Um bate papo com Jazzmin da ‘Lagrimas’

Conversamos com ‘Jazzmin Readeaux’, vocalista da banda estadunidense ‘Lagrimas’ da cidade de Houston, no Texas. 

Em Português

Jazzmin
Jazzmin cantando a plenos pulmões!!

Conversamos com Jazzmin Readeaux, vocalista da banda estadunidense Lágrimas, uma representante de peso da cena underground dos Estados Unidos. Em uma conversa franca e inspiradora, Jazzmin compartilha a trajetória da banda, suas influências musicais, a importância da diversidade étnica e cultural na composição do grupo e como lidam com os desafios de ser uma banda independente.

Ao longo da entrevista não foram explorados apenas tópicos ligados à música, mas também questões sociais que marcam a experiência da comunidade latina e outras minorias nos EUA, especialmente no atual contexto político. Jazzmin fala sobre o impacto da xenofobia e das políticas anti-imigração, além de como a banda transforma experiências pessoais e coletivas em arte.

A conversa também destaca o equilíbrio entre a arte e as responsabilidades do cotidiano, as dificuldades de manter uma banda ativa enquanto se trabalha e cuida de uma família, e revela os planos da Lágrimas para futuros lançamentos.

Prepare-se para conhecer uma banda que, mais do que música, oferece um espaço de acolhimento e expressão para aqueles que muitas vezes se sentem marginalizados. Leiam esta entrevista forte que não celebra apenas a música, mas também a resistência e o poder transformador da música.

Beijo nocêsis, boa leitura!

Carlim (Oganpazan). Jazzmin, agradeço por ter aceitado conceder essa entrevista pra gente. É muito bom ter a oportunidade de conhecer a história de uma banda que faz parte do underground dos EUA. Dito isso, gostaria que você nos falasse como é ter uma banda do underground estadunidense e o que motivou seus companheiros e companheiras a montar uma banda.

Jazzmin (Lagrimas): Você está totalmente bem! Desculpe pela resposta tardia (rs). Estar em uma banda underground é realmente libertador. É tão bom poder experimentar e não ser limitado por uma gravadora nos dizendo que tipo de música fazer ou quando lançar músicas. 

Também é extremamente bom poder se conectar com nossos fãs individualmente. Muitas dessas pessoas passaram por traumas e realmente nos admiram. É importante deixá-los saber que também somos pessoas que trabalham, têm responsabilidades e têm vidas normais. E que eles podem realizar tudo o que quiserem.

Todos nós amamos tocar música e só queríamos criar algo divertido juntos.

Jazzimin
Jazzmin em ação com a “Lagrimas”

Carlim (Oganpazan): Sei que uma das influências da banda é a Los Crudos, inclusive é de uma das músicas que vem o nome! Você poderia citar outras influências do som de vocês?

Jazzmin (Lagrimas): Na verdade, todos nós ouvimos músicas bem diferentes. De ‘Blackened DBeat’ a ‘Noise’ e’ Midwest Emo’. Pessoalmente, sou muito influenciada pelo antigo ‘My Chemical Romance’, ‘Charles Bronson’, ‘The Blood Brothers’, ‘Heavy Heavy Low Low’, ‘Björk’ e ‘Kate Bush’.

Carlim (Oganpazan): A banda tem uma multiplicidade étnica em sua formação, entre as quais, a latina. Como a cultura latina está presente no comportamento e na música de vocês?  

Jazzmin (Lagrimas): Temos uma música chamada ‘Smells like Pasadena’ que Edgar escreveu. É toda em espanhol. Sou estadunidense de segunda geração por parte de mãe e Edgar nasceu no México. Carregamos nossas raízes latinas com orgulho.

Carlim (Oganpazan): Nos Estados Unidos há uma forte xenofobia contra latinos, reforçada pelo discurso político reacionários, atualmente presente em torno da candidatura de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. De que forma vocês enxergam o atual cenário político por aí? 

