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10 Filmes sobre mulheres e a história da música

Selecionamos 10 filmes fantásticos que trazem reflexões importantes sobre as mulheres e a história da música no século XX

Mulheres

A história é um forte aliado para refletirmos sobre a luta das mulheres em nossa sociedade, e quando se trata de música possuímos farto material de documentários e filmes, que principalmente nos últimos anos tem chegado às telonas e aos streamings. Se é muito doloroso assistirmos às violências sofridas por grandes nomes da música, há a possibilidade de tirarmos dessas experiências ensinamentos e reflexões. Os filmes não foram escolhidos por alguma espécie de sadismo, algo que durante o processo de pesquisa cheguei a me questionar. Porém, eles refletem em cores muito vivas a estrutura de nossa sociedade. 

Mesmo mulheres geniais e combativas, invariavelmente passam por algum nível de violência por parte de homens, e quando se trata de mulheres negras o combo traz o racismo de lambuja. Quando dizemos que Março não basta, e que o 8 de março não é uma data romântica mas antes um momento de cerramos fileiras contra o machismo, não é à toa. As histórias aqui reunidas, nos apresentam artistas grandiosas mas também muitas histórias tristes e até a morte em alguns casos, e não por serem obras de roteiristas sensacionalistas. A doentia sociedade em que vivemos não poupa ninguém, mas no caso das mulheres a variedade de violência é muito grande. 

Enfim, resta-nos propagar a luta por um futuro em que contar história de mulheres que abrilhantaram o mundo de beleza não traga no bojo tanta crueldade. Selecionamos 10 filmes que tratam do importante papel histórico das mulheres na música, e em diversos gêneros musicais distintos. Conheça:

O Ocaso de Uma Estrela (1972)

Uma das maiores vozes do jazz, Billie Holiday também foi a primeira artista – entre homens e mulheres – a receber uma cinebiografia. Com direção de Sidney J. Furie, o projeto é uma produção da Motown que escalou Diana Ross para interpretar a grande Lady Day, Baseado em sua autobiografia Lady Sing The Blues publicada em 1956, três anos antes da morte da cantora, é um filme necessário porém muito dolorido. Billie Holiday passou por muitos problemas durante a infância e diversos níveis de violência que comprometeram sua saúde mental para o resto da vida. O abuso de drogas foi uma chaga que ela carregou durante toda a sua vida adulta e um dos fatores que ajudaram a encurtar uma cantora que não possui par na história da música. Se hoje, na segunda década do século 21 começamos a ver surgir cinebiografias de artistas do jazz, está o seu precursor O filme resistiu muito bem a passagem do tempo, e além Diana Ross, traz ainda os atores Billy Dee Williams no papel de um dos maridos da Lady Day, Louis McKay e a lenda Richard Pryor no elenco. O filme também possui uma trilha sonora original que além da excelente Diana Ross, traz também o Michel Legrand.

Fama (1976)

Aqui um filme ficcional, totalmente, porém em parte inspirado na carreira das The Supremes, Sparkle (1976) foi um fracasso em seu lançamento, porém hoje possui muitos admiradores. O filme traça um retrato vívido do Harlem do final dos anos 50 e também aborda com rigor os problemas que mulheres enfrentam na sociedade de modo geral, seja na música, seja em seus relacionamentos. A alegria de descobrir-se na arte, as promesas de futuro e ascensão social que a música representa para muitas mulheres negras e periféricas e obviamente as violências estão no filme que teve direção de Sam O’Steen. O roteiro original é de Lonne Elder que foi indicado ao Oscar pelo roteiro de Sounder (1972), e muito da qualidade presente no filme se deve a ele. 

O filme também apresentou ao mundo a jovem Irene Cara, então com 17 anos, no papel principal. Curiosamente, o filme recebeu uma refilmagem em 2012 que teve a cantora Whitney Houston em seu último papel no cinema, ela que faleceu tendo enfrentado problemas muito semelhantes aos que a personagem Sparkle enfrentou no roteiro original.

A trilha sonora do filme traz composições do mestre Curtis Mayfield e é interpretada por ninguém menos que Aretha Franklin!   

