The Zombies – Still Got That Hunger [2015]

MI0003929174The Zombies lança “Still Got That Hunger” segundo álbum da banda no século XXI.

Embora seja um álbum da The Zombies, “Still Got That Hunger” não tem seu DNA constituído apenas pela sonoridade desta banda. A separação no final dos anos 60 deu origem a outra banda, Argent, criada por Rod Argent, tecladista, vocalista, principal compositor e membro fundador da The Zombies. Desta forma não se assustem caso não consigam identificar a sonoridade dos Zombies em todo o “Still Got That Hunger”. Na verdade há uma presença mais forte do som da Argent do que dos Zombies. Devido essa característica do álbum sugiro que ouçam algo da banda formada por Rod Argent para seguir sua carreira fora dos Zombies. 

Enquanto o álbum de 2011 “Breathe Out, Breathe In” foi cautelosamente anunciado como um álbum de “The Zombies – featuring Colin Blunstone & Rod Argent,” quatro anos depois, esta nova versão do grupo tem confiança suficiente para simplesmente chamarem-se The Zombies. É verdade que a presença de Jim Rodford,  que ao término dos Zombies, empunhou o baixo também na Argent, reforça ainda mais a ideia da balança sonora pender pro lado da banda pós-Zombies. Tudo bem que Rod Argent exerce influência determinante nas decisões de criação da banda, mas o importante aqui é o resgate da identidade da banda, do uso do nome The Zombies sem asteriscos indicando serem os Zombies, massss em tais condições, como ocorrera em 2011. 

“Still Got That Hanger” abre com a pegada bluseira de “Moving On” onde as guitarras se apresentam intercalando-se em cortes precisos, introduzindo passagens rasgadas abordando a cadência do teclado de modo agressivo. O resultado é um contraste interessante entre agressividade e tranquilidade. 

A música seguinte, “Chasing the Past”, está muito mais próxima do que a maioria dos fãs dos Zombies esperam de um novo trabalho da banda. A construção dos dedilhados ao piano de Rod Argent é cuidadosa e imaginativa, enquanto o vocal de Collin Blunstone revive o espírito da obra-prima dos Zombies “Odessey & Oracle”, lançada originalmente em 1968. Por falar em “Odessey & Oracle”, comparem a arte da capa de “Odessey” com “Still Got That Hanger”, a arte do último é claramente inspirada na arte do primeiro.

A voz de Collin Blunstone está em boa forma nessas sessões, entrosando-se perfeitamente com o virtuosismo do teclado de Robb Argent. Clara amostra de ainda estarem perfeitamente em sintonia uns com os outros.  Por isso mesmo eles podem evocar sombras de seus dias de glória em canções como “Beyond the Borderline” e “Little One”. Mas a nova versão de “I Want You Back Again”, embora não produza nenhum descontentamento mais grave, soa um pouco pálida se compararmos com a versão original de 1965.

“New York” é um lembrete de que o sentimentalismo nunca esteve entre os pontos fortes dos Zombies. Sem dúvida a música é monótona, além de construir um clima de propaganda de venda de apartamentos em condomínios de luxo tipo Alphaville. Apesar desta derrapada sem vergonha, os toques jazzísticos de “And We Were Young Againg”  e o rock´n roll de “Maybe Tomorrow” mostram que os  Zombies são capazes de criar um som próprio, forte e envolvente. As três faixas finais são baladas cujas melodias flertam bastante com o pop pasteurizado, mas acabam sendo salvas pelos arpejos e improvisos do teclado de Robb Argent. São elas: “Now I Know I’ll Never Get Over You”, “Little On” e “Beyond The Borderline”.

A versão do século XXI dos Zombies vem em contornos de uma banda com um som diferente daquele dos tempos em que eram símbolo cult do rock dos anos 60. O melhor de tudo é ver que Rod Argent e Colin Blunstone ainda tem o talento que colocaram seus nomes  entre os grandes da história do rock. 

Nota: logo3_notalogo3_notalogo3_notalogo3_nota_meiologo3_nota_pb

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