Jazzmin (Lagrimas):É nojento. Honestamente, não é nada que eu não esteja acostumada. Eu preferiria que os racistas  por aqui fossem barulhentos e orgulhosos para que eu soubesse com quem não fazer amizade.

Carlim (Oganpazan): Questões ligadas às políticas anti-imigaração e a presença da xenofobia contra latinos é abordada por vocês em suas músicas?

Jazzmin (Lagrimas): Não diretamente. Temos músicas abordando essas mentalidades intolerantes e uma música sobre a batalha constante que os negros têm neste país. Muitas das músicas são muito emocionais e lidam com meu próprio trauma. As pessoas se identificam com isso, então estou muito feliz que elas não se sintam sozinhas. A maioria das músicas tem a ver com minha saúde mental em declínio, sendo uma sobrevivente de abuso doméstico e minha saúde física em declínio.:

Jazzmin
Jazzmin.

Carlim (Oganpazan): Um problema muito comum entre bandas independentes é equilibrar a rotina de um membro de banda com compromissos profissionais. Já que a maioria dos membros de bandas independentes tem outra atividade para pagar as contas. Isso é um problema para você? Como você lida com essa questão?

Jazzmin (Lagrimas): Nós realmente não vemos isso como um problema. Pode ser irritante quando nos oferecem um show incrível, mas nossas responsabilidades não nos permitem muito, mas isso é totalmente ok. Somos todos adultos e entendemos que, embora amemos nossa arte, nossa vida pessoal quase sempre terá prioridade. Todos nós trabalhamos e eu tenho um filho. Apenas esperamos ansiosamente pelas coisas que podemos fazer.

Carlim (Oganpazan): Vocês têm trabalhado em novas composições? Vocês estão preparando algo para ser lançado este ano ou no ano que vem?

Jazzmin (Lagrimas): Na verdade, estamos escrevendo novas músicas agora! Estamos querendo lançar um álbum completo no ano que vem.

Carlim (Oganpazan): Jazzmin, gostaríamos de agradecer pela entrevista. É um prazer ter a oportunidade de apresentar o trabalho de uma banda do underground dos Estados Unidos para o público brasileiro. Antes de encerrarmos, há algo que você gostaria de compartilhar e que não foi abordado nas perguntas anteriores? Fique à vontade para acrescentar o que achar importante!

Jazzmin (Lagrimas): Estamos muito gratas e grato por você ter entrado em contato para uma entrevista! Nosso principal objetivo como banda é fazer com que outras pessoas que se parecem conosco percebam que são capazes de ser vulneráveis ​​e fazer arte se quiserem. Seja uma pessoa de cor, pessoas queer, pessoas trans ou pessoas com deficiência. Não deixe ninguém fazer você sentir que precisa ser forte o tempo todo. Não tem problema sentir. E também não tem problema ocupar espaço, não importa o quanto os outros façam você sentir que não deveria.

In English

We spoke with Jazzmin Readeaux, the vocalist of the American band Lágrimas, a prominent representative of the underground scene in the United States. In an open and inspiring conversation, Jazzmin shares the band’s journey, their musical influences, the importance of ethnic and cultural diversity in the group’s makeup, and how they navigate the challenges of being an independent band.

The interview goes beyond music-related topics to explore social issues that affect the Latinx community and other minorities in the U.S., especially in the current political climate. Jazzmin discusses the impact of xenophobia and anti-immigration policies, as well as how the band channels personal and collective experiences into art.

The conversation also touches on the balance between art and everyday responsibilities, the difficulties of keeping a band active while working and caring for a family, and the band’s plans for future releases.

Get ready to meet a band that offers more than just music—it creates a space for belonging and expression for those who often feel marginalized. Enjoy this powerful interview that celebrates not only music but also the resilience and transformative power of art.

Much love to you all—happy reading!

