Line Up:
Tommy Bolin (guitarra)
Henry Davis (baixo)
Alphonse Mouzon (bateria/vocal/sintetizadores/piano/órgão)
Lee Ritenour (guitarra)
Jay Gradon (guitarra)
Jerry Peters (piano/órgão)
Track List:
”Mind Transplat”
”Snow Bound”
”Carbon Dioxide”
”Ascorbic Acid”
”Happiness Is Loving You”
”Some Of The Things People Do”
”Golden Rainbows”
”Nitroglycerine”
”The Real Thing” – Versão remaster
Mas não é só por causa de um músico que um clássico sobrevive, temos também um arregaço contundente por parte de Lee Ritenour e Jay Gradon (também nas guitarras), fora é claro o restante da banda, que apesar de muito tentar, não consegue interromper as investidas de um impossível, frenético e fulminante Aphonse Mouzon.
Chega a ser brincadeira ouvir um disco com tanta riqueza e pegar a ficha técnica depois e ver 6 nomes apenas. E o mais absurdo é o padrão de intensidade que é estabelecido desde o play inicial com a faixa título, até o final do LP com ”Nitroglycerine” (para quem tem a versão comum), pois quem possui a remasterização deste clássico ganha um gás de 20 minutos de pura explosão improvisada.
O problema é que esqueceram de avisar a banda do Alphonse, por que o pessoal comeu Fusion em todas as refeições. Era teclado de café, guitarra no almoço, batera de lanche da tarde, baixo na janta e uma jam para preencher a madrugada. É inclusive desnecessário evidenciar os resultados. ”Mind Transplant” exala novidade em todas as tracks, o groove e a talk box são elementos latentes em ”Snow Bound” e o peso prova ser um desafiante ridículo para ”Carbon Dioxide”, por exemplo.
O desenvolvimentos dos sons cai para qualquer lado, tudo aparece de maneira brilhante nesse disco e nenhuma nota se perde em remadas encavaladas e mal resolvidas no instrumental. A bateria é base e o que oxigena tudo, por isso que os outros instrumentos ganham tanta liberdade e o resultado é tão amplo.
”Ascorbic Acid” mostra que não faltou cocaína para Mouzon, ”Happines Is Loving You” da uma canja do grandioso feeling desta reunião, ressaltando o feeling colorido do trio Bolin, Ritenour e Gradon. Mas é com ”Golden Rainbows” que a casa vai para o chão. São temas como esse que fazem o mundo girar meu chapa, é quando a guitarra entra e o baixo fica de queixo caído fazendo a base com toque sutis, mas sempre perceptíveis de um visionário Bolin e um inspiradíssimo Ritenour, homem que teve culhões para preencher o recheio (solo) desta exuberância Funkeada.
Entrevista:
1) Sua abordagem para com a bateria é uma das mais intensas que já escutei. Toda vez que escuto seus discos parece que os caras que o acompanham tentam, mas não conseguem acompanhar seu groove! Como você sustenta esse nível? Parece que as baquetas estão sempre um passo a frente de todos!
2) ”Mind Transplant” é um clássico do Jazz Fusion e contém um pouco do talento de Tommy Bolin, um cara que não viveu tempo suficiente para ser o que esse disco prova que ele poderia. O que você tem a dizer sobre ele e a ”Fusion Jam Sessions” (os ensaios do ”Mind Transplant”)?
3) Você tocou com ótimos guitarristas ao longo de sua carreira, mas eu acho que o cara que mais lhe desafiou foi o Larry Coryell. O que você tem a dizer sobre o approach do americano?
4) Quando o movimento Fusion começou você gravou discos fantásticos e acho que sem algum deles, o estilo não teria a forma que possui hoje. Como foi o processo de criar algo para um novo movimento? Você sentia que o Jazz clássico não estava mais tão quente?
Amo todos os estilos de boa musica e quando toquei com o Weather Report nós ajudamos a guiar um novo movimento Jazzístico que foi inspirado pelo grande Miles Davis. Depois eu voltei a tocar Jazz clássico por 2 anos com o McCoy Tyner (pianista do John Coltrane) e antes disso também me juntei ao Larry Coryell And The Eleventh House para seguir agitando a cena em 1973
5) Quais são os seus planos para um novo disco no futuro? Você não toca no Brasil desde 1985, isso seria uma ótima desculpa para um novo show!
6) Além de exuberantes linhas de bateria você também possui uma bela voz. O que muda pra você, musicalmente, quando precisa fazer as duas coisas ao mesmo tempo?
7) Qual é a sua opinião sobre a chamada ”bateria moderna”? O que você acha que mudou?
Eu tenho isso, um estilo único de bateria, ninguém soa como eu e isso é algo que se perdeu hoje em dia.
8) Depois de tantos anos no meio musical, clássicos solo, contribuições, projetos paralelos e supergrupos, o que você ainda quer tentar fazer dentro dessa nova cena?
9) O Funk e o R&B ajudaram você a criar um estilo bastante flexível, pois com todas essas virtudes juntas você consegue ir para o Rock, misturar tudo e no fim do dia criar algo sem limites, algo bastante raro, devo salientar. Você acha que o Funk foi a chave para tanta criatividade?
Até hoje, quando toco um pouco de Be-Bop, sempre adiciono pitadas de Funk, é um elemento que inconscientemente habita tudo que acabo criando.