Transafoxé lança primeiro single e aponta novos caminhos para a música baiana do século XXI, com uma mistura instigante do tradicional ao eletrônico!
A música baiana do século XXI tem demonstrado nessa segunda década uma força absurda, em diversos níveis artísticos. São muitas manifestações estilísticas que passam por diversos gêneros musicais e também conta com a mistura de estilos, o que tem nos apresentado cada vez um colorido maior. A progressiva diminuição da força da Axé music talvez seja a propiciadora do aparecimento dessas manifestações, ou talvez foram os anos de hegemonia artística dessa industria, ao mesmo tempo que sua profissionalização da música em terras baianas que tenha aberto caminho para outros atores, quando de sua evidente derrocada. O fato é que para quem está antenado, a cada dia mais e mais projetos, artistas, discos de estilos os mais diversos aparecem, pipocando em nossas timelines.
Se alguns ainda reclamam da falta de bons artistas na nossa música, isso se deve evidentemente a dois fatores: a preguiça ou ignorância individual e ou a falta de cobertura da mídia oficial. A todo momento somos convocados a ver novas expressões surgindo e se essas mesmas expressões não encetam o sucesso midiático, é exatamente por falta de meios de escoamento da produção. Se tomarmos uma das maiores expressões da música baiana dos últimos anos, a banda I.F.Á Afrobeat, teremos um excelente signo para entender esse processo todo ao qual estamos nos referindo.
A banda que trabalha na linha do Afro beat, tem em sua formação diversos instrumentista que produzem do reggae ao rap, com uma qualidade tão absurda quanto pouco conhecida. E é de lá dessa banda, que temos um novo projeto instigante, propondo um caminho pouco explorado mas prenhe de potencial.
TRANSAFOXÉ é um projeto fruto da reunião do guitarrista e produtor musical Átila Santtana e do saxofonista e arranjador Vinicius Freitas. Os dois que fazem parte da formação da I.F.Á, como seus colegas, tiveram que criar um outro projeto pra dar vazão a suas inquietações musicais. E quem ganha com essa iniciativa somos nós.
A dupla convocou o grande mestre Gabi Guedes para colaborar na confecção de seu primeiro single, o impactante, tradicional e inventivo “Saudação Agabi (2018)”. E esse trio produziu uma deliciosa incursão no Ijexá transado através de uma mistura inusitada de sample, com o tempero de uma melodia deliciosamente swingada. A conjunção do saxofone, percussão, guitarra e samples numa formação deliciosa, formada por feras da música, apontam um caminho que certamente será explorado pelo projeto com a mesma excelência a hora apresentada.
Devo confessar que ao ouvir pela primeira vez achei estar ouvindo o Head Hunters do mestre Herbie Hancock em contraste e conjurando nosso afoxé, para produzir algum tipo de transe revolucionariamente africano. Mas não, era apenas – apenas? – o resultado do estudo de três músicos sobre as bases na nossa música diaspórica e a consequente utilização de samples. A experiência se mostra frutífera também quando percebemos que os caras cruzam a herança musical recebida, por cada um dos integrantes, em suas caminhadas.
A experiência de Átila Santtana com sua guitarra e por suas horas de produção em estúdio se somam às experiência de Vinicius Freitas nas Orquestras Rumpilezz e na Orquestra Afro-Sinfônica. O acréscimo nada supérfluo do grande mestre Gabi Guedes, traz a legitimidade de alguém que possui uma vida inteira dedicada a percussão e ao ensino, fruto do aprendizado no terreiro de Mãe Menininha do Gantois, técnica e espiritualidades afiadas. Um mestre que carrega consigo e transmite toda a força da nossa música negra.
A dupla promete lançar em breve mais três singles, que já estão em fase de pós produção, então já aproveita e curte o canal deles no youtube para receber os próximos lançamentos.
Sem mais delongas, ouça essa maravilha: