Playlist Oganpazan – Novo Rock Nacional Vol. 1

carmenRecentemente um amigo de Portugal que trabalha numa emissora de rádio de lá me pediu para lhe enviar uma lista de bandas brasileiras da atual cena independente.

Resolvi então fazer uma playlist com alguns desses nomes, tentando representar dentro dela um pouco da nossa enorme diversidade de boas bandas e artistas de rock na ativa hoje em dia. Não que eu não soubesse o tamanho da responsabilidade dessa tarefa. Só aqui no site (no pouco tempo que estamos no ar) já falamos de inúmeras bandas e artistas que apesar da alta qualidade dos seus trabalhos ainda são pouco conhecidos, mesmo entre um público que alega gostar do bom e velho rock’n roll.

Bom, em meio a esse universo gigantesco optei pelo método mais simples na hora de organizar a playlist: o meu gosto. Também procurei encarar o desfio com certa nostalgia, lembrando da época em que fazia coletâneas em fitas K7. E se você já assistiu Alta Fidelidade sabe que fazer essas coletâneas é uma forma de arte. rsrsrs

A primeira coisa é abrir a lista com algo bombástico! Algo que capture de imediato a atenção do ouvinte. Para isso escolhi a faixa Travação da banda pernambucana Quarto Astral. Se você gosta de rock vai ser bem difícil ficar indiferente a esse petardo que traz a atmosfera dos anos áureos do rock’n roll. Já a faixa seguinte tem que preservar a energia lá no alto, para manter a galera em sintonia. Escolha de preferencia algo pulsante e elementar como Aqui Vou Eu do The Baggios, por exemplo. A essa altura você já deve ter conquistado o interesse do ouvinte, que vai estar curioso pelo que vem pela frente.

É hora então de oferecer uma vibe diferente – tomando o cuidado de não deixar a peteca cair. No caso da nossa playlist fui de Cirqué de Julia dos baianos do Van Der Vous. A música é mais calma, porém, bastante envolvente, o que permitirá a quem está escutando um tempo para respirar um pouco. A próxima faixa é um bom momento para começar a recarregar as baterias, e Surdo Mudo do Rafael Castro serve bem a esse propósito. Sua levada de guitarra cria uma certa tensão, como se algo tivesse pronto para arrebentar. Aproveitei esse sentimento para fazê-la ser seguida por uma pedrada daquelas, talvez a música mais pesada dessa coletânea: Strong As a Rat do Motor City Madness!

E já que estamos nos domínios do hard rock emendei logo uma banda de Espírito Santo que me deixou impressionado a primeira vez que ouvi. The Muddy Brothers é um power trio que parece uma mistura entre Led Zeppelin e Black Sabbath! Woman For My Track mantém o peso, mas com uma proposta diferente da sua antecessora, cuja influência maior parece vir do Mötorhead. Completando a pancada no ouvido é a vez Far From Alaska mostrar o porquê da banda ter chamado tanta atenção com o seu disco de estreia. A música que elegi para ser a representante da banda potiguar em nossa modesta lista foi Dino Vs Dino; stoner rock de primeiríssima pra hater nenhum botar defeito!  

Depois desses exemplares de peso achei que era o momento certo para surpreender! O paulista Leo Cavalcanti chega com a ótima Inversão do Mal, mostrando que não só de guitarras pesadas vive a nossa cena de rock. Seu som pop/viajandão, cheio de exoterismos, dá mais uma prova da diversidade dessa cena, além de dar uma arejada no clima da nossa playlist. Para não deixarmos esse feeling zen se dissipar tão cedo, damos continuidade com Le Bateau d’Orpheu do Bombay Groovy. Som instrumental insano, com uso impressionante da cítara que vai fazer sua mente viajar por paisagens oníricas sem necessidade de aditivos. Na sequência temos ainda a trip xamanística do Supercordas com Colunas; ou seja, é pra fritar de vez!

Mas é chegada a hora de descansar um pouco o terceiro olho e apostar novamente no básico. Os sergipanos do Plástico Lunar se encarregam disso trazendo aquele rockão competente que vai te fazer levantar da cadeira e balançar o esqueleto com Todo Pecado do Mundo. Na mesma linha temos também a explosiva Codinome Dinamite do Garotas Suecas e a dançante Choque Pesadelo de China com seu sax endiabrado.

A sequência final da playlist começa com uma grata surpresa recém aparecida na cena, a banda Primos Distantes com a divertida e despretensiosa Cão. Já o folk despojado Come Sing With Us dos paulistas do Mustache e Os Apaches introduz aquele clima meio fim de festa que é completado pela surpreendente banda goiana Carne Doce. O vocal de Salma Jô em Idéia (sim, com acento) é desconcertante de tão bom!

E, claro, para fechar com chave de outro e deixar o ouvinte com vontade de escutar o Vol. 2 (ou de escutar novamente essa playlist) terminamos com ninguém menos que o Boogarins. Lucifernandis encerra nossa jornada em grande estilo deixando claro que o rock brazuca não está pra brincadeira.

Ainda que muita coisa boa tenha ficado de fora, meu amigo português certamente vai ficar surpreso com a variedade e a qualidade das bandas do lado de cá do atlântico. Aproveito essa oportunidade para convidá-lo a compor uma coletânea similar apenas com bandas da Terrinha. Então tá lançado o desafio! E que venham os lusitanos!

P.S.: Jonnatan Doll e Os Garotos Solventes era para estar nessa lista, mas por algum motivo a banda tirou todas as sua músicas do Soundcloud, uma pena, quem sabe no Vol. 2…

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