Larinu, Lelin, Niggahboy & Belas Artes II (Revela-Ações do Rap Nacional)

Larinu, Lelin, Niggahboy & Belas Artes II(Planeta Máfia, Joãozim NT$, Biggie N e Flip R1) três eps com novas vozes de norte a sul na cena rap

 4 EpsSeparamos dessa vez alguns ep’s lançados em diferentes regiões do país, com ritmos e propostas diferentes, mas cheios de qualidades. Artistas que ainda não são muito conhecidos do público do rap em escala nacional, mas que com certeza valem o play. Nordeste, Sudeste e Sul, são trabalhos curtinhos, mas que deixam claro um momento rico da nossa música. Momento que exige cada vez mais pesquisa e seleção pra encontrarmos aquele estilo que mais curtimos e ao mesmo tempo, pra estarmos atentos com as inovações.

A cultura do single a todo custo tem poluído bastante a percepção do público do rap, vivemos um período em que os lançamentos aparecem de minuto em minuto. Num país de tamanho continental como o nosso, essa prática gera muito mais ruído do que comunicação. Os ep’s, que hoje tem aparecido em tamanhos diversos, querendo ou não, fixam uma obra que demanda uma escuta mais atenta. E para nós que somos de uma geração acostumada a discos, é um alivio maior, na mesma medida em que nos chama mais a atenção.    

Embarque nesse universo, Larinu, preparou-nos um pequena amostra dele, comprimindo-o em apenas 7:43 de duração. Uma introdução, meio e fim, 3 faixas nesse ep lançado pela Carranca Records em maio desse ano. Larissa Nunes, consegue nesse tempo que pareceria exíguo, nos demonstrar com muita força, seu talento musical e o seu compromisso social. Do R&B ao Trap ela passeia por essas galáxias com uma desenvoltura absurda e ao mesmo tempo organizando essas sonoridades com a harmonia das esferas.

Não se deixe enfeitiçar pela doçura dessa cantora/mc, pois as criticas estão presentes e potentes, seja na afirmação de uma política-afetiva em “Refúgio“, ou mesmo na afirmação de um pleno feminino negro em “Sagrada”. O disquinho contou com a produção finíssima e coesa dos produtores: Garbela, Dé no Beat e Eleiel, nessa ordem e a gravação, mix e master na Mud@ Lodo Studio. Aguardamos os próximos passos desse verdadeiro novo talento da nossa música.

Até onde o pensamento quando bem orientado é capaz de nos levar? Parece ser essa a questão colocada por Lelin em seu ep Extensão do Pensamento (2017). Composto de três faixas, o disquinho é um excelente exemplo daquilo que falávamos sobre obra. Um single, quando bem feito é uma explosão e um chamamento de atenção para algo ou alguém. Aqui, saímos desse registro para entrar verdadeiramente no aspecto da comunicação, pois existe um conceito interessante que costura essas três músicas. Capaz de romper o imediatismo midiático em favor do deleite estético e da reflexão coerente.

Se é verdade que no principio era o verbo, Lelin nos propõem estendermos os nossos pensamentos, de forma metódica e bem orientada ás coisas belas da vida, aos valores que afirmam a vida. Com o corpo preenchido de fé e cultura hip hop, o mano nos ilumina ideias com o seu candeeiro conceitual de forma que sejamos capazes de alcançar caminhos mais floridos. Apesar de sabermos que esse otimismo não corresponde a realidade, entendemos esse esforço. E preferimos pensa-lo como algo capaz de, se tentado com afinco, ser capaz de nos curar ou de pelo menos nos proteger melhor diante de tantas mazelas cotidianas.

Reunindo o mel do melhor, diretamente de Volta Rendonda – RJ, Lelin reuniu um time de peso nesse seu ep. Gravado no estúdio Quarto da Vó Penga, com produção dos manos da Beat Bass High Tech, as três faixas brilham em qualidade de mixagem e masterização que ficaram a cargo de Jorge Luis Almeida. Contando ainda com o auxilio luxuoso do flughelhorn de Guto Souza e da cantora Lumara Sol, o disco alia muito bem o orgânico e o eletrônico em sua composição.

Floripa tem uma geração muito talentosa de produtores e mc’s fabricando rap em alto nível, e Makalister foi o ponta de lança que nos levaram a buscar os outros manos de lá. Esse ep que trazemos é do mano Niggahboy que produziu um trampo muito sólido e de quebra nos apresenta outros desses manos da bela Florianópolis. Nautilus (2017) foi lançado em janeiro e traz 6 faixas com participações de Biggs 048 e GOOSS. Esses dois manos lançaram também trampos muito consistentes esse ano. Se como esse que vos escreve, você também é curioso e busca novos ares é só clicar aqui e aqui.

O fato é que com Nautilus o mano Niggahboy chegou num trampo muito bacana, singrando os mares do rap como o grande Nemo. Abordando diversos temas em suas letras e com uma sonoridade muito bem caprichada pelo GOOSS que é o produtor do disco, é uma bela amostra do que tem sido produzido por lá. Dessa parceria muito bem encaixada, destacamos a última faixa homônima do disco.

Nautilus é um boombap com um sampler do grande Arthur Verocai, uma linda demonstração da perfeita adequação entre forma e conteúdo. Com Niggahboy rimando sobre sua força de vontade e potência pra vencer o jogo enquanto as maravilhas instrumentais e o coro de mulheres aclamam no fundo. Escutem pela manhã ao acordar e antes de sair pro trampo!

Faz um tempinho o mano Fernando Baggi patrão responsável pela excelente produtora  Du.Solto Films, me deu uma dica preciosa, sobre uma turminha nervosa lá de Jaboatão dos Guararapes – PE. E esse que vos escreve não aguenta ouvir relatos empolgados sobre música, só restando-lhe correr atrás e foi assim que o Baggi subiu muito em nosso conceito rs.

Trouxemos essa amostra grátis para que os leitores do Oganpazan, comecem a se ambientar com o trampo dessa galera pesada. Belas Artes II traz alguns manos que tem trampado nuns Trap pesadões e cheios de originalidade. Temos aqui nesse pequeno ep 4 faixas com Planeta Máfia feat. Ducap, Joãozim NT$, Biggie N e Flip R1, que trazem em suas músicas uma visão poética marginal muito forte, sem cair em clichês. As produções ficam por conta do comparsa que deu o laudo Primórdio, AFACE e 44. 

Não vou dichavar os conteúdos e as formas musicais aqui, porque estamos preparando uma matéria exclusiva com essa imensa e talentosa gangue nordestina. O que podemos lhes dizer e a audição dessa parada vai lhe confirmar, é que: “vão ter que pagar pra JG inside!” 

 

 

 

 

 

 

 

 

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