Baiana System tá com som novo na praça!

Invísivel, nova música da Baiana System, lançada em videoclipe, conta com participação de B. Negão. Porém, o importante mesmo é a mensagem transmitida pela comunhão entre som e imagem neste novo trabalho da BS.

Quem acompanha o trabalho da Baiana System sabe do interesse da banda em abordar temáticas sociais em suas letras. Invisível, lançada oficialmente ontem, às vésperas da Festa de Iemanjá, entra para o repertório de protesto dos caras. O conteúdo forte da letra expõe o grave problema daquelas pessoas, que devido à sua condição social, são “invisíveis” aos olhos do estado. Na verdade vai mais longe, mostrando que a presença dessas pessoas não é sequer notada pelos seus concidadãos.

Invisível é a primeira composição inédita lançada pela Baiana System em 2017. O lançamento se deu no formato de videoclipe , disponibilizado no canal oficial da banda no You Tube. “Você já passou por mim/ E nem olhou pra mim”. Esses versos são repetidos no início da música quando no vídeo aparecem duas figuras cujos rostos não podem ser identificados, pois estão cobertos.

A caracterização dessas duas personagens iniciais vai demarcar a distinção entre aqueles que são “visíveis” daqueles que são “invisíveis” no videoclipe. Uma personagem está caracterizadas com roupas azuis e brancas, cores da BS, além de usar a máscara hexagonal, marca registrada da banda. Ao lado dessa personagem há outra. Trata-se de um homem sem camisa cujo rosto está completamente envolto por uma corda de grosso diâmetro, impedindo sua identificação. Pause no segundo 13 do videoclipe. O quadro mostra as duas personagens uma ao lado da outra. 

Aperte o play e continue assistindo. Vejam que aos poucos o número de pessoas trajando roupas azuis e brancas com o rosto coberto pela máscara hexagonal azul aumenta. Uma espécie de procissão se forma, percorrendo as ruas. Em dado momento surge uma cena com imagens de santos caracterizadas como as demais pessoas. Essas duas cores são usadas para mostrar a ligação existente entre todas as pessoas que as usam. E porque não, sua ligação com aquelas divindades, certamente dedicadas a proteger aqueles feitos à sua imagem e semelhança. Elas se reconhecem, se veem, estão em contato umas com as outras, compartilhando harmonicamente o espaço social. 

Dessa maneira o homem negro sem camisa com a cabeça coberta pela corda, ganha destaque em meio ao mar azul e branco. Contudo, aquilo que o destaca não o torna visível. Ele é invisível justamente por sua diferença, que o exclui do convívio social, fazendo com que os iguais não o reconheçam. Podemos ir mais longe e dizer que está desamparado tanto pelos “visíveis”, quanto pelas divindades por eles reverenciadas.  

Em outro momento aparece um homem também sem camisa, contudo, sua cabeça está encoberta por um saco gigantesco cheio do que parecem ser latinhas de cerveja vazias. Nesse momento percebemos que há outros invisíveis, que são iguais não pelas cores que vestem, mas pelos atividades que exercem. Tal caracterização desses dois personagens revela sua condição social, trabalhadores informais, realizando atividades desvalorizadas pela sociedade, o que joga uma capa de invisibilidade sobre seus corpos. 

O samba-reggae revestido por camadas techno embala cadencialmente o andamento da música, que se apresenta em movimentos suaves, dando leveza à composição. Todos os elementos originais identitários da Baiana System estão presentes. A guitarra baiana e sua sequencia melódica paletada, amparada pelo lirismo vocal do fluxo quase rapper com desenhos vocais característicos do pagodão. A melodia vocal sempre na interseção entre duas definições. As mesmas matérias primas, remodeladas, oferecendo novas formas musicais. O acréscimo dos vocais infantis aumentam a leveza da música, levando-a à serenidade. 

Temática pesada, trazendo à tona problemas graves contrastando com a leveza melódica, harmônica e rítmica, o que dá ainda mais peso às questões abordadas pela letra. Se quer tornar evidente o feio, coloque-o ao lado do belo. Reside na exposição dessa contradição a força da mensagem transmitida por Invisível.  

Você deve estar se perguntando: “E o B. Negão?”. Bom, se você assistiu ao videoclipe e não o identificou, você não faz ideia de quem o cara seja!

Ficha Técnica:

Roteiro: Filipe Cartaxo / Filipe Bezerra . Direção: Jonga Oliveira / Filipe Cartaxo . Cinematógrafo: Llano . Montagem: Jonga Oliveira | Filipe Cartaxo . Finalização: Anonimaprod . Produção Executiva: Filipe Cartaxo e Jonga Oliveira Assistentes de Direção: Yve Salazar / Roberta Moraes / Filipe Bezerra . 1o Assistente de Câmera: Gabriel Trajano . 2o Assistente de Câmera: Daniel Carvalho . Logger: Edilton Brito “Irmão” . Produção: Pirulito / Maurício Fontoura . Platô: Inailton Oliveira Arte: Filipe Cartaxo / Filipe Bezerra . Cenotécnico: Bruno Peixoto . Auxiliar de Cenotécnica: Azezildo Francisco . Figurino: 220 Voltz Eletricista: Adelson Albergaria “Rato” . Maquinista: Lander Costa . Assistentes de . Maquinária: Thiago Borges / Matheus Albergaria .Assistentes de Elenco: Renata Berenstein / Karen Souza . Motorista Caminhão: Marivaldo Leal Motorista Van: Juan Carlos Bonfim . Camareira: Nete Damascena . Limpeza: Ana Cláudia Galeão . Ajudantes de Set: Joseilton Santos e Edgar Pereira

ELENCO

BNegão
Azezildo Francisco
Matheus Albergaria
Maurício Fontoura

CRIANÇAS

Ana Clara . Alice . Ariane . Assafe . Cailane . Caique . Camila . Davi Lins . Davi . Ewerton . Gabriel . Giovane . Isaura . Jamile . João Pedro . Johan . Lorena . Lorrane . Lucca . Luiza . Marcele . Maria . Marina . Mateus . Stephane . Tatiana . Vitória.

REALIZAÇÃO

Máquina de Louco
Jungleman Films
Anonimaprod

APOIO
Fundo de Quintal

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