(What’s the Story) Morning Glory? completa 20 anos

oasisHá alguns momentos em nossas vidas que nos deixam marcas profundas, e as grandes obras de arte possuem esse poder. A razão disso, caro leitor, ninguém conseguiu descobrir ainda, mas decerto sentimos tal poder na fruição artística. Falemos da música em especial. Essa singular expressão estética que mais do que qualquer outra forma de arte está visceralmente vinculada às nossas emoções.

Afirmação exagerada? Talvez sim, talvez não. Porém, para corroborar meu ponto de vista argumentemos da seguinte forma: qual outra expressão de arte que pode ser objetivada através da linguagem escrita que não necessita ser compreendida pelo sujeito receptor e mesmo assim produz emoções inefáveis? A literatura? Com certeza não. O cinema? Não. Mesmo que nos emocionemos com a beleza de uma cena, um filme em sua totalidade que esteja sendo falado em russo, por exemplo, será incompreensível para quem não conhece esse idioma. Mas e a música? Não tenho dúvida que sim! Podemos ouvir uma canção em latim que ela terá sempre o poder de ser inteligível para os nossos sentidos e consequentemente nos emocionar.

Qual a razão de toda essa baboseira? Para quê essas indagações filosóficas? A resposta tem cinco letras: OASIS.

O mais aclamado álbum da antiga banda dos irmãos Gallagher completa esse mês exatos 20 anos de idade. Trata-se logicamente do (What´s the Story) Morning Glory? lançado em 2 de outubro de 1995. Obviamente que só poderia ter sido lançado em outubro, pois é o mês em que o autor dessas linhas nasceu. Mas deixando de lado as brincadeiras, pode-se gostar ou não do álbum ou mesmo da banda, porém, não se pode negar o impacto que ele teve (e ainda tem) no meio musical.

A musicalidade do Oasis sempre se caracterizou por ser para cima, alegre, com um muralha de guitarras enlouquecidas que exalava um misto de rebeldia, prepotência e muita confiança. E o Morning Glory? é tudo isso. A faixa Hello dá o pontapé inicial e com a já citada muralha de guitarras nos convida a dançar, a pular e termina com Noel Gallagher nos backing vocals afirmando que era bom estar de volta. Depois é a vez do rock de arena Roll With It que nas apresentações ao vivo da banda fazia com que os estádios tremessem de êxtase, com uma letra que transborda um amor juvenil: “Nunca fique de lado/ Nunca se anule/ Você quer ser quem você seria/ Se você vier comigo”.

Em seguida temos a famosíssima Wonderwall, música que Noel compôs em homenagem à sua então esposa Meg Mattews. Trata-se da primeira balada do álbum. Uma canção simples, mas que nos emociona por tal simplicidade. Aliás, essa talvez seja a maior virtude de Noel como compositor. Suas canções são simples, mas capazes de tocar profundamente os nossos corações.

Chegamos então à primeira música cantada por Noel, a também famosa Don’t Look Back in Anger. O piano que surge na introdução se assemelha muito ao da canção Imagine de John Lennon – provavelmente a influência suprema da banda de Manchester. Don’t Look Back in Anger é mais uma canção pra frente do disco, com um solo de guitarra tecnicamente simples, mas certeiro. O grande trunfo da música, no entanto, é a sua poderosa melodia que desemboca num refrão fantástico – em especial nas apresentações ao vivo, quando Noel deixava para a plateia cantar.

Qualquer fã do Oasis que se prese não consegue assistir vídeos como esse sem lamentar o fim da banda. Mas o próprio Noel diz que não devemos olhar para trás com rancor.

Para finalizar (e não deixar o texto muito longo) falemos ainda de mais duas canções emblemáticas do disco.

A primeira é Morning Glory que começa com um som de uma hélice de helicóptero que vai aumentando de intensidade, com as guitarras ficando cada vez mais altas, até chegar ao refrão onde o irmão mais novo de Noel, Liam Gallagher, indaga: “What’s the story morning glory?” Well… naqueles tempos era ouvir Oasis.

Chegamos enfim na cereja do bolo, Champagne Supernova! Como eu amo essa música… Lembro-me que ela tocava de forma incessante na MTV entre os anos de 1996 e 1997, mas como eu não curtia música estrangeira na época, achava um saco. Por um acaso da vida resolvi um dia assistir ao videoclipe. Não preciso nem dizer que simplesmente enlouqueci com a música, com a postura de Liam Gallagher – aliás, devo confessar que em um momento de minha vida eu queria ter nascido Liam.

Era algo novo, que me hipnotizou com toda aquela sonoridade meio viajondona. As guitarras de Noel e o clipe sem pé nem cabeça me fizeram começar a amar o Oasis. E olhe que eu não entendia nada de inglês, mas quem se importa com isso? Trata-se de música, de rock’n’roll e, para o bem ou para o mal, trata-se da maior banda dos anos 90.

E tenho dito! E repetido!

Por Hidemi Miyamoto

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