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Aphorism, vindos das “Entranhas do Subsolo”

Aphorism, um dos principais nomes do som extremo nacional lançou no dia 24 de fevereiro mais um petardo avassalador, Entranhas do Subsolo. 

Distraídos Venceremos

Vou falar uma coisa pra vocês, faz tempo que desisti de acompanhar os lançamentos de álbuns, singles, ep´s, clipes e todo tipo de material que envolve a produção musical seja no mainstream, seja no underground.

Tomei essa decisão porque tava me deixando pirado tentar fazê-lo. Porque eu não conseguia, por mais que me esforçasse, dar conta do volume alucinante de lançamentos e tampouco conseguia acompanhar, rastrear o que tava sendo lançado.

A causa nem era preguiça ou impossibilidade humana de concluir esse tipo de tarefa, mas o fato de não ser uma atividade que pague minhas contas, portanto não poderia me dedicar a ela. Tenho que priorizar o que bota comida na mesa. 

Então decidi adotar o ensinamento do grande poeta Paulo Leminski, contido no título de seu livro Distraídos Venceremos. Simplesmente deixei as informações chegarem a mim por simples obra do acaso. Dei uma de Zeca Pagodinho e deixei a vida me levar! Entreguei-me aos braços da distração, ficaria ao encardo dela trazer as boas novas até mim. E a coisa vem funcionando.

Vejam só, no último final de semana saí prum rolê com Ana, uma pessoa muito querida e que não via a tempos, e foi dela, durante uma das muitas conversas que tivemos naquela noite, que veio a notícia de que a Aphorism havia lançado no final de fevereiro um álbum novo e que tinha esse nome pesadíssimo, Entranhas do Subsolo. 

Fala a verdade, muito melhor do que colher esta informação no feed de algum perfil de alguma dessas redes sociais, ou através daquela busca via google, foi tê-la recebido através de Ana durante aquele encontro. Pude ouvir sobre as impressões dela sobre o álbum, sobre as expectativas de colar num show assim que possível e isso me deixou na pilha tanto de ouvir o álbum quanto de escrever essa resenha.

Tem muito mais sabor receber esse tipo de notícia em circunstâncias tão prazerosas, despretensiosa, sem que se espere recebê-la. Na distração e na despretensão de um rolê brota uma pauta, que vai ser recebida com entusiasmo e carinho dadas as condições sob as quais ela surgiu. Pra que acontecer de outro modo?

Paire como uma borboleta, pique como uma abelha 

Aphorism
Arte de capa do Entranhas do Subsolo. Autoria de Ars Moriendee.

Esse trecho de uma frase famosa dita por Mohamad Ali como uma metáfora para representar a essência da arte do pugilismo, pode se aplicar perfeitamente à experiência de ouvir Entranhas do Subsolo.

As faixas curtas e executadas em andamentos frenéticos são como rápidas estocadas de um pugilista que segue à risca as orientações de Ali.

Somos atingidos repetidamente por blocos sonoros intensos e que não sabemos de onde estão vindo e por qual lado virá o próximo “golpe”. Somos colocados em movimento cambaleante que não te joga no chão mas te deixa atordoado, sempre na expectativa da próxima sequencia de riffs. 

E claro, isso seria ruim se eu tivesse descrevendo a experiência de estar no ringue com o Ali ou com o Tyson, no meu caso se aplicaria até se eu tivesse no ringue com o Holly, mas se tratando de expressar a experiência de ouvir uma banda de metal extremo tocando em alto nível, esse relato descreve uma experiência maravilhosa!

Sempre muito acima da média

Muito desse efeito se deve a qualidade técnica da banda aplicada na criação de seus álbuns e shows. Isso vai desde a composição das músicas, elaboração e escrita das letras, passando pela execução dos instrumentos e todos os procedimentos envolvidos na produção e gravação do álbum.

Aphorism em ação.

Nesse sentido, nada de novo ocorre no front. Os caras continuam mantendo a qualidade de sua música em altíssimo nível! O que não podemos deixar de ressaltar se tratar de algo impressiona, dado que a banda se mantem em plena atividade desde sua origem em 2015.

Só vejo motivos para celebração! Uma vez que a passagem do tempo só contribuiu pra deixar a banda ainda mais intensa e em forma. Procurem e tentem encontrar na sonoridade da banda ou neste último álbum o mínimo sinal de desgaste e falhem miseravelmente!

Pode parecer uma observação banal, mas quem acompanha a trajetória de uma banda sabe da dificuldade de se manter o envolvimento, o desejo de tocar e compor acesos, ainda mais quando estamos falando do contexto underground e toda dificuldade que o envolve. 

Não são letras, são poemas

Fala uma coisa pra mim, quantas bandas que se dedicam a uma das muitas vertentes do som extremo usam recursos poéticos para fazer suas letras? Esse pra mim é um dos principais traços do estilo da Aphorism e que contribui para a banda se destacar dentro desse seguimento musical. 

Paulo Meirelles à frente e Raphael Inah e seu baixo ao fundo.

Geralmente as bandas optam por letras diretas, mais interessadas em transmitir uma mensagem que construir uma estrutura com ornamentos e recursos imagéticos que te indiquem possíveis percepções do que os versos guardam.

Eu só dei por mim que cabia uma outra abordagem para a composição das letras dentro do death, do trash, do crust, do black metal e afins quando me deparei com as letras da Aphorism. Puta que pariu!

O Paulo Meirelles, vocalista da banda, é o dono da sensibilidade e da técnica por trás dessas letras, que são poemas, pois funcionam muito bem sem a música. Por isso, clique aqui para ler os poemas que são usados como letras das músicas de Entranhas do Subsolo.

Entranhas do Subsolo faz explodir em poesia materializada na guturalidade vocal, em barulho moldado sob a forja de cordas, aço madeira  e pedais de feito sonoro uma música incandescente, como as lavas vulcânicas incandescentes que brotam do ventre do chão incapaz de reter o que não pode mais ser retido. 

Entranhas do Subsolo”,  novo álbum da Aphorism, está disponível em CD e plataformas de streaming! Abaixo o link pra ouvir o álbum no spotfy seguido de suas informações técnicas. 

Um lançamento em parceria entre os selos Tropical Death  (Salvador/BA), Cospe Fogo Gravações (São Paulo/SP), Cianeto Discos (Não-Me-Toque/RS), Excarnation Records (Curitiba/PR), Two Beers or not Two Beers Records (Goiânia/GO) e Vertigem Discos (Fortaleza/CE).
Gravado por Dill Pereira no Estúdio Ruído Rosa;
Mixado e masterizado por Will Killingsworth no Dead Air Studios;
Ilustrações por Ars Moriendee;
Projeto gráfico por Alexandre Kool.
CD digipack com acabamento fosco e encarte de 8 folhas. Contate a gente ou o selo mais próximo para pegar o seu!
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