A Rosa (1979)

Nesse drama, Bette Midler interpreta uma cantora numa trilha de autodestruição e em alusão a carreira da cantora Janis Joplin. A impossibilidade de engatar um relacionamento verdadeiro de ordem pessoal, o temperamento autodestrutivo, abuso de drogas e obviamente o enfretamento ao machismo levam aos poucos a Rosa para o fundo do poço. Dirigido pelo Mark Ryndell o filme ganhou o Globo de Ouro pela trilha original, assim como a Bette Midler ganhou o prêmio de melhor atriz e nova estrela do ano em cinema. E certamente, essa é a primeira grande atuação da Bette Midler que além da excelente atuação mostra que também é uma excelente cantora.

O filme também aborda a relação de exploração de uma cantora levada a exaustão física e psicológica por um empresário inescrupuloso, que se compraz em pressiona-la e savotar sua vida pessoal. Vale muito a pena ver o filme e ouvir a trilha sonora original!

O Destino Mudou Sua Vida (1980)

Coal Minner’s Daughter (Filha de Carvoeiro) é um filme dirigido por Michel Apted, o título do filme foi tirado de uma das canções de sucesso da grande Loretta Lynn, que nasceu em uma comunidade pobre de Butcher Hollow, Kentucky. Sissy Spacek ganou o Oscar de melhor atriz por sua atuação como Loretta e contracena com o Tommy Lee Jones que faz o papel do seu marido Doolittle Lynn, O filme conta a história de enorme sucesso desta que é uma das maiores cantoras da história da música country desde seu passado de pobreza passando pelo casamento aos 15 anos e o seu posterior envolvimento com a música. Loretta ganhou um violão do marido e foi convencida por este a se apresentar ao vivo, com o enorme sucesso ela passa a compor o seu próprio material, e aí o resto é história. 

Loretta Lynn sempre foi uma cantora combativa dentro do country produzindo canções a favor do controle de natalidade, em apoio às viuvas do Vietnam, por exemplo. Em 2004 ela lançou um disco com a produção do Jack White. Excelente filme e uma cantora tão excelente quanto!  

Um Sonho, Uma Lenda (1985)

Uma cinebiografia dirigida pelo diretor inglês de origem Tcheca Karel Reiz, um dos responsáveis pela fundação do movimento Free Cinema, “Sweet Dreams” aborda a vida da cantora Ptsy Cline. Uma lenda da música country, mulher combativa e que morreu ainda jovem, Patsy Cline é responsável por diversos sucessos que permanecem aí até hoje, a exmeplo de “Crazy”. O filme traz a excelente Jessica Lange no papel da cantora contracenando com o ED Harris, seu marido e figura imatura que ofuscado pelo imenso sucesso da cantora, não suporta ser ofuscado. O filme aborda a liberdade e a idependência que Patsy tinha conquista enquanto mulher antes da fama, a paixão pelo seu marido e uma conjugalidade doentia, com agresões e abusos sofridos pela cantora.  Patsy Cline foi uma excelente cantora que inclusive rompeu com o seu talento a bolha do country e se firmou como uma excelente cantora de standadars românticos, merece ser redescoberta!

Tina – A Verdadeira História de Tina Turner (1993)

Avisamos que aqui temos um filme que beira o thriller de terror, a relação de Ike e Tina Turner durou mais ou menos do começo dos anos 60 até até quase o fim dos 70. E é nesse pe´riodo que o filme se centra, o que imprimi uma constância de violência ao longo do filme que é dolorosa de assistir. Dirigido por Brian Gibson, o filme é estrelado pela dupla Angela Bassett e Lawrence Fishburne respectivamente Ike e Tina Turner. Narrando a sua infância já inclinada e rmúsica nas siuas particiapções naquela altura já incendiárias no coral da Igreja Batista da cidadezinha Nutbush (Tennessee). Abandono parental, violência conjugal, manipulação psicológicas foram a sina da Tina turner até o final dos anos 70 e ainda assim produzindo música de altissíma qualidade. Uma pioneira do rock’n roll negra e que hoje não encontra o seu devido reconhecimento entre as geraçãoes mais jovens. 

