quem organiza festivais para este segmento da música é visto como um mendigo, tamanho o olhar de pena que as pessoas focam no zoom ocular… Parece guia de doação para o ”Criança Esperança”.
Mas não é bem assim que a banda toca. Quem fala do cenário underground mostra mente aberta, visão e se comporta da melhor forma possível para o nascimento de qualquer cena: De maneira crítica. Quem apoia o cenário almeja puro e merecido sucesso para as bandas que estão envolvidas no emaranhado de sons tentando o lugar ao sol dentro do complicadíssimo mercado nacional. E para finalizar, quem organiza eventos com essas bandas se mostra plenamente positivo e operante para uma mudança de comportamento.
Mas dentro do meio impresso e dos maiores sites o que rola é o clássico ”deixa que eu deixo”. A responsabilidade chega e ninguém divulga nada no começo por que acha que não vai emplacar, afinal de contas é bem melhor dar a notícia quando todo mundo já sabe, redundância… Essa é a palavra de ordem no meio de escribas musicais.
Só que ainda bem que existem os Blogs. Se você quer conhecer pessoas não muito estáveis mentalmente, recomendo que leia alguns exemplares do auxiliar do Google. Normalmente quem possui um canto nesse bordel obscuro da internet, se identifica e muito, com o cenário underground, até por que os Bloggers são integrantes fundamentais da nata do submundo escrito-musical, tais quais as bandas que eles escolhem como objetos verborrágicos.

E se você procura por Stoner ou Doom, ou até mesmo pelos dois, por obséquio, peço que preste atenção neste nome: Gustav Zombetero, o messias satânico, o arquimedes do som arrastado e desacelerado brasileiro. Um dos grandes responsáveis pela fermentação da jam arenosa e rudimentar nos meios de comunicação e na própria cena é claro.

O reverendo Gustav é mais um louco que procura por justiça na música. A cena Stoner-Doom internacional está bombando, são dezenas de festivais rolando e incontáveis bandas, que é bom deixar claro, surgem a todo momento. Só que o made in Santo André, assim como a malha que é fã deste tipo de som, quer ver esses instrumentais chegando aqui no Brasil e, para tal, ele resolveu queimar seu crucifixo e trazer a montanha para Maomé com a criação da ”Stoned & Doomed Brazilian Compilation”

Primeiro tivemos a edição debutante, a inauguração de um dos projetos que mais sacudiram as poções de vossa alquimia underground de cada dia. O dia era 17 de março e senhores, teve até Blog Russo se rasgando em elogios ao trabalho de pura e absoluta peneiração que o reverendo Gustav elaborou, algo que que não foi nada mais justo, afinal de contas tratam-se de mais de três horas de quebra-quebra e cerca de 35 nomes da música pesada e macia advindos de todo o território nacional.
E depois de colocar tudo isso na praça muitos se perguntaram qual seria o próximo passo do cidadão, e o mais lógico se confirmou (ainda em 2014), com a sequência do projeto mais cabuloso que o som dos anticristos presenciou em um longo tempo, a ”Stoned & Doomed Brazilian Compilation Vol. II” e suas esmagadoras 5 horas de som e incontestáveis 49 bandas, todas lançadas dia 27 de novembro, numa quinta-feira completamente possuída. 
Vejam que no total temos 84 grupos que se comungaram com o organizador do projeto e concordaram em ceder sua arte de forma totalmente gratuita. E o melhor: Disponibilizando o barulho online em links que funcionarão até o próximo apocalipse. Reza a lenda inclusive que se você acender qualquer coisa perto do computador enquanto ele baixa os sons, a máquina explode, tamanho o grau de radioatividade que este trabalho árduo emana das redes.

Extrapolando conexões, assustando pela exatidão na perícia do que existe de melhor dentro da cena e fazendo o que poucos tiveram a coragem de fazer: Colocar um marco zero dentro de um cena que se encontrava sem norte. Mas não pela grana e sim pela música, algo que deveria ser sempre a primeira preocupação.

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