Carlim (Oganpazan): Jazzmin, thank you for agreeing to give us this interview. It’s great to have the opportunity to learn about the history of a band that is part of the American underground. That said, I’d like you to tell us what it’s like to have an American underground band and what motivated your colleagues to form a band.

Jazzmin (Lagrimas): You’re totally fine! Sorry about the late response lol. Being in an underground band is really freeing. It’s so nice to be able to experiment and not be bound by a label telling us what kind of music to make or when to release songs. It’s also extremely nice being able to connect with our fans one on one. A lot of these people have gone through trauma and really look up to us. It feels important to let them know that we’re people too who work, have responsibilities and have normal lives. And that they can accomplish anything they want.

We all love playing music and just wanted to create something fun together.

Jazzmin
Jazzmin in action with “Lagrimas”.

Carlim (Oganpazan): I know that one of the band’s influences is Los Crudos, and it’s actually one of the songs that gives it its name! Could you mention other influences in your sound?

Jazzmin (Lagrimas): We actually all listen to pretty different music. From Blackened DBeat to Noise to Midwest emo. Personally, I am very influenced by old My Chemical Romance, Charles Bronson, The Blood Brothers, Heavy Heavy Low Low, Björk and Kate Bush.

Carlim (Oganpazan): The band has a multi-ethnic background, including Latino. How is Latino culture present in your behavior and music?

Jazzmin (Lagrimas): We have a song called Smells like Pasadena that Edgar wrote. It’s all in Spanish. I’m 2nd generation American on my mom’s side and Edgar was born in Mexico. We carry our Latino roots proudly. 

Carlim (Oganpazan): In the United States, there is strong xenophobia against Latinos, reinforced by the reactionary political discourse currently presented around Donald Trump’s candidacy for president of the United States. How do you see the current political scenario there?

Jazzmin (Lagrimas): It’s disgusting. Honestly it’s nothing that I’m not used to. I’d rather have my racists be loud and proud so I know who not to befriend.

Carlim (Oganpazan): Do you address issues related to anti-immigration politics and the presence of xenophobia against Latinos in the United States in your music?

Jazzmin (Lágrimas): Not directly. We do have songs addressing these bigoted mindsets and a song on the constant battle black people have in this country. A lot of the songs are very emotional and deal with my own trauma. People relate to it so I’m very happy that they don’t feel alone. 

Jazzmin
Jazzmin in action with “Lagrimas”

Most of the songs have to deal with my declining mental health, being a domestic abuse survivor and my declining physical health. 

Carlim (Oganpazan): A very common issue among independent bands is 

balancing the routine of being a band member with professional commitments. Since most members of independent bands have another activity to pay the bills. Is this a problem for you? How do you deal with this issue?

Jazzmin (Lagrimas): We don’t really see it as an issue. It can be annoying when we get offered an awesome show but our responsibilities don’t allow us too but that’s totally ok. We’re all adults and understand that while we love our art, our personal life is going to almost alway

s have priority. We all work and I have a son. We just look forward to the things we are able to do. 

Carlim (Oganpazan): Have you been working on new compositions? Are you preparing anything to be released this year or next year?

Jazzmin (Lagrimas): We’re actually writing new music right now! We’re looking to release a full length next year.

Jazzmin
Jazzmin.

Carlim (Oganpazan): Jazzmin, we would like to thank you for the interview. It’s a pleasure to have the opportunity to showcase the work of an underground band from the United States to the Brazilian audience. Before we finish, is there anything you’d like to share that wasn’t covered in the previous questions? Feel free to add anything you find important!

Jazzmin (Lagrimas): We’re just really grateful that you reached out to interview! The main goal of us as a band is to make other people who look like us realize that they are capable of being vulnerable and making art if they’d like. Whether it be a person of color, queer folk, trans people or disabled people. Don’t let anyone make you feel like you have to be strong all the time. It’s ok to feel. And it’s also ok to take up space, no matter how much others make you feel like you shouldn’t.

 

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