Violeta Foi Para o Céu (2011) 

A história de opressões na américa latina não deixou de gerar mulheres que através de sua arte lutaram por uma sociedade mais livre. Violeta Foi Para o Céu é uma dupla oportunidade, conhecer a artista chilena Violeta Parra e o diretor Andrés Wood (Machuca). Cineasta autoral, Wood traça um perfil cinematográfico muito bem construído dessa multiartista importante que foi Violeta Parra, baseado no livro escrito por seu filho Angel Parra, “Violeta se fue a los cielos”. A cantora e compositora se insere numa tradição de cantoras fundamentais para a música da américa latina de luta e resgate de formas populares; Violeta teve uma infância pobre e logo cedo foi obrigada a trabalhar, sua vida é obviamente digna de diversos filmes, dada a sua importância para a cultura chilena. Mulher de temperamento forte, Violeta é apresentada em seus trabalhos de resgate da cultura popular chilena, a países europeu e em Paris onde apresentou seu trabalho como artista plástica, sendo a primeira latino americana a ter uma exposição individual no Louvre. 

 

Bessie (2015)

Uma das cinebiografias mais bem realizadas da história do cinema, essa produção da HBO conta a história de uma das vozes mais importantes da história da música, a grande Bessie Smith. Uma das vozes responsáveis pela popularização do blues nos anos 20 e 30 do século passado, Bessie tem Queen Latifah no papel principal. A direção e o roteiro do filme são da diretora negra Dee Rees (Parriah) que conduz muito bem a história do contato da Bessie com Ma Rainey, interpretada pela excelente Kamryn Johnson, outra figura fundamental da música negra americana. Bessie alcança fama, e se torna uma das artistas mais bem sucedidas da música americana, tocando e vendendo quase sempre exclusivamente para o público negro. Mulher negra LGBTQIA+ Bessie recebe nesse filme um retrato muito bem construído, sensível e Queen Latifah encarna o papel com o vigor necessário. Uma vida que há muito já devia ter sido devidamente retratada chegou às telas com quase 100 anos de atraso, mas recebeu um obra a altura. A trilha sonora do filme traz a Queen Latifah interpretando músicas da Bessie Smith, ela mesma uma lenda viva do Hip-hop. Escute mas não deixe de ir na fonte original!

Nina (2016)

Pianista de formação clássica, cantora e compositora, Nina Simone habita hoje o panteão dos gênios que fizeram música no século XX.Dona de um estilo inconfundível de tocar e cantar, Nina Simone começou a fazer música popular notadamente o soul e o jazz, por não ter sido aceita em uma escola racista de música clássica, que após a sua morte lhe outorgou o título de doutora honoris causa. E foi contra esse sistema racista norte americano que a artista sempre levantou a sua voz. Dirigido pela então estreante Cynthia Mort, Nina (2016) centra a sua narrativa nos últimos anos da vida da cantora, e no seu relacionamento com o seu enfermeiro e depois empresário Clifton Henderson. 

Estrelado por Zoe Saldana e David Oyelowo (Selma), o filme apresenta alguns apontamentos interessantes sobre como o racismo, mas também o machismo adoeceram Nina Simone. E da mesma sorte, nos apresenta uma figura masculina muito diferente do comum na pessoa do Clifton Henderson. Vale muito a pena conhecer. 

Roxanne (2017)

Mulheres são constantemente apagadas, seja do cenário atual, através do boicote e da invisibildiade, seja da própria história da música. Roxanne Shanté foi uma grande precursora do rap americano mas que se afastou do cenário por conta de uma série de violências que sofreu dentro e fora da música. Certamente não é fácil ser mulher em nenhum gênero musiccal e no rap não seria diferente. Segundo filme do jovem diretor Michael Larnell, o filme mostra como Roxanne (Chanté Adams) era zica total nas batalhas de rima, batendo ainda muito novinha em qualquer marmajnjo que se ousasse em desafia-la na Cohab de Nova Iorque: Queensbridge,

Roubada, agredida, tendo que comprar sua filha do ex-marido, Roxanne Shanté é um nome incontornável no hip-hop mundial, e esse filme faz o importante papel de resgatar a história da mulher que além de uma MC cabulosa, ainda inspirou o jovem Nasir a se tornar o Nas. 

-10 Filmes sobre mulheres Importantes na história da música

Por Danilo Cruz 

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