John Mayall’s Bluesbreakers – Live In 1967

Quando se fala em John Mayall’s Bluesbreakers, o primeiro nome que surge na mente das pessoas nem é o do idealizador do projeto, o fantástico John Mayall, mas sim do futuro slowhand, o ainda não deus (Clapton Is Not God Yet), Eric Clapton. Mayall sempre teve uma mão para guitarristas que é simplesmente absurda, Clapton é o mais famoso, mas é válido ressaltar que ainda teve Mick Taylor, Walter Trout, Coco Montoya, Harvey Mandel, Peter Green e mais recentemente, Rocky Athas.

Só que no geral os fãs se lembram apenas de Clapton e Mick Taylor, pois ambos ganharam fama global depois de tocaram com o Blueseiro multi instrumentista. Taylor por sua grande passagem pelos Stones, gravando os trabalhos mais famosos da banda e Clapton por formar o Cream e depois sair numa das carreiras solos de maior sucesso na história da indústria fonográfica.

Só que Peter, assim como Eric, só gravou um disco com os Bluesbreakers, falo sobre o excelente ”A Hard Road”, LP de melhor ou mesmo nível do clássico ”Bluesbreakers With Eric Clapton”, lançado um ano antes, em 1966. De fato, notamos que Peter Green não é mais lembrado por falta de sorte, pois trata-se de um músico do mesmo gabarito de seu conterrâneo e, quando substituiu Clapton, mostrou talento na sua única gravação com o grupo e continuou esbanjando técnica quando saiu em 1967 para formar o Fleetwood Mac.

As the band walked in the studio I noticed an amplifier which I never saw before, so I said to John Mayall, “Where’s Eric Clapton?” Mayall answered, “He’s not with us anymore, he left us a few weeks ago.” I was in a shock of state but Mayall said, “Don’t worry, we got someone better.” I said, “Wait a minute, hang on a second, this is ridiculous. You’ve got someone better??? Than Eric Clapton???” John said, “He might not be better now, but you wait, in a couple of years he’s going to be the best. Then he introduced me to Peter Green.

Mick Vernon, produtor da Decca.

E para comprovar que Peter foi, é e sempre será um dos grandes pilares da guitarra, John Mayall tratou de desbravar suas gravações engavetadas e surpreendeu o mundo ao resgatar algo que poucos sabíamos que existia, falo de ”Live In 1967”. Registro ao vivo lançado em 2015 (mais especificamente no dia 21 de abril),  que foi gravado po um membro da platéia, num dos primeiros momentos que Peter subiu ao palco com os monumentáis Bluesbreakers, comprovando toda sua importância dentro da banda, relembrando seu nome em momentos de baixa e encerrando um ciclo que para ele recomeçou no Fleetwood e para Mayall voltou aos trilhos com Mick Taylor.

Track List:
”All Your Love”
”Brand New Start”
”Double Trouble”
”Streamline”
”Have You Ever Loved A Woman”
”Looking Back”
”So Many Roads”
”Hi Hell Sneakers”
”I Can’t Quit You Baby”
”The Stumble”
”Someday After Awhile”
”San-Ho-Zay”
”Stormy Monday”

Além de resgatar uma pérola da curta fase de Peter Green, esse ao vivo, gravado em apenas um canal, pelo holandês Tom Huissen, eterniza um momento que apesar de curto, foi de grande relevância e qualidade dentro não só do âmbito do Bluesbreakers, tampouco de Peter Green, mas da música de forma geral.

E como essas fitas foram gravadas em 1967, é válido ressaltar o trabalho do produtor Eric Corne, que junto de Mayall, conseguiu resgatar as gravações e repaginar o som praticamente Low-Fi das mesmas, cumprindo a tarefa de nos brindar com mais de 70 minutos ao som do blend único de Blues-Jazz-Rock do incansável John Mayall.

Aqui temos um set list bastante característico da época e um show realmente excelente, com uma formação bastante compacta e com uma riqueza de som que é a prova viva do grau de qualidade e inspiração que a banda atravessava no período, onde, vale ressaltar, segue com trabalhos fantásticos durante o resto dessa década e da próxima.

Temos aqui 13 temas, todos eles muito bonitos e com grandes standards do Blues como ”I Can’t Quit You Baby” e ”Stormy Monday”, por exemplo. O ”problema” é que esse registro pode não agradar os ouvidos que não apreciam nada que não esteja dentro dos padrões Dolby 5.1. Já ressaltei que as gravações foram feitas de forma underground etc e tal, mas o que muitos precisam entender é que foram anos envelhecendo em tecnologia analógica e o trabalho de estúdio que Mayall teve foi tentar tirar os efeitos do tempo o máximo possível.

É uma pena não ter nada ao vivo com qualidade superior, pois Peter Green é de fato um músico fabuloso e merecia algo mais caprichado, só que a história não permitiu que ele ficasse mais tempo, isso é tudo que existe gravado.

Mesmo assim, acredito que o pack é bastante satisfatório, está recheado com o fino do Blues e eterniza uma line up gloriosa e que não gravou apenas aquele ”dico com o Clapton”, os caras fizeram muitos mais, teve ”Jazz Blues Fusion”, também, apenas um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos. O caráter ”baixa qualidade” ainda aproxima o ouvinte do Blues. ”Have You Ever Loved A Woman” é uma indagação poderosa!

Articles You Might Like

Share This Article