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Agusa – Tva

Quando o Agusa surgiu do nada em 2014 e soltou um dos melhores discos de Rock Progressivo daquele ano (”Hogtid”), o combo suéco já cravou seu nome no mapa da cena logo de primeira. Com um trabalho deste porte debaixo do braço não tinha como não rechear o calendário de shows e começar a colher os frutos de um debutante que foi elogiadíssimo.

Fator que mostra bastante sagacidade por parte do (agora) quinteto, que para aproveitar o embalo, sem dizer a criatividade, já virou o calendário com o sucessor deste magnífico primeiro full. Senhoras e senhoras: ”Tva”, a segunda cartada dos progressivos (lançada dia 24 de julho de 2015), está ainda mais fina do que a primeira, é digno de pedir truco.

Line Up:
Tobias Petterson (baixo)
Mikael Odesjo (guitarra/violão)
Tim Wallander (bateria/percussão)
Jonas Berge (órgão)
Jenny Puertas (flauta)

Track List:
”Ganglat Fran Vintergatan”
”Kung Bores Dans”

Com um disco mais ousado instrumentalmente e com uma abordagem mais agitada, o Agusa coloca os ouvintes no bolso quando o disco começa. Quando o debutante saiu, destaquei toda a sutileza com que a banda abordou os temas. A bateria caminha com fidalguia, a guitarra era milimétrica, o baixo surgia sempre elementar e o órgão era a chave do som, unia tudo e ainda deixava melodias no ar.
Agora, com a adição de Jenny Puertas na flauta, além do som ganhar em possibilidades, ”Tva” marca também por ser um disco mais ousado dentro da questão estética. Temos apenas duas faixas neste full, duas senhoras e belíssimas suites.
Característica que obrigou a banda a criar algo que mais uma vez beira a perfeição, só que chega com um pouco mais de tato para não deixar tudo muito certinho demais, tudo muito chato. Aqui a pegada é mais visceral, o som é mais vibrante e as viagens continuam com aquela finesse soberba, elemento que chamou atenção da crítica e diferenciou o Agusa das demais bandas que formam a malha da cena Prog atualmente.
Aqui a banda está em seu habitat natural. pela primeira vez o improviso foi a base de cada segunda que eternizou o segundo play da banda. São 40 minutos de puro absurdo progressivo, trips que compreendem mais de 20 minutos em ”Ganglat Fran Vintergatan” e um pouco mais de 18 giros de 60 segundos com ”Kung Bores Dans”, o apogeu da sinergia analógica e orgânica.
A flauta é talvez o detalhe decisivo desta nova faceta. Presente desde os primeiros segundos da primeira faixa, Jenny Puertas é a responsável por brindar esse disco com a liberdade que muito provalvemente abriu as portas para essas duas suítes. 
Antes o órgão era o elemento dominante, mas agora com mais um instrumento na Jam e com temas que exploram a naturalidade da improvisação, a liderança de Jonas Berge ganha concorrência e essa alternância é o que nos brinda com o tom viajante desta gravação.

Temos uma percussão que adiciona uma pulsação extra, deixa a bateria mais ampla e mostra caminhos diferentes para cada um dos envolvidos. O baixo de Tobias Petterson caminha para onde bem entende, a guitarra possui o melhor trabalho do mundo: entra apenas para vertiginosos insights com Mikael Odesjo, a mistura perfeita entre música erudita e Rock.
O som sobe, desce, vibra, se acalma e essa oscilação brilhante, repleta de nitidez para os detalhes e alterações instrumentais que surgem com a mesma naturalidade de mudanças de humor, são o que desconcertam o ouvinte.

O vocal aparece pouco, segue na mesma linha do debutante, apenas cantarolando a melodia enquanto a guitarra sola e abre as portas da percepção para ”Kung Bores Dans”, um repeteco ainda mais intenso do que a primeira parte, porém maravilhosamente balanceado pelo DNA folk da flauta e da viola acústica que contorna a guitarra e seus devanios. É inspirador.

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