Victor Fernandes é vários em Circus, primeiro trabalho autoral lançado pelo compositor pontenovense.
Victor Fernandes é um jovem músico pontenovense apaixonado pelas cordas. Faz uso delas para produzir sons provocantes, intensos, emocionantes.
Sua performance enquanto instrumentista alcança status de excelência, o que já lhe rendeu fama e respeito na cena musical do interior de Minas Gerais. Em busca de novos territórios sonoros, ele mostra em Circus todo seu valor como compositor e arranjador.
O excelente resultado técnico da gravação do single, deve-se ao cuidadoso trabalho realizado pelo produtor musical Matheus Ferro através do estúdio VUSGAZU. Victor Fernandes e Matheus Ferro se conheceram nos círculos musicais de Ouro Preto. Desse encontro surgiu a amizade e o convite para gravar o single. Aliás, a amizade foi um elemento vital para a concretização da gravação e lançamento de Circus.
No final da matéria vocês encontrarão a ficha técnica de todos os músicos e artistas que participaram desse trabalho, todos ligados a Victor Fernandes pelo laço da amizade, bem como pelo amor em comum pela música. Quando se está no início da viagem, o fortalecimento através da companhia dos amigos se torna fundamental para seguir em frente.
Circus não é uma música dada ao ouvinte. Ela oferece uma experiência mais interessante àquele que se propõe a ouvi-la. Isso porque sua natureza não é uniforme, pelo contrário, é disforme, no sentido de apenas ter sua identidade revelada ao final do seu tempo de duração. A disformidade de Circus está em sua estrutura maleável, sempre se alternando em diferentes ritmos, abrindo caminhos que vão se fechando e se abrindo, como num labirinto vivo em que as paredes se transformam a seu bel prazer.
Por isso esse trabalho de Victor Fernandes se constitui para o ouvinte ao longo de sua execução, a música não é dada ao ouvinte de bandeja. Isso parece obvio, mas não é. Zilhões de músicas são dadas ao ouvinte logo que o play é apertado. Aposto que você vai se lembrar de várias músicas que logo em seu início já estava contido todo o restante do processo.
Reside aí a qualidade criativa de Circus. Esse é o elemento original que Victor Fernandes nos oferece através dela. Vou tentar ser mais claro. A introdução de Circus nos induz a esperar um desdobramento uniforme. Isso porque nossos ouvidos, de ceta maneira, estão viciados por estruturas musicais homogêneas, o que nos leva a nos basear naquilo que ouvimos no início para projetar o que será o restante da música.
A introdução começa numa cadência swingada, levando-nos a esboçar, em outros casos, a imaginar movimentos sensuais de dança. De repente este efeito desaparece e aquela viagem na qual havíamos embarcado desaparece, acordamos do que parecia um sonho e somos convocados à uma nova realidade.
Do nada uma marcha se inicia, imediatamente somos jogados em uma nova percepção da música. A marcha segue seu curso, entrecortada por sequências de notas de uma guitarra que lhe confere tensões pontuais e mais uma vez somos “enganados”, imergindo nesta nova atmosfera. Quando a onda está batendo forte e o mundo todo parece ser uma marcha, entra a cadência do samba, freada rapidamente por uma sequência de notas do baixo.
Essa ação estabelece uma espécie de interlúdio, que uma vez terminado dá lugar ao samba pesado!
O samba segue e o interlúdio do baixo volta, agora acompanhado de um efeito sonoro que intensifica a tensão do momento. Essa pequena mudança parece não ser gratuita. Cumpre uma função específica: mostrar que a partir daí os elementos usados na primeira parte da música serão apresentados de forma diferente. A marcha retorna como esteve em sua primeira aparição, mas quando termina e novamente dá lugar ao samba, este ressurge tendo os metais compondo o pano de fundo musical.
É a última transformação pela qual Circus passa. O choque entre a tensão produzida pela melodia junto da cadência rítmica com a suavidade do conjunto de metais gera um efeito dramático prenunciando o término da música. Olhando para o desdobramento da faixa até aqui, acabamos tentados a crer que tudo foi planejado para este momento. A melodia acaba e todos os instrumentos se unem para realizarem o final.
Toda as pontas são bem amarradas por Victor Fernandes, tanto que a passagem de uma parte para outra da música se dá de forma bastante natural. As sucessões ocorrem sem rupturas técnicas que poderiam comprometer o efeito desejado pelo compositor.
Circus mostra que Victor Fernandes é ambicioso. Propor uma montagem musical desse tipo logo na estréia foi ousado, pois a complexidade envolvida exigiu mais que talento ou inspiração. Exigiu competência, criatividade, sensibilidade e muito trabalho.
Victor Fernandes, junto com todos os envolvidos no trabalho de gravação e produção do álbum, mostrou ter todos estes atributos. Mais do que isso, mostrou tê-los e soube usá-los bem!
Ficha Técnica:
Composição: Victor Fernandes
Arranjo: Matheus Ferro, Victor Fernandes e Henrique Nolasco
Produção Musical e Mixagem: Matheus Ferro
Finalização: Henrique Nolasco
Arte: Lucas Freitas/Tudo Desenhado
Foto: Luis Fernando Rocha
Músicos:
Voz, Guitarra Semi-Acústica e Baixo: Victor Fernandes
Guitarra e Violão 7 Cordas: Matheus Ferro
Trompete: Ulysses Antunes Batista
Trombone: Igor Sena
Bateria e Percussão: Henrique Nolasco
Gravado e Mixado pelo Estúdio VUSGAZU