Quando nós pensamos em artistas já perpetuados na gênenis da música, sempre nos surgem nomes como Art Blakey e Sonny Rollins, por exemplo. Quando o assunto chega na seara do Jazz, esses são alguns nortes absolutos, músicos de importância histórica incontestável, sem dúvida alguma, mas até eles não conquistaram o mundo sozinhos.
Sim meu caro, até nomes deste calibre estavam acompanhados por peças importantíssimas no background sonoro. Pode reparar, por trás do líder sempre existiu um base escolhida a dedo para servir como alicerce, um verdadeiro porto seguro para o groove.
Se você pegar o Art Blakey como exemplo, em suas diversas encarnações do Jazz Messengers, o baterista teve nomes importantíssimo para o desenvolvimento do Jazz – principalmente nos anos 60 e 70 – a tira colo em seus grupos. Podemos citar o trompetista Lee Morgan, o saxofonista Wayne Shorter e o pianista Thelonious Monk.
No caso do Sonny Rollins, a lenda do saxofone tenor já gravou registros marcantes junto com instrumentistas de marca maior, como o pianista Red Garland – que tocou no quinteto de Miles Davis – além do Paul Chambers (baixo) e do Philly Joe Jones (bateria).
Line Up:
Miles Davis (trompete)
Marcus Miller (baixo)
Bill Evans (saxofone)
Mike Stern (guitarra)
Al Foster (bateria)
Mino Cinelu (percussão)
Track List:
”Jean-Pierre”
”Back Seat Betty”
”Fast Track”
”Jean Pierre”
”My Man’s Gone Now”
”Kix”
De todo o material que o Miles registrou ao vivo, esse é sem dúvida alguma um dos meus preferidos, aliás, se você visitar a carreira do mestre, verás que para cada década de seu grande trabalho, existe no mínimo um disco ao vivo seminal.
Fora que sempre gostei de citar este aqui, pois muita gente gosta dos clichês. Ficar falando sempre do ”Dark Magus” e de outros lives fantásticos é fácil, quero ver procurar discos do mesmo nível que esta grande performance, que para variar, foi arquitetada por Teo Macero.
Sempre vi esse trabalho como uma mistura do marco ”On The Corner”, com uma jam de estúdio de Miles. Perceba que tudo não só é plenamente ouvido, como possui seu espaço, e mesmo parecendo algo até mesmo banal de se perceber, é importantíssimo de ser ressaltado.
Miles Davis foi mestre na arte de deixar sua banda de apoio solta e livre para improvisar. Poucos músicos fazem isso, em alguns momentos o trompete do americano passa batido, mas você sabe que ele está ali, apesar do show da guitarra de Mike Stern nos mais de dez minutos de ”Jean-Pierre”, por exemplo.
Florear a base com fritações das mais variadas ao seu bel prazer, um por vez, dois por vez, ou os três juntos, que é o que norteia toda a insanidade desse Jazz durante mais de uma hora e dez minutos. Repleto de suites lindíssimas e aquela vibração que só um disco ao vivo pode nos proporcionar, a receita dessa gravação é baseada na mais pura e singular química entre grandes mestres.
A minha preferida é ”My Man’s Gone Now”, afinal são mais de vinte minutos de pura eloquência jazzística, mas o disco como um todo é um prato cheio. São dezenas de detalhes, todos emoldurados por um sesxteto que mais parece uma orquestra.