Kung Fury e o espírito dos anos 80

A década de 80 definitivamente está na moda. Quem viveu aquela época sabe que além de muita coisa boa que foi produzida, existia também muito material de gosto duvidoso circulando. Mas isso só começou a ficar mais ou menos claro na década seguinte, quando esse tipo de produção passou a ser ridicularizada.

Os anos 80 começaram a ganhar um status cult no início desse século, quando aquilo que (há pouco tempo) era considerado de mal gosto, de repente passou a ser encarado de maneira mais positiva. Os motivos desse fenômeno ainda me escapam, mas isso é assunto pra outro momento. 

Faço esse preâmbulo para falar de Kung Fury, o curta de trinta minutos do sueco David Sandberg (ele também atua no papel principal) que virou um fenômeno na internet reunindo tudo que existia de mais kitsch e aloprado na cultura pop daqueles anos, numa sátira divertidíssima e totalmente fora da casinha.

O filme foi financiado coletivamente nesses sites de crowdfounding e contou com uma boa campanha de marketing que o ajudou a bombar, virando um clássico instantâneo e talvez o maior representante dessa onda de revival oitentista. Se ainda não viu dá uma conferida abaixo antes de falarmos da trilha sonora.

Um dos grandes méritos dessa homenagem é que somado a todo arsenal imagético cheio de referências, existe uma clara consciência dos realizadores do papel fundamental da música para trazer de volta o espírito de um determinado período.

Acompanhando o hype do curta foram lançados também a trilha sonora (em formato de LP!) e um ótimo vídeo clipe que trás David Hasselhoff – astro dos icônicos seriados Super Máquina e S.O.S. Malibu – cantando True Suvivor, música composta por Jörgen Elofsson e Mitch Murder especialmente para o filme.

Aliás, o Mich Murder (nome artístico do músico sueco Johan Bengtsson) assina quase todas as canções do disco. O cara já vinha há alguns anos produzindo músicas focadas na estética oitentista, com seus sintetizadores, teclados e baterias eletrônicas, e acabou chamando a atenção do diretor que o convidou para fazer a música do trailer de Kung Fury. A partir daí foi um ano e meio trabalhando nas faixas do filme. A parada ficou tão bem feita que é difícil de acreditar que as músicas não foram criadas na década de 80.

Outras bandas também participam da trilha sonora, todas elas compartilhando da mesma admiração pela sonoridade daquele período. Os que mais aparecem são os suecos do Lost Years que contribuíram com três canções, mas os norte americanos do Betamaxx e os israelenses do Highway Superstar também deixaram a sua marca. Estes últimos apresentam um smooth jazz brega à la Kenny G que resume bem o clima do curta.

De quebra ainda tem um metal farofa totalmente excelente feito para a Barbarianna (uma das personagens do filme) creditado a Christoffer Ling. Para hackear o tempo e viajar direto para os anos 80 é só dar play e curtir a trip

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