Música e Guerra em Mad Max: Estrada da Fúria

Música e Guerra em Mad Max: Estrada da Fúria
Música e Guerra em Mad Max: Estrada da Fúria

Mad Max: Estrada da Fúria reproduz de forma bastante convincente seu mundo apocalíptico. A sensação de estarmos diante da realidade durante a exibição do filme só é abalada quando no início da perseguição à imperatriz Furiosa surge uma espécie de trio elétrico. Com direito a pirotecnia e todos os balangandans que embalam o carnaval baiano.

Realmente o aparecimento do trio elétrico comandado pelo guitarrista mutante ganha destaque por introduzir um elemento por demais extravagante até para os padrões do mundo decadente de Mad Max. Por essas e por outras, espectadores começaram a ver o trio elétrico como um erro grosseiro do filme.

Na minha frente dois sujeitos comentavam o aparecimento do trio e um deles fez o seguinte comentário: “Os caras tendo que racionar combustível o tempo todo, você acha mesmo que iriam gastar gasolina para manter um trio elétrico funcionando, sendo que poderiam usá-la para abastecer um carro de guerra? O diretor viajou demais!”

O diretor pode até ter viajado, mas o rapaz viajou ainda mais longe. Tão importante quanto ter muitos soldados, equipamentos de última geração, muitas armas e boas estratégias de combate é ter uma boa banda que possa tocar músicas para inflamar os soldados e estabelecer a comunicação entre comandantes e comandados. Os tambores e os riffs de heavy metal garantem a dinâmica da armada de Immortal Joe, mas não só isso, garante também o terror no coração dos perseguidos.

A música fala ao corpo, produz efeitos sobre ele. Pode deixá-lo relaxado, propenso ao descanso ou pode introjetar-lhe uma dose de adrenalina que o coloque em frenesi que no campo de batalha o leva à entrega total ao combate. Esse é o papel da música no campo de batalha. Preparar corpo e espírito para lutar, para morrer, para triunfar!

Mad_Max_drum_truck

George Miller quis dar esse enfoque no papel da música na dinâmica da guerra! Outra sacada genial foi criar uma organicidade entre a música produzida pelos tambores e guitarra dentro da ação e a música exterior ouvida apenas pelo espectador, a trilha sonora do filme. Há momentos em que a única música ouvida é a emitida pelo “trio elétrico”.  Nesse instante a sensação do espectador é de fazer parte dos acontecimentos reproduzidos na tela. Isso fica mais claro e a sensação mais forte na cena após a tempestade de areia.

Enquanto a cena do confronto entre Max e Furiosa se desenrola, ao fundo a música do “trio elétrico” vai aumentando aos poucos. Neste instante a sensação da aproximação do exército de Immortal Joe aparece e nos deixa tensos. Quando Max finalmente controla Furiosa o som da música de guerra está mais alta e nítida. É quando Furiosa avisa “Você tem cinco minutos até que nos alcancem.” 

Immortal Joe entende esse efeito da música tanto sobre seus comandados quanto sobre seus inimigos. Por isso conjuga tambores e guitarra em seu “trio elétrico” afim de deixar os War Boys ainda mais frenéticos e dispostos a adentrar os portais de Valhalla. Cá entre nós, tem som melhor pra jogar a galera numa perseguição alucinada e numa luta sem limites do que o metal? Não tem! Metal faz brotar cenas de batalha, com sangue, sexo e muita adrenalina na sua mente.

Não dá pra considerar exagerado o “trio elétrico” no filme se levarmos em consideração a importância da música na guerra. E outra, no cenário desse futuro distópico do Mad Max, em que a galera curte se vestir com couro, calçar coturno e corrente, nos moldes do Rob Halford do Judas Priest, nada mais adequado que um sujeito vestido de couro da cabeça aos pés acorrentado num caminhão lotado de caixas de som tocando riffs de metal para estimular os soldados na caçada à Furiosa.

Teve até um maluco que sincronizou a partitura do guitarrista mutante com cenas do filme. Dá só uma olhada clicando aqui. É cada maluco que aparece…

Confira também a trilha sonora oficial completa: 

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