Pivetes Vagabundos: A Nova Cara Do Rap Baiano

Pivetes Vagabundos, mesmo alguns já mais velhos, mas conservando a essência do que de melhor existe na vagabundagem: bala e fogo no sistema!

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Tá ficando difícil, na real sempre foi difícil, acompanhar a quantidade de produções pesadas que pipocam a cada dia em SalCity. Mas de cá nós resistimos, segurando nas bordas pra não derrapar nas curvas. Pois são propostas diversas que tem surgido dentro da cena do Rap Ba. E como sempre a ideia é integrar, para estarmos em sintonia com a mesma ideia que percorre todos esses singles. 

Protestos rimáticos, auto-afirmação e busca por uma auto-estima roubada, contestação a todo custo, gangueiragem, são traços comuns nesses 6 singles que selecionamos, pegue a visão:

 

Literalmente fazendo um gol, nos últimos minutos do jogo, Vultos, primeiro single que tive o prazer de escutar da dupla Tipo-A, só me chegou enquanto editava a matéria.  A dupla é formada pelos mc’s LRCK e pelo homônimo: Tipo-A, o grupo vem do celeiro de talentos que é Cajazeiras. Investindo em letras diretas e capazes de desvendar a face mais cruel em que vive as nossas periferias, o grupo soltou esse pesado single. 

Descrevendo os quase-humanos entregues a uma vida feita de degradação e auto destruição, se fazendo vultos, abrindo mão da saúde mental e física, Vultos chega para protestar contra esse estado de coisas. É mais um grupo que brota em Salcity na disposição para lutar contra as patifarias que invadem as nossas favelas. Vale a pena ficar ligado nos próximos trampos desses manos, que inclusive já soltaram uma faixa nova, Abismo.

 

O Invasão 71, é mais uma dupla de sonhadores que buscam através da música elevar a voz dos guetos em busca de paz, justiça e liberdade. Neste caso, o gueto é a Massaranduba, um enorme celeiro de artistas do nosso rap BA, e a luta aqui é fortalecida por outra dupla de sonhadores, os manos do Nois Por Nois (Elton Moutinho e Jhomp). 

E pelo que ouvimos aqui, e vocês também ouvirão – seu single de estreia chega muito pesado, honrando a tradição da CBX, onde quem menos anda, voa. A percepção de um bairro minado pela divisão fabricada, que coloca o tráfico em guerra constate contra a policia e as milicias. Assassinatos constates que levam os moradores a viverem num verdadeiro “showroom da crueldade“. Fabricam corpos em contagem constante de um lado e dos outros, mas também fabricam farois da favela. E esse é o tema e a postura do Invasão 71, produzir verdadeiras visões da realidade. Pega a visão, disgraça!

 

 Baga Lamafia chamou um dos meninos bons do Contenção 33, High, para nos entregar em faixa pesadona, no bom e velho ritmo gangstar. O mano segue trampando nessa linha, descrevendo o cotidiano hostil das favelas, onde a capacidade de traduzir a violência constante em poesia é resistência em prol da vida. Mas uma música do Rap baiano a citar o maninho que nunca será esquecido: Davi Fiúza. Uma das vitimas do constante genocídio da juventude negra, que vem sendo imortalizado, letra a letra, nos rap’s de contestação que por aqui surgem.

Recentemente Baga Lamafia divulgou um teaser do seu próximo trabalho, um vídeo clipe que pelo que pudemos ver, vai chegar quente. Pega aqui e fica esperto com os próximos lançamentos.

 

 

Acreditamos não estarmos enganados ao dizermos que o Estilo Solto vem aos poucos consolidando um estilo muito singular em suas produções. Já tínhamos escrito uma resenha sobre o ep deles, falando um pouco desse estilo que cruzava sonoridades chapadas e cantos-rimas mais chapados ainda. Felipe Ghuri é o produtor dessa doideira, que vai lhe fazer ver bicho também pai, Big Smokeman, Drão e Guris, é a trica de ouro rimando sobre vitória e resistência de vagabundo consciente.

Música rap, pra fazer os pretos todos virarem marginais alados, com as asas da poesia e da música, que evita o derramamento de mais sangue negro. Se você quer ouvir algo novo, chapado e viciante, pega.

 

O que fazer quando se juntam Baco, Diego 157, Galf A.C. e Jhomp para rimar? Esperar a tradução do clássico Rat Pack em forma de rap. Apenas e sobretudo liricas loucas e violentas, de 4 pretos muito perigosos, mandando poesia e consciência como rajadas de lirica e beats. Se por algum acaso do destino você aterrizou no planeta Terra agora e não sabe, Baco é a outra metade suja do D.D.H., Galf A.C. (U-Gangue e Fraternidade Maus Elementos). Diego 157, eminência negra em diversas das melhores produções e comandante mor da F.M.E., enquanto Jhomp é um dos linhas de frente do Nois Por Nois, junto com Elton Moutinho.

Esse encontro valia era um ep, um disco ou vários outros singles, quer dizer, tá valendo ainda. “Vocês ouviram isso?” “Cês aí de caô caô, aqui é rap de Salvador, Porra!” E não digo mais nada.

E pra fechar com chave de ouro essa seleta mais um combo explosivo, N’Ativa com part. 16 Beats e CTC 33 (Torre). Papo retão cortando cabeça de mc cabaço, querendo tomar tudo naquela sede de vitória pesada e sem clichês, que é a real cara do gueto. Produção de maloca pra maloca, sem maquiagem, tirando da lama diamantes feitos de sangue, suor e trabalho. Muito bonito ver os meninos trampando a vera, finais de semana correndo a city pra levar palavras e beats. Internados no NaCalada Records, e produzindo a alquimia da favela, que nessa faixa chega com um trap marginalzão. Vivendo arte proque os pivete é vagabundo, PORRA!

De resto senhoras e senhores, escutem e sigam os manos de perto, porque a produção não para!

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