A Gênese Do Rage Against The Machine – Encontros

O Rage Against The Machine certamente já pode ser considerada hoje um dos clássicos do rock pois mesclaram rap-rock com excelência original!

RATM

 “Talvez grandes bandas não nasçam – elas se encontram”. Paul Stenning.

 

A mescla de arte e militância política não foi e nem será uma exclusividade do RATM, pois os mesmos não foram os primeiros desbravadores a navegarem por esses mares, longe disso! Mesmo porque o quarteto nunca reivindicou tal posto no universo da música e muito menos no da política! Mas talvez, essa banda tenha ao longo de sua brilhante carreira realizado esse feito como poucos.

Falar do RATM e não falar de política é uma empreitada quase que impossível, separar a arte do seu ativismo e da sua atuação social não é tarefa das mais fáceis! Para entendermos um pouco melhor sobre o que de fato é o RATM e as suas propostas pouco convencionais (e aqui leia-se pouco comerciais também), precisamos voltar alguns anos na história desse inquieto quarteto que tem na cidade de Los Angeles o seu QG.

Era o ano de 1991 e o recém formado com louvor em Ciências Políticas, pela Universidade de Harvard, Tom Morello buscava colocar em prática o sonho de formar a sua banda, logo que o seu projeto anterior, a banda Lock Up não deu lá muito certo! De passagem por Los Angeles, a convite de um amigo, Morello foi a um tradicional clube da cidade e lá conheceu o jovem Zack, que tinha a inovadora pretensão de ser um rapper em uma banda de rock. Ideia que em parte se assemelhava ao que o rapper Ice T tinha tido um ano antes com o seu projeto Body Count. Estava formada a espinha dorsal do RATM.

Logo Morello convidou o não aprovado em sua banda anterior, Brad Wilk para ser o baterista de sua nova banda e Zack recrutou o seu amigo e baixista Tim Commerford! A escolha do nome da banda foi extraído de uma letra em que Zack De La Rocha havia escrito para sua banda anterior, a Inside Out, e que nunca fora gravada. Nascia assim o Rage Against The Machine!

A força da música do RATM foi além dos discursos incendiários reverberados por Zack De La Rocha encima dos palcos e talvez essa seja uma das grandes diferenças do Rage para outras bandas que abracem hoje propostas parecidas! A poderosa música do RATM serviu de fonte de inspiração para grandes bandas nacionais, artistas como Pavilhão 9, Câmbio Negro, Planet Hemp e Faces do Subúrbio, também beberam da fonte da indignação e do inconformismo propagado pelo Ragers! Utilizando a linguagem que mesclava perfeitamente o rock com o rap. Nem mesmo a famosa Body Count, banda de rock do lendário rapper Ice T conseguiu rasgar a cortina das diferenças e chegar tão forte e tão longe propagando o seu discurso revolucionário quanto o Rage Against The Machine.

Recentemente fomos tomados de assalto com a noticia de uma banda onde os músicos do RATM se juntaram a dois grandes vocalista da história do rap americano. Tom Morelo, Brad Wilk e Tim Commerford fazem a cama onde Chuck D ( do lendário Public Enemy) e B REal (do não menos lendário Cypress Hill) vão soltar suas rimas. O então nomeado Prophets Of Rage já estão fazendo shows no E.U.A., resta-nos esperar pelo disco e verificar se essa “nova” formação alcançara a mesma magia que outrora uns e outros conseguiram em seus respectivos grupos.

DISCOGRAFIA COMENTADA

A banda formada em 1991 e logo no ano seguinte teve o seu primeiro registro fonográfico oficialmente lançado. O disco de estréia da banda foi um grande sucesso de público e de crítica, com seis vocais diferenciados, tendo influência direta de grande nomes do Hip Hop mundial, como Public Enemy, Run DMC, Ice-T, KRS-One, dentre outros. O RATM emplacou grandes músicas já no seu primeiro álbum e que posteriormente figuraria entre os grandes sucessos do rock mundial dos anos 90 – entre esses clássicos temos as incendiárias e desafiadoras: Bombtrack, Killing In The Name, e Bulltet In The Head, pra muitos a melhor track do álbum.

Após o lançamento do bem sucedido disco de estréia o Rage só voltaria a gravar um trabalho de inéditas quatro anos depois. Durante esse hiato muitas especulações em torno de um segundo disco foram levantadas, inclusive se o RATM teria a capacidade criativa de lançar um segundo trabalho tão bom quanto o primeiro ou mesmo se de fato a banda ainda iria continuar.

A resposta à todas essas questões veio em abril de 1996, quando o Rage presentou os seus fãs com o bombástico e não menos polêmico Evil Empire. De cara o disco já é uma grande provocação, a começar pela arte da capa. Trazendo o desenho de um dos primeiros personagens de HQ’s criados pelo Marvel, ainda nos anos 40 – o Crime Buster. Com o título do disco logo abaixo: “Evil Empire”, fazendo uma clara referência ao Imperialismo norte americano, frente a outras nações, sobretudo aos países latinos. A faixa de maior destaque do novo álbum é com certeza Bulls Of Parade, com sua forte crítica a indústria armamentista dos Estados Unidos. Apesar de Evil Empire ser um grande álbum, não repercutiu tão positivamente quanto o disco de estréia da banda. Muito se falou que durante a produção do disco, internamente a banda não vinha passando por um bom momento, o que pode ter refletido no resultado final do disco.

Dois anos após o lançamento de Evil Empire, o Rage começa a trabalhar o disco The Battle Of Los Angeles, mas o disco de fato só iria ganhar as ruas no inicio de 1999, apesar de seus arranjos já estarem quase todos prontos desde o ano anterior. O disco demorou a ser lançado, pois, segundo os integrantes da banda, os mesmos não queriam repetir o que julgaram ser “os erros do disco anterior”. The Beatle Of Los Angeles viria ser o último trabalho de músicas inéditas da banda. Um ano após o lançamento do premiado disco, e para a surpresa de todos, Zack De La Rocha anuncia a sua saída da banda e a dissolução do quarteto.

Ainda em 2000, através de uma manobra de marketing, a gravadora Epic Records (selo pertencente a Sony Music), anuncia o disco Renegades, o trabalho consiste basicamente em regravações de faixas de artistas que ao longo da trajetória do RATM, de alguma maneira serviram de influência e inspiração aos integrantes da banda. Estranhamente bandas como The Clash, Body Count, Led Zeppelin, Public Enemy e até mesmo o Black Sabbath não fazem parte da track list desse último trabalho da banda. Naquele mesmo ano, nos dias 12 e 13 de setembro a banda viria a ter então as suas duas últimas apresentações ao vivo. Apresentações vibrantes e impecáveis, como há muito a banda não havia feito. Essas performances antológicas ainda hoje podem ser conferidas, pois esse material viria a compor o último registro oficial da banda – o CD/DVD: Live At The Grand Olympic Auditorium, deixamos aqui abaixo o link do youtube para vocês se deliciarem.

Por Paulo Brasil

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