Já faz algum tempo que pesquisadores ocidentais de música se voltaram para o continente africano. E só pra variar, mesmo depois de dezenas de séculos das formas mais variadas de exploração, degradação e genocídios o lugar não cessa de nos presentear com força e beleza.
Sempre me admiro com os movimentos da história. Alguns séculos atrás homens e mulheres foram tornados escravos nos Estados Unidos da América, vindos de África, e portadores de uma imensa potência de resistência, criaram arte. Diante de tanto sofrimento e opressão, driblando as proibições e cultivando algodão, cultivaram também as worksongs. Um tempo depois e da mesma forma, os descendentes destes escravos criaram a forma mais importante da música popular ocidental no século XX: o Blues.
Eis que surge de dentro do povo Tuareg, um guitarrista sui generis, renovando essa linguagem musical e de certa forma repetindo a história no continente de origem daqueles.
Bombino é seu nome artístico. Refugiado de guerra, tendo perdido inclusive dois membros de sua banda (mortos durante uma rebelião de seu povo contra o governo de Níger), o músico é fã de Jimi Hendrix e John Lee Hooker, e vem causando sensação depois do seu terceiro disco, Nomad de 2013.
Dan Auerbach, guitarrista do The Black Keys, viu seus vídeos na internet e ficou tão impressionado que convidou o cara para gravar um disco com ele. Logo mais escreverei um artigo sobre o Blues do Deserto (ou o Blues Africano), falando mais sobre alguns outros nomes importantes deste estilo.
Enquanto isso, vá esquentando as válvulas com essa apresentação bombástica que me fez conhecer o grande talento de Bombino.